- Tem certeza disso?
- Claro que tenho, a professora dará uma nota mais alta se fizermos escrito, todos os alunos vão apenas colar qualquer resposta e vão imprimir.
- Eu pensei que faríamos isso também.
- Pensou errado, precisamos de folhas sulfite e a nossa inteligência.
- Ok, Sana, a parte da inteligência você já está exigindo muito de mim, mas eu posso colaborar na parte da folha sulfite.
Eu acabei rindo sobre aquele comentário de Tzuyu, tirando o material adequado que a professora me dera para assim podermos fazer o trabalho.
- Posso fazer a capa?
- Contanto que não coloque nenhuma piada de mal gosto... - murmurei.
- Não irei, será a capa mais linda de todas.
Passamos um longo tempo ali, Tzuyu parecia mais "amigável" naquele momento, naquele breve momento eu não senti medo dela, pude ouvir a sua risada diversas vezes a um comentário super nada haver, mas que não deixava de ser hilário, ela me pareceu paciente enquanto eu ditava a resposta que encontrara para alguma pergunta, e ela cogitava possíveis soluções, sempre me perguntando antes se poderia ou não colocar aquilo como resposta, foi novo aquilo.
- Faltam... dez perguntas. Puta que pariu, dez perguntas!? Ah não, minha cabeça vai explodir de tanto pensar e a minha mão vai cair de tanto escrever!
- Deixe de drama. Se você quiser podemos fazer uma pausa. Pode me informar que horas são?
- São... cinco e vinte e três.
- Ah droga... eu preciso ir. Jihyo ainda está está me esperando na frente da escola para irmos embora juntas-
- Eu posso te levar, se você quiser.
- Meio que... eu menti pra minha irmã dizendo que estaria com Jihyo, elas... não gostam de você.
Tzuyu ficou calada por um tempo então eu tomei a iniciativa de guardar as minhas coisas, qual foi a minha surpresa na qual ela começara a me ajudar com tal coisa, pela movimentação cogitei que ela estivesse arrumando as coisas do trabalho, eu esperava que fosse aquilo mesmo.
- Eu te deixo na escola então e amanhã depois da aula podemos terminar, está bom pra você?
Eu assenti sentindo a sua mão na minha mais uma vez, fui guiada até uma parte, a mesma parte na qual fui pegada no colo, e não foi diferente naquele momento, Tzuyu me pegou no colo devagar desceu os possíveis degraus e mais uma vez me guiou até o carro.
- Pensei que não voltaria mais!
- Me desculpa, Jihyo.
- Estou brincando não se preocupe.
- Obrigada, Tzuyu.
- Não me agradeça, estava louca pra me livrar de você, ceguinha.
Após ouvir aquilo não tive um sentimento de tristeza mas sim... de confusão, ela estava me tratando relativamente bem.... e do nada voltou a me tratar como se eu fosse um fardo... o que eu estava querendo? Eu era um fardo.
- Sana, na casa dela, ela te tratou bem?
- Pode me... me levar pra casa por favor?
Após passar o endereço a Jihyo me mantive calada o resto do percurso, as vezes apertava o braço da garota, que parava e perguntava se eu estava bem, eu não sabia responder aquela pergunta, eu não queria responder aquela pergunta.
"Tzuyu"
Ao bater à porta do quarto, em cima da minha cama, estava o casaco de lã que Sana usava, delicado e de uma coloração que combinava com o nosso uniforme. Eu o peguei, fiquei o encarando por não sei quanto tempo, mas acho que foi por bastante tempo. O dobrei e o guardei em meu closet, pegando do meu bolso o pequeno pacote de cocaína que Nayeon me dera mais cedo.
Enquanto enfileirava o pó em cima da minha escrivaninha, observei o nosso trabalho de história, acho que foi a primeira vez que me empenhei de verdade para começar a fazer algo, e pela primeira vez também, me senti idiota por ter tratado ela daquela forma.
- Que se foda - sussurrei pra mim mesma, inalando rapidamente aquele pó tão maravilhosamente satisfatório para mim, limpei o meu nariz me jogando na cama em seguida.
Como sempre, tudo ficava escuro, tudo sempre foi escuro, como se os únicos lápis de cor que existe na minha vida fossem o preto e o cinza, nada de cor, nada de novo, nada de feliz habitava mais em mim, como se mais nada valesse a pena, como se ninguém mais importasse, e de fato ninguém mais importava.
Torcia logo para que o final de semana chegasse, já sentia que a festa na qual Jeongyeon estava organizando seria a melhor do ano, era o nosso último ano, não via a hora de me ver livre daquela escola e de todos que habitavam aquele lugar, com excessão das minhas irmãs obviamente.
Ao chegar na sala naquela manhã, me sentei ao lado de Sana, já que a minha carteira de localizava ali, não trocamos uma palavra até a hora do intervalo, acabei por segurar o seu braço, e o pedido de desculpa estava entalado em minha garganta, mas eu sabia que ele não sairia, nunca saiu em dezoito anos, e não seria agora que sairia.
- Não demore, caso ao contrário irei tacar fogo no nosso trabalho - murmurei perto do seu ouvido pegando a minha bolsa e esbarrando de propósito no ombro de Jihyo.
- Chou Tzuyu, na minha sala agora.
Mais uma vez fui chamada pelo o senhor Park, era costume pra mim, e eu nem me importava mais com as suas "advertências verbais" até imaginava o que se tratava daquela vez.
- Os alunos vem reclamando muito ultimamente por um forte cheiro de maconha nos banheiros e no vestiário, tem algo a me dizer sobre isso?
- Hum... só abrir as janelas? - respondi ironicamente - E o que eu tenho haver com isso?
- Talvez pelo o fato de já te pegarem fumando essas porcarias aqui na minha escola? Por Deus, Tzuyu! Você é uma menina tão inteligente, tão capaz de várias coisas, e é sério que está indo por esse caminho?
- O caminho a qual eu trilho não é da sua conta, a única coisa na qual você deveria se preocupar aqui é sobre a minha educação, e olha só que ironia, senhor Park, nunca tivemos uma aula sobre os motivos os quais não devemos usar drogas, ou tivemos? - o velho pareceu pensar, sabia que eu estava certa, então apenas anotou qualquer merda em meu registro e me mandou sair.
De longe observava Sana junto a Jihyo e mais algumas pessoas, o motivo pelo o qual eu suspirava era desconhecido por mim, e no fundo eu não tinha interesse de saber ao certo.
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Labirinto (Satzu)
FanfictionTudo poderia ser escuro para a pequena Sana, até que a sua luz surge de um simples trabalho de escola, com a pessoa mais complicada, mas que apenas precisava ser moldada e amada juntamente.