"Sana"
Acordei no meio daquela madrugada com a voz da minha irmã bem distante, de alguma forma eu não estava conseguindo dormir realmente, a lembrança do beijo que eu e Tzuyu trocamos era mais intensa do que qualquer outra coisa, e era tão patético, mas eu imaginava cada detalhe mesmo não sabendo se era o certo a tal imaginação.
Eu retirei a coberta de cima das minhas pernas, procurando a minha bengala para por fim caminhar até aonde Mina estava, porém parando no meio do caminho ao constatar que ela estava alterada no possível telefonema.
- Como assim você quer vê-la? Você quis vê-la depois do acidente? Você quis vê-la após a morte da mamãe? Você apenas fugiu com a sua amante deixando três crianças sozinhas no meio da rua! - eu fui me aproximando tentando raciocinar o que ela estava falando, eu ainda estava meio sonolenta talvez fosse coisa da minha cabeça - Ah não, não a chame assim, ela é longe de ser sua filha... cala a sua boca! Ela é minha irmã! Ela é mais minha irmã do que sua filha!
Acabei por derrubar a minha bengala em um momento de descuido, ficando silêncio por um tempo até que ouvi a cadeira ser arrastada e passos afobados vir em minha direção, porque ela estava tão nervosa assim?
- Sana... o que você ouviu?
- Nada... eu... eu só vim beber um copo de água. Acabei de chegar.
- Certo... venha sente-se aqui eu pego a água pra você.
Eu concordei deixando-me ser guiada por ela, esperei pacientemente até que ela me entregasse o copo d'água, suas mãos estavam frias e suadas, eu senti isso, juntamente a sua voz que estava falha e meio embargada. Ainda fiquei ali segurando a sua mão, mesmo não sabendo o que era, sentia que precisava estar ali com ela.
- Ok, vamos dormir agora, meu bem.
- Está tudo bem, Mina?
- Sim! Porque não estaria? Vem, vou te colocar na cama, irá receber bastante assinaturas amanhã nesse gesso?
- Quem dera - eu ri ao ouvir a sua pergunta.
- Com tanto que aquela Tzuyu não chegue perto de você, acho que terá bastante assinatura aqui!
Eu mordi o lábio ao ouvir aquilo, mas tentei disfarçar na mesma hora, ela continuou falando muitas coisas mas eu só conseguia pensar na atmosfera que aquele beijo transmitiu para mim, paz e carinho, o jeito que os seus braços me envolvia pela cintura me passava segurança, e eu havia amado aquilo.
- O que aconteceu ontem? O que a Tzuyu fez?
- Bom dia pra você também, Jihyo - eu ri - Como sabe da Tzuyu?
- Ela saiu como uma louca apenas pra poder te ver, espero que ela não tenha agido feito uma babaca.
- Ela me beijou...
- Oi? Espera, o que você disse? Juro que ouvi você falando que a Tzuyu te beijou!
- Ela me beijou, Jihyo. Me pediu desculpa e... ficou lá comigo.
- Sana, vocês transaram?
- Que?! Jihyo! Claro que não!
- Você já sabe a fama que a Tzuyu tem nessa escola, ela já transou com praticamente todo mundo daqui - eu assenti já imaginando aquilo, mas eu não podia deixar de sorri ao lembrar do tal beijo - Está sorrindo porque?
- Nada, vamos pra sala.
Assim que eu me sentei no meu lugar, ouvi a cadeira ser puxada ao meu lado e uma mão já conhecida segurar a minha levemente, meu sorriso permaneceu ali ao sentir o seu perfume.
- Está precisando de uma assinatura aqui.
- Pode assinar se você quiser, só não coloque nada na qual irá me constranger.
