"Sana"
- Eu não usei nada, Sana.
- Então porque está tão agitada? Está mentindo pra mim?
- Claro que não!
- Está tremendo, Tzuyu.
Continuei com a minha feição calma, sem querer piorar a situação, eu sabia da verdade, eu sentia a verdade, e me magoava intensamente saber que ela estava mentindo. Ela se levantou mordendo os lábios, seus olhos claramente incertos me faziam ter certeza de apenas uma coisa.
Ela havia usado drogas.
- Porque está mentindo pra mim?
- Anjo...
- Sem isso, Tzuyu. Dói saber que você está mentindo pra mim!
- Eu não iria te contar porque foi a última vez, anjo, foi a última vez que eu-
- Me poupe disso... - falei me levantando e calçando os meus tênis - Me leve pra casa por favor.
- Sana, você não precisa ir! Foi a última vez-
- TODOS OS VICIADOS FALAM ISSO, TZUYU!
O silêncio se instalou depois daquela frase, ela me parecia culpada, e não era pra menos. Peguei a minha mochila e sai pelo o corredor ouvindo passos logo atrás de mim, ela tentou segurar o meu braço mas eu desviei. Momo parecia se divertir ali então apenas passei por ela não a chamando para voltar pra casa.
- Aonde vai, Sana?
- Pra casa, Momo, não tem problema se quiser ficar. Mas não é confortável ficar em lugares aonde pessoas mentem pra você - murmurei olhando para Tzuyu mas logo depois entrando no carro. Momo apenas voltou para pegar a sua mochila e quando dei por mim estávamos voltando para casa.
Tzuyu tentava me explicar, mas eu a ignorava, ela tentava tocar a minha perna, mas eu apenas a olhava com muita raiva nos olhos, mostrando-a que eu não queria.
- Me procure quando estiver limpa e quando tiver a certeza que não terá qualquer recaída - por fim retirei o anel que ela havia me dado colocando em sua mão. Os olhos de Tzuyu se encheram de lágrimas quando eu sai, mas eu não voltaria atrás.
Não ouvi o som do seu carro, ela ainda estava ali, eu não me importava. Porém quando Momo abriu a porta o seu semblante ficou assustado, ela ficou branca, sua boca balbuciou algumas palavras mas eu não entendi o que era.
- M-Mina... - ela falou apenas isso me deixando aflita, a empurrei para o lado também querendo ver o que estava acontecendo.
Mina estava caída no chão.
Eu corri até ela enquanto Momo tentava ligar para ambulância, ela estava fria, muito fria. Eu olhei para trás ao escutar uma baixa risada, meu coração acelerando ao ver um homem, que eu não sabia quem era.
- P-pai...? - olhei para Momo assim que ela derrubou o celular no chão ao encarar aquele homem.
Pai?
- Uau, Momo, você cresceu! Está mais linda do que eu imaginava... - eu comecei a chorar ao tentar escutar o coração de Mina, não ouvia nada, ela estava tão fria que me deixava com frio - A pequena criança... não chore, sua irmã está em lugar melhor agora.
- O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?
- Eu? Eu não fiz nada... ela mentiu pra vocês, ela estava em uma fase terminal e não contou a vocês, uma hora ou outra, ela morreria.
- Quem é você? - eu perguntei perdendo o ar de tanto que chorava, abracei Mina querendo que ela revidasse, mas ela não se mexia.
- Eu sou o pai da Mina e da Momo - então... ele era o meu pai também - Não se engane, Sana, eu não sou o seu pai, Mina e Momo não são as suas irmãs. Você não é dessa família.
- Para... - Momo chorou dando passos à frente - Sana é nossa irmã sim!
- A irmã que a mãe de vocês encontrou no lixo e trouxe para a nossa casa! Em nenhum momento eu concordei sobre isso! Sobre ela!
- Mina... por favor acorda... - eu fechei os meus olhos tentando digerir tudo, eu não era... daquele família?
- Se ela estava no lixo, que permanecesse lá! Morresse lá! Mas não, a mãe de vocês sempre querendo fazer o bem. Sana nunca foi a minha filha! Sana nunca foi a irmã da Mina! Sana nunca foi a sua irmã, Momo! E você sabe disso!
Olhei para a porta e Tzuyu estava ali, parecia ter chegado agora e escutado a última parte. Ela correu até mim, tentando encontrar o pulso de Mina mas após chegar a um resultado, ela apenas me puxou para um abraço enquanto retirava o seu celular do bolso. Eu abracei a sua cintura chorando altamente, eu não podia ficar sem a Mina, ela não poderia ter me deixado aqui, ela não poderia.
- Anda, Momo, arrume as suas coisas. Você vai embora comigo.
- Não, você não vai encostar um dedo nelas - Tzuyu falou após solicitar a ambulância.
- E quem você acha que é? Você não passa de uma drogada. Suas amigas compram drogas comigo e eu já vi você muitas vezes junto a elas.
- Eu sou capaz de muitas coisas, você não vai triscar um dedo nelas.
- Mina... - eu continuei chamando-a, ela estava sem vida, ali com a cabeça deitada em meu colo - Por favor...
- Momo, vem aqui - Tzuyu encarou nós duas, minha irmã parecia segurar seu choro, tentando ser forte na minha frente, o que me fazia chorar mais ainda - Eu quero que vocês duas arrumem uma mochila com algumas roupas e me esperem no carro. Quando a ambulância chegar iremos ao hospital reconhecer o corpo de Mina, me entenderam?
- E ele? - Momo apontou para o cara que estava de costas fumando alguma coisa.
- Eu tenho um plano. Apenas façam o que eu estou pedindo.
Eu simplesmente não conseguia sair do lugar, e quando consegui foi porque Tzuyu me puxou para cima. Vi como câmera lenta os paramédicos checando os batimentos de Mina, mas por fim colocando um lençol branco pelo o corpo dela. Tzuyu me abraçou fortemente quando eu tentei correr até Mina, quando eu gritei pelo o seu nome, fechei os meus punhos dando pequenos socos em Tzuyu para que ela me soltasse, queria ir com Mina, queria ficar com ela. Até que eu cansei, e apenas deixei que os braços fortes de Tzuyu me apertassem contra ela.
Momo e eu fomos na ambulância, deixando Tzuyu com aquele cara, eu não sou estava conseguindo respirar, e estava duvidando que conseguiria nas próximas horas.
...

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Labirinto (Satzu)
FanfictionTudo poderia ser escuro para a pequena Sana, até que a sua luz surge de um simples trabalho de escola, com a pessoa mais complicada, mas que apenas precisava ser moldada e amada juntamente.