Mina naquele dia me levou para escola, queria ver quem era a tal da Tzuyu, tentei de todas as formas protestar, pois não queria arrumar mais problemas, mas quando ela colocava alguma coisa na cabeça, não tinha santo que a fizesse tirar.
- Sana! - a voz de Jihyo preencheu os meus ouvidos e eu pude sorrir ao sentir o seu perfume perto de nós.
- Mina, essa é a Jihyo - por algum motivo eu tinha medo de falar mais alto, pareceria que Tzuyu iria me escutar e aparecer. Aquilo me aterrorizava - Jihyo, essa é a minha irmã Mina.
- É um prazer conhecê-la, Mina.
- Igualmente.
- Eu posso ir agora? Você pode perguntar a Momo, ela sabe muito bem quem é a Tzuyu.
- Tudo bem, boa aula.
Então Jihyo passou o seu braço envolta do meu e juntas caminhamos até o prédio. Ela me falava que a professora de história passaria um possível trabalho em dupla, e estava torcendo para que nós duas formássemos a dupla. Doce ilusão minha e dela.
- Bom dia a todos. Antes de iniciarmos a matéria irei passar um simples trabalho para vocês, será em dupla, nada na qual vocês já não estudaram - quando ela falou aquilo eu tive a certeza que a minha cara foi de tédio, não havia estudado o mesmo que eles, e por estar na metade do ano já quase no final, ficaria difícil acompanhar o ritmo - Vamos a junção das duplas.
Ouvi atentamente e qual foi a minha surpresa em ver que seria por ordem alfabética, meu corpo inteiro gelou após eu constatar que... M, N, O, P, Q, R, S, T...
Eu faria dupla com...
- Sana e Tzuyu - fechei os olhos no mesmo minuto, queria enfiar a cabeça em um buraco, um profundo buraco na qual eu só saísse depois de morta.
- Pois bem - a voz de Tzuyu se fez presente enquanto os outros alunos se organizavam falando sobre o tal trabalho - Não sei o que passou pela cabeça dessa professora por me deixar com um fardo igual a você. Não me jogue a desculpa que por ser cega não irá fazer nada-
- Em nenhum momento eu falei isso - rebati - Eu sei muito bem como fazer, e pode ficar tranquila, eu não serei um fardo pra você.
- Ótimo, cada uma faz a sua parte e no final juntamos tudo.
- Já aviso, Tzuyu, essa história de cada uma fazer a sua parte não rola comigo - a professora falou, sua voz estava perto então provavelmente ela deveria ter escutado - Tenho certeza que você e Sana irão fazer um ótimo trabalho juntas. Sana depois eu lhe entrego os matérias adequados para esse trabalho, não se preocupe.
Eu assenti, sentia o meu corpo tenso por conta da respiração audível de Tzuyu, eu também não havia gostado da ideia de fazer um trabalho com alguém que dês do primeiro momento que pisei nessa escola, não me deixava em paz, não deixava eu respirar. Mas o que eu podia fazer? Eu não era ninguém ali e nunca seria.
- Que se foda. Vamos fazer isso logo, me espere no estacionamento depois da aula.
- Como posso confiar em você?
- Escuta aqui, ceguinha, já que é a única coisa que você pode fazer - ela riu ironicamente - Eu não vou repetir de ano de novo, e se pra isso eu tiver que fazer a porra de um trabalho com a menina mais tapada desse colégio, eu irei fazer.
Após ela se calar eu abaixei a cabeça a encostando na mesa e querendo silenciosamente chorar, mas seria mais um motivo de chacota e eu não queria isso.
- Se você quiser, eu posso pedir para a professora trocar a dupla - Jihyo sussurrou acariciando as minhas costas, eu neguei falando que estava tudo bem. Eu iria lidar com aquilo, eu tinha que lidar com aquilo.
Acho que nunca passou tão rápido o horário de aulas, menti para Momo falando que iria estudar com Jihyo depois das aulas e que a mesma me levaria para a casa depois, torci muito para que ela acreditasse, era o que mais queria. Acho que meio relutante ela aceitou e depois que se foi, com a ajuda de Jihyo, caminhei até o estacionamento, meu corpo estava arrepiado de medo, será que Tzuyu faria outra brincadeira de mal gosto comigo?
- Merda... - ouvi Jihyo murmurar - Sana, a Tzuyu usa coisas... que não faz bem para a saúde, promete pra mim que se ela te oferecer algo, qualquer coisa, até uma mísera água, você não vai aceitar?
- Mas porque-
- Promete?
- Acho que sim, prometo.
- Anda, ceguinha, eu não tenho o dia inteiro!
Eu caminhei até aonde o som da sua voz se fez presente, torcia internamente para que ela não percebesse o meu estado trêmulo. Ouvi a porta do carro ser aberta e ela segurar o meu braço o que logo me fez dar um salto pelo o susto. Ela suspirou impaciente e por algum motivo temi pela a minha vida.
- Vai me dizer que consegue entrar em um carro sozinha? Ainda mais um carro que você não conhece, anda logo - eu não sai do lugar, parecia um tipo de paralisia, eu estava com medo - Da pra você se... mexer, garota? Não me faça ter que te pegar no colo! - mais uma vez nada fiz - Certo, você que pediu.
Senti seu braço na parte traseira das minhas coxas, juntamente ao outro que dava apoio às minas costas, com um cuidado extremo senti o conforto do banco se fazer presente junto a um forte cheiro de maconha, que me fez fazer uma careta na mesma hora. Depois de colocar o meu cinto, Tzuyu fechou a porta do carro o que por segundos me fez ficar relaxada, mas logo voltava ao meu estado atual quando senti o seu perfume ao meu lado.
O caminho inteiro foi silencioso, e eu agradeci por aquilo, acho que não demorou nem vinte minutos para que o carro parece mais uma vez. A porta foi aberta porém eu saí sozinha, não queria mais ser "carregada" por ela.
- Vejo que a cega sabe sair de um carro - ela riu, um nó em minha garganta foi formado, mas desapareceu assim que Tzuyu segurou a minha mão, parecia que ela era bipolar - Vamos logo, quanto mais cedo terminarmos, mais cedo eu me livro de você.
Ela me guiou e do nada o ambiente ficou frio, ou era o meu medo dando-me um novo aviso. Tzuyu parou me fazendo parar também e sem nenhum aviso ela me ergueu em seus braços novamente, o susto foi grande que me fez passar meus braços pelo o seu pescoço tendo a respiração falha pelo o ato.
- Por-
- Escadas, ceguinha.
Eu estava odiando tudo naquele momento, ainda mais ter que precisar da ajuda daquela garota, só queria que acabasse logo.

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Labirinto (Satzu)
FanfictionTudo poderia ser escuro para a pequena Sana, até que a sua luz surge de um simples trabalho de escola, com a pessoa mais complicada, mas que apenas precisava ser moldada e amada juntamente.