- Não confia em mim? - perguntou rindo enquanto segurava meu braço suavemente, eu não respondi aquilo, pra falar a verdade eu mal conseguia falar pois sentia a sua respiração perto do meu rosto, mas ela se afastou rapidamente assim que as vozes dos alunos preencheram a sala. Ela terminou o que fazia em meu gesso colocando meu braço em cima do meu colo mais uma vez - Prontinho.
Eu assenti pegando os meus matérias assim que a professora entrou na sala, as vezes sentia a mão de Tzuyu brincar com a minha por debaixo da mesa, e achava aquilo extremamente fofo, ela as entrelaçava ou apenas fazia um carinho ali, mas soltava assim que a professora se aproximava da nossa mesa.
- No intervalo você pode ficar aqui na sala? Acho que eu não entendi muito bem a conta de matemática.
- Você pode perguntar para a professora-
- Não, você explica mil vezes melhor que ela.
Eu dei de ombros concordando com aquilo, o sinal não demorou para tocar, a movimentação diminuiu e por fim a sala ficou silenciosa. Ouvi a porta ser fechada e uma cadeira ser arrastada ao longe, e então Tzuyu voltou segurando minha mão mais uma vez.
- Ok, em qual conta você está com-
Tzuyu me calou com a sua boca grudada na minha, uma ato inesperado por mim, mas que eu não poderia negar que era bom, sua língua não perdeu tempo em se mover dentro da minha boca, me puxando pela cintura quando a minha mão segurou o seu rosto. Ela se afastou um pouco encaixando seu rosto em meu pescoço aonde seus dentes se encontraram com a minha pele, suas mordidas estratégicas e chupões um pouco violentos me fazia suspirar por algum motivo que eu ainda não sabia.
O clima naquela sala estava diferente, eu estava me sentindo diferente, um frio na barriga que eu nunca havia sentindo antes juntamente a um formigamento entre as minhas pernas que necessitava de atenção. O que ela estava causando em mim? Não queira falar nada, não queria que ela parecesse de me fazer sentir aquilo, mas ela retirou a sua boca dali voltando a minha bochecha, aonde ela deu uma leve mordida seguida de um beijo calmo e carinhoso.
- Você está vermelha... - ela sussurrou - Ham... e o seu pescoço também...
- Terá que achar uma solução, não posso chegar em casa com o pescoço assim.
- A solução eu não terei, mas tenho a opção de marcar o resto - eu ri batendo fracamente no seu ombro o que a fez rir também.
Ficamos um tempo em silêncio até que Tzuyu acariciou o meu rosto levemente antes de deixar selinhos em meus lábios, se eu estava sorrindo como uma idiota? Sim, claro que estava, mas o que eu poderia fazer?
- Estava pensando, você já foi em alguma festa do pijama?
- Hum, não.
- Gostaria de ir em uma?
- Não sei - falei fechando os olhos ao deitar minha cabeça em seu peito deixando que os seus carinhos em minha cintura me levasse a algum lugar bom - Porque?
- Estava pensando em fazer uma, Jihyo pode ir se você quiser, assim terá uma desculpa para dar as suas irmãs.
- Acha que ela vai aceitar? Jihyo não gosta muito de você.
- Ninguém gosta de mim, anjo - ela riu ironicamente - Mas eu não me importo, eu consigo convencê-la a ir, se você quiser claro.
- Vou pensar ok?
- Pensa com carinho - ouvi um murmúrio perto do meu ouvido me fazendo rir ao sentir uma cócega confortável em minha nuca - É sério, anjo - ela voltou a me causar aquelas cócegas que agora me faziam gargalhar e me contorcer afim de me livrar dos seus braços, a sua risada me acompanhou e eu notei que Tzuyu não era uma má pessoa, e sim uma pessoa que precisava de ajuda.
E eu estava disposta a ajudá-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Labirinto (Satzu)
FanfictionTudo poderia ser escuro para a pequena Sana, até que a sua luz surge de um simples trabalho de escola, com a pessoa mais complicada, mas que apenas precisava ser moldada e amada juntamente.