"Tzuyu"
- Porque não volta pro orfanato do qual você saiu?
- E você? Porque não volta pra lata de lixo no qual o papai pegou você?
- HEY! Tzuyu! Olha como você fala com a sua irmã!
Dahyun apenas levantou uma sobrancelha quando nosso pai se sentou na enorme mesa, por fim a nossa anã de jardim desceu as escadas correndo se juntando a nós para podermos tomar o nosso café.
Chou Tzuyu, dezoito anos, nada de novo, nada de interessante, apenas eu mesma. Minhas irmãs mais novas, Dahyun e Chaeyoung chegaram em minha vida quando eu tinha cinco anos, as duas adotadas pelo o meu pai que se comoveu pela "história" de ambas, mesmo sendo insuportáveis, eu as amavas demais e sabia que não viveria sem elas. Nossa condição era boa, uma mansão favorável, sempre estávamos viajando e eu não poderia pedir vida melhor que aquela. Eu era odiada e amada em minha escola, muitos me temiam, muitos se incomodavam, e eu? Apenas me divertia com toda a situação.
- Tira a porra do pé do banco, Chaeyoung! - eu esbravejei assim que entramos no meu carro.
Fui deixada pela a minha mãe quando nasci, meu pai sempre me disse isso, nunca soube o motivo pela ida, mas nunca tive vontade de ir atrás também, acho que daquele jeito estava bom, estava perfeito.
- E se vocês se atrasarem iram para casa a pé!
- Ok, senhorita Chou. Até mais tarde.
- Ora ora, chegou no horário hoje.
- Como vai, Jeongyeon? Trouxe o que eu pedi?
Ela olhou envolta tirando do seu bolso de couro o pequeno saco com heroína ganhando um sorriso meu pelo o agrado. Baguncei seus cabelos passando o braço pelo o seu pescoço caminhando juntamente a ela para dentro do prédio. Não teve cerimônias, prontamente segui para a minha sala, notando um ser novo ali, uma garota baixa, cabelos castanhos claros, pele clara e me parecia distraída. Por sorte - ou não - ela havia se sentado ao lado da minha carteira, senti o seu perfume assim que me sentei ali, era bom e suave, doce mas não enjoativo, foi impossível não olhá-la mais uma vez.
- Bom dia, alunos. Antes de começarmos a aula queria apresentar a nova aluna, Minatozaki Sana, gostaria de se apresentar?
- Não - sua voz saiu baixa, mas pelo o silêncio do local foi bem ouvida.
- Certo... a Sana tem deficiência visual, então quero que todos sejam legais com ela, a ajudem caso precisa e sem brincadeiras de mau gosto, escutou, Tzuyu?
Eu arqueei uma sobrancelha, dando uma risada nasal e dando mais uma olhada para ela. Peguei meus livros dando a mínima importância para aquela matéria.
Depois de horas, o maravilhoso sinal tocou me fazendo levantar afobada, porém esbarrando na garota ao meu lado. Dei um empurrão para que ela se sentasse novamente em sua carteira, olhando bem para o rosto daquela menina rindo para que ela escutasse.
- Olha por onde anda, garota. Não está me enxergando aqui? Ah... oops... você é cega!
Vi e percebi quando a sua respiração ficou falha e seus olhos imediatamente se encheram de água, me fazendo rir mais uma vez pegando a minha mochila e saindo logo em seguida. Puxei Naeyon e Jeongyeon para dentro do banheiro, nos instalamos na última cabine provando da nova droga que a nossa amiga havia nos trazido naquele dia.
- Perfeito... - eu funguei limpando os restos de pó que estava em meu nariz, enrolando um maço de maconha e o acendendo logo em seguida.
- Porra, Tzuyu, não acende isso aqui!
- Qual é? Contra as drogas agora? - murmurei.
- Quer arrumar mais uma encrenca pra gente essa semana?
- Vai ser rápido.
Passei para Nayeon que já me parecia sobre o efeito da heroína, o que me fazia sorrir sempre ao vê-la daquele jeito juntamente a Jeongyeon. As drogas sempre foram o meu refúgio, dês dos meus quinze, três anos de pura abstinência. Não era algo que eu me orgulhava, longe disso, fazia de tudo para que as minhas irmãs não descobrissem juntamente ao meu pai, pois eu seria a decepção da família na certa. Todos nós temos um lado escuro e errado, esse era o meu.
- Temos que dar boas vindas para a novata - Jeongyeon disse soltando a fumaça densa enquanto acendia o isqueiro novamente.
- O que tem em mente?
- Algo clássico, não? - sugeri - O que sempre fazemos com todos os novos alunos.
- Não acha que jogá-los na lata de lixo não é ultrapassado? Não sei, vamos fazer algo novo.
- Gente... - Naeyon murmurou - A menina é cega... não tem como passar essa não?
- Ela é cega, nós não - rebati - E essas são as regras, Nayeon. Vou pensar em algo e aviso a vocês.
Passei as últimas três aulas encarando a tal Sana, algo nela me chamava atenção, diferente, mas que não deixava de ser tolo, pensava principalmente no que faria com a sua chegada, provavelmente tentaria pegar leve. Ou não. Acabei pegando no sono na aula de biologia, acho que havia ultrapassado a minha conta de drogas naquela tarde e fiquei claramente mole e sonolenta.
Ao fim, tomei um banho gelado assim que pisei no meu quarto, me tacando na cama logo em seguida. E como sempre acontecia, eu apeguei. As vezes eu parava para pensar em porque aquele caminho? Porque aquela escolha? Exatamente aquela?
Chamar atenção? Não era aquilo, nunca precisei chamar a atenção para ser notada, nunca precisei de atenção no caso, meu pai era um cara incrível, mas que não deixava de ser sério e focado diariamente no trabalho, minhas irmãs mais novas também eram demais, porém não me sentia bem, nada bem me abrindo com elas, não queria sobrecarregar o cargo de "ouvintes da irmã drogada" na real, eu nunca saberia me abrir, pois eu não saberia o que falar, nem como reagir.
Dando sempre a entender que o melhor caminho era aquele, por mais que eu deveria aceitar o fato que realmente aquele era o pior caminho, eu não conseguia mais evitá-lo, tudo começou apenas com uma pílula, da pílula foi para o maço de maconha, depois para o pó e hoje me encontrava em um estado que eu mal me reconhecia. Mal sabia administrar.
Mas o que eu poderia fazer? Essa sou eu... e ninguém pode mudar isso.
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Labirinto (Satzu)
FanfictionTudo poderia ser escuro para a pequena Sana, até que a sua luz surge de um simples trabalho de escola, com a pessoa mais complicada, mas que apenas precisava ser moldada e amada juntamente.