Destiny Choices

JULGAMENTOS

LAUREN

Recebia pontadas de dor distribuídas por todo o corpo.

O latejamento lancinante em minha cabeça davam impressão de que a mesma iria explodir a qualquer momento.

Meus olhos não conseguiam captar com precisão a luz do dia e meu corpo estava completamente gelado em contato com o piso frio abaixo de mim. Minhas costas doíam devido à superfície dura do chão no qual eu estava deitada.

Abri meus olhos, tentando me sentar com muita dificuldade assim que vi aquelas figuras em pé a minha frente, me observando, mas não consegui o fazer sozinha. As mãos de Veronica, que contornou meu corpo para me ajudar, se apoiaram em meus ombros, por trás, me empurrando para cima. A mulher, que tinha Keana parada em pé ao seu lado, me olhava curiosa, buscando entender o motivo no qual eu havia adormecido no chão.

Avaliei minhas próprias roupas, tentando me recordar em qual momento eu havia as trocado ou se alguém havia feito isso por mim em meio minha inconsciência. Passei as mãos pelos cabelos e as desci pelo rosto, esfregando os olhos.

As lembranças da noite passadas haviam sido apagadas de minha mente completamente. Tudo, depois de certo ponto, não passava de um apagão, de um blackout total. Minha última memória, que me veio em apenas flashbacks incompletos e simples borrões, era sobre ver Camila triste e ao mesmo tempo furiosa comigo, ambas de nós aos prantos, pronunciando palavras com tanta exasperação, estas que não me vinham à memória com exatidão, antes de a ver saindo com Taylor e indo embora da festa. Depois disso, só me lembro de pequenos fragmentos de mim mesma sentada em uma mesa bebendo, sozinha.

Não sabia nem mesmo como havia chegado em casa.

Observei os rostos das duas mulheres à minha frente, tentando entender o que estavam fazendo juntas ali. Minha feição de dúvida foi transformada rapidamente em confusão quando vi Keana sendo abraçada pela cintura por Veronica.

Tentei me levantar do chão e me colocar em pé com um impulso falho, sendo sustentada pelas mãos de Vero novamente, que foi rápida o suficiente para não me permitir cair.

- A gente não...? Nós três juntas...? – Meu indicador apontava freneticamente de uma para outra, visivelmente perturbada com a hipótese, quase em um gaguejo.

- Bem que queríamos meu amor, mas você nos recusou. – Recebi minha resposta como se fosse algo anormal para elas eu recusar um convite daqueles.

Suspirei aliviada, vagando meu olhar de um lado para o outro, buscando algum lugar onde eu pudesse me apoiar. Dei alguns passos tropegamente em direção ao sofá, me sentando quase em câmera lenta, ao ritmo que meu corpo me permitia devido as dores.

Algumas lembranças me tomaram torrencialmente já que meu estado de meia consciência agora me deixavam pensar com muito mais clareza do que na noite passada e carregar a memória nítida de ver Camila chorando depois de eu beijar outras mulheres em sua frente em uma vingança infantil, antes de lhe dar oportunidade de fala, me causava repulsa de minhas próprias atitudes, me apertando o peito em um nó impossível de ser desfeito, mesmo que eu só tenha sentido o impacto de minhas ações depois de ter cumprido meu plano impiedoso.

É óbvio que eu ainda estava brava e chateada com Camila por tudo o que aconteceu, mas talvez meus próprios erros tenham feito de mim uma pessoa mais flexível e capaz de me abrir a um diálogo necessário, posicionamento no qual meu orgulho ferido não me permitia ter diante de um erro apenas dela.

Meu próprio erro me tornou um pouco mais humana.

Meu desejo era que ela também tivesse consciência de que nós duas erramos em certo ponto, desde que nos conhecemos, e que merecemos uma conversa de pessoas adultas depois de tanta infantilidade e incompreensão, mesmo carregando um grande receio de não ser perdoada.