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"Tzuyu"

- Ficou lindo, anjo - falei ainda acariciando a sua mão observando o anel discreto que estava em seu dedo, aproveitava para sentir o cheiro do seu shampoo já que a sua cabeça estava deitada em meu ombro, os outros alunos olhava para nós surpresos, outros cochichavam, já outros apenas ignoravam ou sorria para nós. Porém eu havia me esquecido de duas pessoas em si.

- Fico feliz pelo o namoro de vocês - Nayeon falou arqueando uma sobrancelha enquanto Jeongyeon me encarava com uma expressão séria.

- Obrigada, Nayeon - respondi não dando tanta trela, talvez elas fossem embora se eu as ignorassem, de alguma forma eu afastaria o meu vício, que agora começava a resultar em meu corpo pela falta de heroína e maconha que a tanto eu não usava.

- Você se importaria se roubássemos ela um pouquinho, Sana? É algo rápido.

Então eu senti Sana apertando a minha mão com força, tentando me deixar ali, tentando me mostrar que se eu fosse eu estragaria tudo, pois por ela, eu não usava a quase duas semanas, e para quem que usava dês dos quinze anos, duas semanas era muito tempo.

- Eu já volto, amor... prometo - olhei no fundo dos seus olhos castanhos mostrando a ela que eu falava a verdade, mas ela só sorriu quando deixei um longo beijo em seus lábios.

Caminhei em silêncio atrás de Jeongyeon e Nayeon que me conduziram até o banheiro trancando a porta do mesmo. Só pedia aos céus que Jeongyeon não estivesse com drogas, pois com a abstinência que eu estava seria capaz de ter uma overdose bem ali.

- Que porra é essa, Tzuyu? Namorando com a cega?!

- O nome dela é Sana, Jeongyeon.

- Que se foda. Você pode transar com quem você quiser, mas você não pode abandonar o barco, Tzuyu.

- Eu não irei fazer mais isso, eu tenho a Sana agora e ela não merece ter uma namorada drogada.

- Olha o que eu tenho aqui... - a minha perdição veio assim que Jeongyeon tirou do seu bolso cinco sacos pequenos contendo heroína dentro, junto a um saco maior e alguns papéis finos pra poder enrolar a maconha, a heroína parecia me chamar, parecia bem mais apetitosas, e muito sedutora - Vai dizer não a isso?

- Porra, Jeongyeon, eu estou tentando ser uma pessoa melhor agora! Eu tenho uma namorada agora!

- Ela não precisa saber, só mais essa rodada e te deixamos livres para seguir a sua vida, te deixamos livres das drogas, como uma despedida.

Olhei pra Nayeon que já tragava um pouco da maconha, sorrindo em minha direção como se me incentivasse a fazer aquilo.

Eu não era tão forte assim.

Os próximos quinze minutos foram Jeongyeon enfileirando o pó branco enquanto eu inalava tudo sem ao menos uma pausa, o sangue nas minhas veias queimavam, parecia a melhor heroína e a melhor maconha que eu já havia usado em toda a minha vida.

"Tzuyu, é a Mina, espero que consiga ler essa mensagem a tempo, não deixe Momo e Sana voltarem para casa hoje, por favor, elas não podem voltar para casa hoje"

Foi como se aquela mensagem me puxasse para a realidade, eu larguei o maço de maconha, lavei o meu rosto e coloquei várias balas de menta na minha boca antes de por fim encarar Jeongyeon e Nayeon, as duas em uma alta brisa que em mim ainda não havia chegado.

- Nunca mais me procurem. Essa foi a última vez.

Peguei a minha mochila caminhando afobadamente até o gramado, sorrindo ao longe em ver Sana com Jihyo e mais alguns amigos, meu sorriso foi retribuído assim que ela me viu se despedindo dos seus amigos e vindo por fim em minha direção.

- Você demorou.

