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- É melhor... você ir embora...

- Eu não posso ir embora antes de fazer uma coisa - sussurrei tirando os fios castanhos que cobriam o seu rosto, meu dedão passeando pela a sua bochecha calmamente. Quando percebi que ela iria se afastar, a puxei pela cintura para que o seu corpo colasse no meu, sorri em ver o seu semblante, era uma mistura, muitas misturas de sentimentos, eu estava igual.

Inclinei a minha cabeça devagar apertando a sua cintura quando a sua boca se moldou junto a minha, eu não tinha nenhuma resistência contra ela, nenhum controle, ou ao menos nenhum sentido de pensamento ao seu lado, e pensar que já havia a feito chorar inúmeras vezes doía o meu coração como se estivesse levado um tiro.

Me afastei devagar apenas para observá-la, mas logo voltei a deixar vários selares em seus lábios envolvendo meus braços pela sua cintura e acariciando sua boca com a ponta da minha língua pedindo passagem para me aventurar ali, era o que eu mais necessitava naquele momento, qual foi a minha felicidade - e ansiedade - quando Sana começou a abrir a sua boca aos poucos. Um novo mundo se abriu na minha mente quando o primeiro contato de nossas línguas foi feito, o suspiro uníssono me fez arrepiar dos pés a cabeça, deixando-me inerte ao o paraíso que era ali. A única coisa que eu conseguia fazer naquele momento era puxar o seu corpo contra o meu enquanto deixávamos nossas línguas se entenderem entre elas, uma das mãos de Sana descansou em meu ombro conforme a sede daquele beijo aumentava, apenas o som me fazia queimar de uma forma que eu nunca havia sentido antes.

Meu pulmão já doía querendo ar, mas eu não conseguia me desgrudar de sua boca, por mais que eu precisasse eu não conseguia. Conforme eu retirava a minha língua aos poucos, meu corpo reagia de forma negativa perante aquilo, querendo apenas ela, precisando apenas dela. Meus olhos se abriram assim que o último selinho foi dado, ela mantinha seus olhos fechados, o tom avermelhado em sua bochecha nascia calmamente enquanto eu tocava o seu lábio levemente inchado.

- Me desculpa por sábado... eu não quis... não quis explodir com você daquele jeito, anjo... longe disso.

- Deveria lidar com as suas emoções, machuca as pessoas quando você se transforma em uma Tzuyu babaca...

- Eu sei... me desculpe por isso, por favor...

Ela suspirou acenando que sim com a cabeça, ela tocou o meu rosto franzindo o cenho ao sentir um pequeno rastro molhado ali, ela limpou a lágrima que descia por algum motivo que eu ainda não sabia qual era, ainda envergonhada, ela deixou um beijo calmo em minha bochecha.

- Você não deveria estar na escola agora?

- Hum... sim, mas acho que me desculpar era mais importante. Você está bem? Porque não foi a aula hoje?

- Mina achou melhor eu faltar hoje, por conta do meu braço.

- Seu quarto é bem legal - sorri observando o local.

- Seria se ao menos eu pudesse enxergar as decorações.

- Posso ser seus olhos. Hum vejamos, há uma parede com um quadro muito lindo de cachorros ao lado da porta, abaixo desse quadro há uma escrivaninha, que... eu acho que precisa de algumas coisas para preenchê-la, a sua cama me parece bem confortável e o seu guarda-roupa... hum... acho que ficaria legal se tivesse um desenho nele.

- Você literalmente descreveu o meu quarto?

- Não queria saber como era? Fiz isso pra você.

- Obrigada... - ela sorriu meio sem jeito, se sentando em sua cama enquanto eu apenas pensava em um desenho legal para a porta do seu guarda-roupa, mas desisti assim que Sana procurou a minha mão para que eu me sentasse junto a ela - Tzuyu, me diga o que te faz ter esses ataques de raiva. Mas pare assim que perceber que irá surtar. Claro, faça isso se sentir à vontade.

- Vai dar uma de psicóloga agora?

- Não, apenas quero te entender, é querer muito?

Mordi o lábio inferior, olhando para qualquer coisa na qual eu pudesse trocar de assunto, mas eu não me sentia desconfortável com ela, e sim... despreparada.

- Acho que... a falta de...

- Alguém para conversar? - olhei pra ela, mas logo abaixei meu olhar, talvez ela estivesse certa, ela estava certa.

- Sim... a falta de um amigo ou... de alguém que me entenda. Alguém que valorize as coisas pequenas que eu faço... me elogie por algo banal ou apenas... me aceite do jeito que eu sou... nesse momento só as drogas me dão essa satisfação.

- Eu te aceito do jeito que é, Tzuyu, mas as vezes eu fico confusa, pois não sei... não sei se está bem ou se vai me tratar como uma... estranha.

- Eu me odeio por isso, eu não deveria te tratar assim muito menos sair sem ao menos me desculpar, mas eu sinto um bloqueio... como se não fosse eu, não tivesse controle sobre mim mesma.

- Você precisa de um médico, Tzuyu... não falo isso porque te acho louca, falo isso porque quero te ajudar, quero te ver bem, quero saber que você está bem... não me odeio por isso.

- Não te odeio, anjo. Não tenho motivos para te odiar.

- Promete que irá procurar ajuda...?

Engoli seco, me aproximando dela deixando que as minhas mãos apertassem a sua cintura levemente, fiz uma trilha de beijos começando em seu pescoço até chegar no canto da sua boca, ela apertou o meu braço provavelmente querendo uma resposta.

- Prometo, anjo...

Depois daquela frase que claramente era mentira tomei seus lábios nos meus já sorrindo quando ela tentou o controle daquela vez, me perguntava o porque não provei daquele beijo antes, era incrível, apenas o jeito que a sua mão passeava pelo o meu braço até a minha nuca me fazia pensar se era certo aquilo, tinha medo muito medo de machucá-la , o que eu sabia que aconteceria, eu sempre machucava quem tentava se aproximar, tinha uma raiva de mim mesma tão grande que talvez... se afastar era a melhor opção. Mas não naquele momento.

A puxei para mais perto descendo minhas mãos até a sua coxa, aonde ali a transferi para o meu colo sem dificuldade. Mordi o seu lábio inferior, descendo com a ponta da língua até o seu pescoço, tirando os fios que me impediam de me aventurar por ali. Até que ouvimos a porta da frente ser aberta e a voz de Momo se fazer presente.

- Você tem que ir agora.

- Espera - sussurrei quando ela me empurrou, me abaixei para pegar minha mochila e pronta para pular a janela, eu voltei segurando seu rosto e deixando um longo selinho ali.

- Vai! - ela riu voltando a me empurrar quando os passos se aproximaram.

Eu sorria feito uma idiota quando cheguei em casa, ignorando a pergunta do meu pai sobre o colégio e subindo diretamente para o meu quarto, aonde eu me permiti pensar um pouco mais nela.

Labirinto (Satzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora