Vai ficar tudo bemFoi o que a pessoa, que me amparava em um abraço, disse para mim depois de revelar que chamou uma ambulância. Eu não a conhecia, nem ela nem a moça que nos observava preocupada, mas eles explicaram que estavam a passar pela ponte e ouviram um pouco da nossa conversa. E logo que testemunharam aquilo, ainda não consigo usar a palavra, ligaram logo para a polícia e vieram a trás de mim quando notaram o meu estado transtornado.
Vai ficar tudo bem
Foi o que a minha mãe disse quando foi ter comigo no hospital onde levaram o corp... a Marie. O amável casal ficou comigo até a minha família chegar. Eu estava em um estado de choque tão profundo que tive de ser medicada. Eu não parava de tremer, mas a minha mente parecia um vácuo onde eu me perdia propositadamente na imensidão sufocante. O que menos queria era fazer parte dessa realidade, de uma realidade onde eu testemunhei e fui a causa de um... de um... de um ato tão erróneo. Eu sou a pior das pecadoras, eu não mereço viver, como posso ter estado lá e não ter feito nada?
Vai ficar tudo bem
Foi o que os médicos disseram quando chegaram naquela sala de espera. Eles tinham esperança nos olhos, pois a Marie não morreu e conseguiram a deixar estabilizada. Lembro de ter sorrido, lembro de ter me aliviado e de ter deixado um peso enorme sair-me das costas. Lembro de ter implorado para deixarem que eu a veja. Lembro de ter chorado e esperneado quando disseram ser impossível, pois eu não era da família. Mas porquê que eu queria ver ela? Para me aliviar da culpa ou por estar feliz de que ela não esteja morta? Porque, afinal de contas, eu não a quero mais na minha vida, ela quase estragou coisas muito importantes para mim. Então, porquê que eu não dei meia volta e fui para casa? Porquê que não me contentei com o facto de ela estar viva? Porquê que continuei a visitá-la nos dias que se seguiram e ela não acordou?
Vai ficar tudo bem
Foi o que pensei enquanto segurava a sua mão delicada que não tinha a agulha do soro. Com a cabeça a repousar no colo dela e com a sua mão perto dos meu lábios à espera de um sinal de vida, para além dos seus batimentos cardíacos apontados nos aparelhos que estavam do lado da cama. Porquê que eu estava lá? Eu não sei. Pois, eu também não sabia se queria ela de volta na minha vida. Será que era uma hipocrisia? Me fazer de amiga preocupada quando já não éramos amigas? Porque eu rezava para que ela acordasse, mas e se ela acordasse, o que eu faria? O que diria? Como agiria? Teria coragem de ignorar tudo o que ela fez e lhe aceitaria de braços abertos? Ou viraria de novo as costas, sabendo que ela poderia dessa vez tomar um frasco cheio de comprimidos?
Talvez eu seja hipócrita e egoísta, pois mesmo não sabendo o que iria fazer a seguir eu deixei as palavras saírem da minha boca, como se eu tivesse o direito de dizê-las, como se eu tivesse certeza do que dizia.
- Marie. - disse a olhar para ela, é estranho ver qualquer pessoa nesse estado, principalmente uma pessoa tão nova. - Eu só peço que acordes. Nós podemos resolver isso, da melhor maneira. - palavras vazias como as promessas vazias que fiz para ela, tudo da boca para fora, eu não tinha vergonha de mentir? Queria assim tanto saciar a minha culpa? - Os médicos disseram que normalmente os pacientes em coma podem ouvir, será que tu me ouves Marie? - apertei a sua mão. Como eu me atrevi a tentar perturbar a vida dela, a decisão dela. Afinal de contas, quem sou eu para fazer isso? - Porque hoje de manhã, eu vi que houve casos de pacientes em coma que acordaram por causa de uma música. Eu quero tentar. - disse com os olhos marejados, eu já não suportava ouvir aquela música e ainda não suporto, mas por ela eu cantaria, se isso a acordasse, se isso me santificasse.
Eu me esforcei, me esforcei para decorar a letra, me esforcei para dar o play e me esforcei para cantar. Tanto que as lágrimas começaram a cair sem a minha permissão. Eu não queria chorar, eu não queria cantar, mas se isso me ajudasse, quer dizer, ajudasse a Marie, eu iria cantar. A canção saiu da minha boca mais triste do que eu pensei ser possível, como eu odiava e odeio essa música.
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Efeito borboleta 🦋 [Concluído]
Teen FictionPLÁGIO É CRIME! NÃO COPIE, CRIE! Tal como na teoria do efeito borboleta, pequenas situações trarão enormes e irreparáveis mudanças na vida de uma adolescente de 17 anos chamada, Jade Moore. Jade terá de aprender a lidar com cada uma dessas situaçõ...