- Me desculpe, estava resolvendo questões da minha vida que agora não será mais um problema. Cadê a sua irmã?

- Me esperando na frente da escola para irmos embora.

- Olha só, eu liguei para a Mina perguntando se vocês duas poderiam passar a noite lá, e ela deixou - resolvi omitir o fato, pois não sabia o que estava acontecendo, a mensagem me pareceu desesperada.

- Ok, só precisamos passar em casa para pregarmos-

- Há albums roupas suas na minha casa, e eu posso emprestar roupas para Momo sem problema algum. Vamos?

Ela assentiu ficando surpresa quando eu entrelacei as nossas mãos, caminhamos sem pressa nenhuma até a saída, depois de tentar explicar a "mentira" para Momo seguimos até a minha casa, Sana no carro as vezes me encarava desconfiada, e eu tinha medo dela saber o que eu havia feito no banheiro, mas seria impossível, eu havia passado mais perfume antes de encontrar ela, além das balas que eu estava na boca, não tinha como ela sentir o cheiro de qualquer droga.

Minhas irmãs reagiram da melhor forma assim que viram Sana e Momo ali, Dahyun observava Momo de uma forma diferente o que me fez rir, minha irmãzinha estava crescendo. Eu e Sana subimos para o meu quarto, percebendo já que ela estava mais quieta que o normal.

- Que foi, anjo?

- O que você foi fazer com Nayeon e Jeongyeon? - eu a olhei enquanto retirava a gravata do meu uniforme, tinha que pensar em uma resposta rápida.

- Elas me ofereceram drogas.

- E você aceitou?

- Não - respondi confiante mesmo sabendo da minha mentira, ela me encarava, mas a minha atenção era na calça do uniforme, os seus olhos as vezes me assustava - O que foi, Sana? Não acredita em mim?

- Não disse isso.

- Não disse, mas seus olhos falaram por você - ela abaixou os olhos no mesmo minuto - Eu não usei nada, amor.

Ela não precisava saber, era a última vez, seria como se nunca estivesse existido.

Me aproximei dela a ouvindo murmurar assim que mordi o seu pescoço a empurrando levemente par se deitar na cama, foi como uma nova vida tivesse ocupada a minha antiga, uma vida exclusivamente para ela, para ser vivida por ela. Ouvi a sua risada quando comecei a fazer cócegas em sua barriga de alguma forma, tentando aliviar a tensão que havia ficado no ar.

- Você é linda, Sana...

- Nem tanto - eu parei de beijar o seu pescoço no mesmo segundo, a encarando incrédula com aquela resposta.

- Você já se olhou no espelho?

- Sim...?

- Ok, acho que você ainda não está enxergando direito. Você é maravilhosa! Cada detalhe seu te torna maravilhosa, não só visualmente que eu digo.

- Fala isso pra me agradar.

- Porque eu falaria isso só pra te agradar, anjo?

- Porque você é a minha namorada, e namorados falam coisas que não é verdade só para agradarem os companheiros. Eu ouvi isso em filmes - ela cruzou os braços formando um doce bico em seus lábios quando eu gargalhei testemunhando a sua vaga inocência momentânea.

Segurei o seu rosto fazendo círculos em suas bochechas com o meu dedão, deixando que ela controlasse o nosso beijo carinhoso e sinceiro, gostava quando ela dava pequenos sorrisos em meio ao beijo, nossos olhos se conectavam quando eu mordia o seu lábio inferior e as suas mãos apertavam a minha nuca quando eu apertava a sua cintura, pronta para deitá-la em minha cama, Sana segurou os meus ombros, me impedindo de ir mais além, e por algum motivo soube que algo estava errado.

- Você... você usou drogas, Tzuyu...

- Ah de novo como isso, eu já falei que não, amor-

- Voltou mais perfumada, com hálito de hortelã e eu consigo sentir o cheiro... você usou drogas?

...

Labirinto (Satzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora