XXVIII

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Acho que já deixei bem claro como hospitais são desconfortáveis para mim. Odeio pensar que estou em um lugar onde pessoas podem estar a morrer. Pois, é inacreditável demais pensar que, enquanto estou a entrar com um buquê de cravos amarelos e laranjas por essa porta para visitar a Chris, uma família deve estar a perder um ente querido. Sobe até um arrepio pelas costas, então decido parar de pensar nisso.

E sim, finalmente a Chris acordou do coma, ela ficou apenas dois dias nesse estado, mas as visitas foram autorizadas apenas uns dias depois. Quando chego na recepção encontro a Becca e a Hannah sentadas, decidimos vir visitar ela todas juntas. As cumprimento com abraços e entramos no quarto depois de bater à porta.

- BITCHES! - Chris grita assim que nos vê a entrar pela porta. Tive a impressão de que se não estivesse a tomar soro saltaria da cama para vir nos abraçar.

- Pensei que te encontraríamos menos louca, mas parece que nos enganamos. - Hannah diz divertida.

- O quê? Porquê? Acharam que eu iria morrer na minha primeira overdose? Mambo básico. - diz como se não fosse nada.

- Primeira e última, certo? - Becca pergunta e senta na poltrona que havia no quarto, ela parece cansada e fazer um esforço grande para estar de pé.

- Ah Becky, tu sabes que o meu lema é morrer feliz, qual a melhor maneira de morrer feliz a não ser entupida de drogas? - o clima no quarto fica pesado em uma fração de segundos, ninguém achou piada no que ela disse. - Brincadeira. - diz e ri. - Vocês deviam ver as vossas caras. Eu não quero passar por isso nunca mais, sério. - aquele peso que havia se instaurado é dissipado e nós conseguimos respirar normalmente.

- Tens um sentido de humor péssimo Chris. - digo e ela ri e eu me aproximo da cama. Ela parece saudável como há muito tempo eu não a via. A sua cara não estava esquelética como andava, continuava magra, mas saudável. Com bochechas um pouco rosadas até. Está linda. - Estás tão linda amiga. - ela me olhou com os seus olhos verdes que já não possuíam aquelas olheiras que eram tapadas por camadas e camadas de corretivo.

- Ownnnn. Obrigada amor. - sorri com os olhos brilhantes. - Eu decidi me tratar, fazer acompanhamento psicológico e nutricional, sei que não vou melhorar do dia para noite e que posso ainda ter várias recaídas, mas eu quero tentar, sabem. Quero tentar viver o suficiente para ver o casamento da Jade e do Henry, para consolar a Hannah em todos os seus relacionamentos falhos e ver a Becca se tornar uma artista renomeada. - olho para Becca que apenas dá um pequeno sorriso.

- Serio que queres tentar para ver a minha desgraça? Além disso, eu não vou ter um monte de relacionamentos falhos. - Hannah diz indignada.

- Amiga, convenhamos que tu tens um péssimo gosto para relacionamentos e o facto de teres voltado para o Kevin só prova isso. - Chris diz e a Hannah apenas revira os olhos.

- Já não estamos mais juntos. - Hannah responde na defensiva.

- Graças a Deus. E espero que isso seja definitivo. Porque se não deu certo até agora, não vai dar mais. - Chris responde naquele tom passivo-agressivo.

- Como é estar de coma? - pergunto antes da Hannah responder, uma forma de evitar uma confusão e de a fazer lembrar que a Chris acabou de sair de um estado delicado.

- Normal. - deu de ombros como quem não dá importância. - Eu me lembro de estar bem louca na festa e ter apagado, depois acordei num quarto aqui no hospital com a boca muito seca e com um sensação horrível no corpo. Aí comecei a ficar sem ar, o meu peito doía muito e fazia muito esforço para respirar, e então apaguei de novo. Quando acordei a minha mãe disse que já tinha se passado dois dias, eu nem acreditei, pois parecia que apenas tinha passado uns segundos. Foi muito louco e horrível, para nunca mais. - Chris conta e todas ficamos caladas a escutar, até que a Hannah se aproxima da cama e passa a mão na face dela.

Efeito borboleta 🦋 [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora