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Depois de fazer os exames gerais naquele domingo, eu e Mina fomos encaminhadas até a ginecologista que me aguardava, aquilo para mim era meio normal dês que tive a minha primeira menstruação, as minhas irmãs sempre me levaram para consultas e aquela só seria mais uma.

Mina me ajudou a sentar e então a mulher começou a falar sobre coisas banais até que ela tocou em um certo assunto, que eu soube que a partir daquele momento tudo iria por água a baixo.

- Então pelo o que consta aqui no exame, Sana, você já teve relações sexuais. Você se protegeu da forma correta? Usou camisinha?

- Como? - a voz de Mina me fez tremer dos pés a cabeça, eu estava perdida - Sana, que história é essa?

- E-eu... eu posso explicar, Mina... mas não aqui. E não se preocupe doutora, foi tudo como deveria ser... eu acho.

Passei o resto da consulta calada, e foi assim até eu chegar em casa. A porta atrás de mim foi fechada com uma força excessiva, junto ao grito de Mina chamando Momo juntamente, nunca ouvi um grito realmente bravo de Mina, e pelo o jeito aquele seria o primeiro de muitos.

- Comece a se explicar agora, Sana!

- Meu Deus, o que aconteceu? Porque está vermelha, Mina?

- Você sabia, Momo? Sabia que Sana não é mais virgem?

- O que?! Claro que não! Como assim, Sana!? Eu sabia, sabia que você e Jihyo tinham algo, vocês são muito grudadas.

- Já era pra mim ter desconfiado disso antes? Pelo amor de Deus, Sana! Não poderia esperar? Jihyo te colocou pressão pra fazer isso?

- Não foi com a Jihyo! - respondi por fim, em um grito nervoso e apavorado - Eu e Jihyo não temos nada! Ela é apenas a minha amiga!

- Então com quem foi, Sana? - eu tinha medo de responder, tinha a certeza que elas não reagiriam da melhor forma, bom não naquele momento - Quem foi, Sana?

- Tzuyu... foi com a Tzuyu...

"Tzuyu"

- O que você tem, Tzuyu? Três dias que não nos procura!

- Eu estava... eu estou tentando organizar a minha vida, isso inclui o meu vício com drogas. Acho que... vou procurar uma reabilitação.

- Ok, quem é você? E o que fez com a nossa Tzuyu!?

- Eu conheci uma pessoa... eu estou completamente apaixonada por essa pessoa, e quero ser uma pessoa melhor por ela.

Nayeon e Jeongyeon me encararam como se eu tivesse declaro que dominaria o mundo, ficaram perplexa e até eu mesma fiquei com as minhas palavras, mas era a verdade, apenas a verdade. Quando fiquei sozinha em meu quarto, peguei aquele casaco que ela havia esquecido na primeira vez que veio em minha casa, fiquei sorrindo o encarando e lembrando da noite que tivemos, não sabia definir tudo em uma palavra, acho que não existia palavras apenas... apenas a queria para mim.

Meu sorriso morreu naquela manhã assim que vi a sua carteira vazia, ela não estava ali, mas ainda era muito cedo então ela poderia chegar a qualquer momento. Mas não foi o que aconteceu, ela não apareceu na escola naquela segunda, poderia não ligar, mas a saudade que eu estava sentindo e a necessidade de vê-la era bem maior do que qualquer coisa.

- Sana te disse alguma coisa? Sobre não vir a escola hoje?

- Acredite, Tzuyu, estou tão surpresa quanto você, ela não é de faltar, e Momo também não veio a escola hoje.

- Será que aconteceu alguma coisa...? - perguntei a Jihyo mordendo o meu lábio inferior.

- Podemos perguntar a ela caso venha amanhã.

- Amanhã?! Irá demorar demais e eu preciso vê-la... preciso falar com ela.

- Está gostando da Sana, não está?

- Sh! - tapei a sua boca quando ela falou aquilo, pois alguns alunos estavam passando por nós no corredor e por algum motivo não queria que eles escutassem.

- Você continua sendo a mesma idiota, Tzuyu. Gosta, mas não assume por causa da deficiência dela, estou errada?

- Sim, está!

- Estou? Certo, então porque não me assumiu quando namorávamos no nono ano? Ah! Porque ninguém iria aceitar a popular com a baleia, certo? Você não me assumiu pois sentia vergonha de mim, e do meu peso, continuo errada, Tzuyu?

- As coisas eram diferente naquela época, Jihyo. Muito diferente.

- Podemos perceber que você nunca evoluiu, não machuque a minha amiga, não quero que ela sinta a dor que eu senti me relacionando com você.

Ainda fiquei ali durante um tempo, mandando tudo a merda e caminhando até o muro dos fundos da escola. Fiz o percurso até a casa de Sana praticamente correndo dando a volta pelo o seu jardim e entrando na mesma janela que havia entrado naquele dia. Ela estava ali... tão... estranha. Estava encolhida na cama abraçando a um travesseiro enquanto chorava, eu conseguia ouvir os seus soluços.

-Anjo...?

- Tzuyu? - ela sussurrou assustada assim que eu toquei o seu ombro - Você tem que parar de ficar invadindo a minha casa.

- O que aconteceu? Porque não foi a aula hoje? Porque está chorando?

Ela negou voltando a derrubar algumas lágrimas, as quais eu não tinha ideia do porque. A abracei fortemente assim que me sentei ao seu lado, e ali ficamos. Minhas mãos acariciavam seus fios enquanto ela apertava a minha cintura entre os seus braços, só queria que ela falasse o que estava acontecendo, eu estava em pura agonia.

- Por favor, me conte o que está acontecendo, Sana...

- Minhas irmãs... descobriram... eu tive que contar a ela sobre nós duas, Tzuyu... elas não querem que eu chegue perto de você...

- Que?! Não, não, calma! Tem que ter outra solução!

- Mina foi pedir a minha transferência... para outra escola.

- Não, anjo... não por favor não... tem que ter outra forma, precisamos achar outro jeito...

- Tzuyu... - ela me chamou com a voz tão falha e embargada que eu quase não escutei - Não há outra forma... não há outro jeito...

- A culpa é minha... a culpa é inteiramente minha! Se eu não tivesse mexido com você no começo, elas não me odiariam e poderíamos ficar juntas! Merda, eu não quero... não quero ficar longe de você, anjo...

- E você acha que eu quero?

- Nós iremos dar um jeito, certo? Apenas confie em mim, e na Jihyo também - ela riu, e o meu dia se iluminou ainda mais quando vi o seu pequeno sorriso, me permitindo selar nossos lábios da forma mais suave possível - Confia em mim?

- Confio...

Tudo seria difícil a partir daquele momento, mas no fundo, prometi a mim mesma que não a soltaria nunca mais, não importasse o que viria, ela seria minha, apenas minha.

...

Labirinto (Satzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora