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- Espera, você não pode entrar ainda.

- Porque?

- As irmãs dela estão lá, você não tem uma boa fama com elas, por tudo o que já fez com a Sana - eu suspirei olhando para o teto e arqueando uma sobrancelha para a Jihyo, ela sabia o que eu queria, e também sabia que eu não descansaria até conseguir - Eu vou levá-las para a cafeteria e nesse meio tempo vocês podem conversar, mas que seja rápido.

Assenti pegando uma bala de hortelã do meu bolso, caminhando até um corredor, me escorei na parede vendo as irmãs de Sana sairem junto a Jihyo, a menina me olhou por cima do ombro e eu entendi que aquilo era um pequeno sinal para que eu entrasse. Sana estava sentada, parecia distante naquele momento o que me deu mais oportunidade para olhá-la em silêncio.

- Hey... - me sentei na sua frente vendo um pequeno sorriso nascer em seu rosto, por algum motivo eu me senti extremante feliz, como se eu fosse uma pessoa importante para ela, queria acreditar que aquele sorriso havia sido arrancado apenas por mim, e por nenhum outro motivo fora daquilo - Como você está?

- Meu braço está coçando por conta do gesso, mas estou bem.

- Poderia ter mais cuidado, poderia ter machucado muito mais que apenas o seu braço.

- Geralmente Mina ou Momo me ajudam com isso... mas eu quis tentar sozinha, porém deveria ter lembrado que ainda não me acostumei com a casa nova...

- O importante é que está bem agora - acariciei sua bochecha quando ela assentiu não deixando o sorriso de lado, porém ele sumiu, assim de uma hora para a outra, seu cenho franziu e ela ergueu a cabeça, parecia que algo estava a incomodando.

- Você estava fumando antes de vir pra cá?

- C-como sabe disso? - era impossível sentir o cheiro, eu havia passado perfume no carro para disfarçar qualquer resquício e ainda estava com duas balas de hortelã em minha boca, como ela... como ela sabia daquilo.

- Eu te fiz uma pergunta, Tzuyu. Estava fumando andes de vir pra cá?

- Estava, mas isso não é da sua conta - murmurei - Aliás, porque se importa tanto com isso?

- Não me importo com 'isso' me importo com a sua saúde.

- Pelo amor, me poupe de todo o diálogo 'contra as drogas', isso não funciona comigo.

- Porque você tem que usar essas porcarias, Tzuyu? Elas fazem mal para você.

- A minha vida pessoal não te diz a respeito, Sana. Que merda, já cansei de ouvir todo mundo falar isso!

- Talvez essas pessoas se importam com você, e não querem te ver afundar em um caminho tão-

- De verdade? - eu a interrompi - Que se foda, a vida é minha e eu faço o que bem entender com ela, ceguinha.

Acabei despejando tudo o que eu não queria em cima de Sana, que fechou os olhos tentando segurar as lágrimas que viriam a descer, mas não conseguindo pois no segundo seguinte vi duas delas descerem por ambos olhos deixando rastros os quais foram acusados por mim. Eu tentei me aproximar, mas seria em vão, não teria motivos.

- Acho melhor você ir, Tzuyu, as suas drogas são bem mais importantes agora, e merecem a sua atenção. Eu sou apenas uma ceguinha não é mesmo?

Ela falou apertando o punho enquanto seus olhos castanhos adotavam uma tonalidade de pura raiva. Eu fechei a porta do quarto encostando a testa ali e querendo me esmurrar por aquilo. Voltei para a minha casa, avisando a Jeongyeon que não estava mais para o clima, nenhuma festa agora era bem-vinda por mim, apenas tirei a minha jaqueta me jogando na enorme cama, esperando que o macio dos edredons me confortasse ou me levasse para algum lugar bom naquele momento.

Sana não estava na sala naquela segunda, o que fez, eu me sentir ainda mais culpada por aquilo, passei as aulas dormindo, ou com os fones de ouvidos no último, encarava o seu lugar vazio e na mesma hora meus olhos fitavam o chão, era um sentimento diferente, como se eu tivesse imersa em um mundo desconhecido. E eu não sabia se era bom, se era ruim, eu simplesmente não sabia.

- Porque a Sana não veio hoje?

- Você é uma idiota mesmo, Tzuyu - Jihyo murmurou - Quando entrei no quarto, ela estava chorando e mais uma vez a culpa era sua! Qual é o seu problema? Escuta você é bipolar? Porque se você for, já está na hora de começar um tratamento, não é nada legal o que você faz com a Sana! Se for para tratá-la assim, não dirija mais a palavra a ela, tenho certeza que ela ficará melhor sem os seus ataques de raiva.

- Merda, eu não quis... - travei a mandíbula, não tinha como me defender naquele momento - Porque ela não veio hoje?

- Eu disse a ela que não falaria mais nada pra você, não te ajudaria mais em questão a ela.

- Jihyo, eu estou sem paciência, se você não me falar agora eu juro que pulo o muro da escola e vou até a casa dela tirar satisfações direitamente com ela!

- Você não seria capaz.

Eu olhei bem fundo nos olho delas, pegando a minha mochila e dando um soco forte e barulhento em seu armário. Caminhei até a parte de trás da escola ouvindo de longe o sinal bater e quando isso aconteceu eu pulei o muro que não era tão alto assim - não para mim. Caminhei até a casa de Sana me abaixando entre os arbustos quando vi sua irmã mais velha saindo distraída no telefone. Andei envolta da casa encontrando uma janela aberta, não estava me importando se aquilo era crime, não estava invadindo para roubar nada, apenas para falar com Sana.

A janela deu para um quarto completamente simples mas que não deixava de ser confortável, e qual foi a minha surpresa em ver a mochila de Sana em cima de uma cadeira bem ali no canto do quarto. Fiquei intacta quando a menina entrou ali tocando as coisas enquanto sua bengala não a deixava esbarrar em nada. Fui caminhando para trás sendo burra o suficiente para esbarrar em algo que estava em sua escrivaninha.

- Quem está aí? - ela perguntou claramente assustada, eu ainda estava sem reação, apenas por vê-la em minha frente, como se ela tivesse algum controle sobre mim.

- Sana...

- Tzuyu? O que faz aqui? Como conseguiu entrar?

Eu caminhei até ficar bem perto tanto do seu corpo quanto do seu rosto. Minhas mãos seguraram firmemente seus ombros, subindo devagar até as suas bochechas aonde minhas palmas descansaram, minha testa grudou com a sua, seus olhos fecharam e automaticamente eu sorri.

Acho que as coisas começariam a mudar naquele momento.

...

Labirinto (Satzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora