- Tu deste um soco no Kevin? - Marie pergunta sentada do meu lado, apoiada na parede da casa de banho.- Parece que sim. E uma chapada também. - eu digo divertida e nos rimos.
- Tu és louca sabes? Ele podia ter-te batido. - ela fala meio lento e com um sorriso na cara.
- Talvez. Mas eu não consegui me segurar. - levantei e fui até ao lavatório. Gargarejei com um pouco de água para tirar o sabor ácido do vômito e depois bebi um pouco, estou desidratada.
- Toma. - Marie me passa a bebida dela.
- Obrigada. - pego nela, enquanto ela levanta e tira algo do bolso. Pareciam uns comprimidos. Ela tira um e põe na minha boca mas eu cuspo na minha mão. - Que merda é essa? - pergunto a olhar para o comprimido colorido na minha mão.
- Ecstasy. - olhei para ela. - Só toma, vais gostar. Confia em mim. - ela diz e põe o outro na boca e tira a bebida da minha mão para engolir. - Não sejas chata, isso nem faz nada, só te deixa mais alegre.
Olhei para o comprido que estava um pouco derretido na minha mão. Conheço a ecstasy e sei que muita gente usa, mas eu não sou muito chegada a drogas. Normalmente só consumo um pouco de erva e álcool, não porque eu super gosto, mas porque nos meios onde estou todo mundo está a usar. Sei que é meio estúpido nos deixar levar pelos outros, mas acho que o meio nos molda, sabem. Há pessoas que conseguem remar contra a maré, mas há outras, como eu, que se deixam levar pela maré. Então, coloco o comprimido que tenho na mão na minha boca e dou um gole da bebida.
- Vês? Não é nada demais. - Marie diz e volta a pegar o copo. - Vamos ver se tem algo para comeres. Pode dar merda estares com o estômago vazio. - Marie pega na minha mão e saímos da casa de banho. Que por acaso nem usamos como pretendíamos.
Descemos as escadas e fomos em direção a cozinha. Encima da ilha tinha várias caixas de pizza. A Marie foi abrindo algumas e eu outras para ver se tínhamos a sorte de encontrar alguma. Encontrei um quarto de pizza em uma das caixas que estavam embaixo. Sentei encima do balcão e comecei a comer.
Pensei que nesse momento já devia estar a sentir o efeito da ecstasy, mas eu não sentia nada de diferente. Estava tudo normal e sem graça. Quando acabei a pizza apoiei as mãos no balcão para descer. O balcão é frio e tem uma textura uniforme, mas quando se olha de perto parece que não é tão uniforme, pois parece ser constituído por vários fragmentos de texturas diferentes. Me curvei um pouco para apreciar de perto o balcão. É brilhante e preto, parece que tem todo um universo dentro, é tão lindo.
- Marie! Vem ver isso. - chamei a Marie que estava a acabar o pedaço de pizza dela.
- O quê? - pergunta quando chega perto.
- Olha isso. É lindo, parece que tem todo um universo dentro, não? - disse com a cara apoiada na bancada. O toque gélido dela na minha bochecha provocava um sensação prazerosa que nunca havia experimentado dessa maneira.
- Parece. - ela se curvou um pouco também. - Mas sabes o que também parece?
- Não, o quê? - reparo nos fios lisos e escuros do cabelo dela que está solto. Eles parecem sedosos e macios. Tenho vontade de tocar-lhes.
- Que estás high. - ela disse e começou a rir que nem uma parva e eu a acompanhei .
- Sério? - isso explica o porquê de achar esses detalhes tão interessantes.
- Uhum. Então já podemos curtir essa noite como deve ser. - ela pega no meu braço e me leva para onde todo mundo está a dançar.
A ecstasy funciona como um combustível. Eu estou a dançar e a gritar ao som da música que nem uma louca. O meu corpo mexe-se de uma forma que se eu tivesse no comando dele nunca se mexeria. A música, a energia e até o calor humano inundam o meu corpo com ondas de prazer arrebatadoras. Sinto-me leve como se dançasse nas nuvens, tão leve que se me atirassem de um prédio eu planaria como uma pena até atingir o chão delicadamente. Claro que isso é a droga a falar e a droga a agir, mas é tão bom esse estado de euforia que eu não quero sair mais dele. Sinto o meu corpo ser puxado.
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Efeito borboleta 🦋 [Concluído]
Genç KurguPLÁGIO É CRIME! NÃO COPIE, CRIE! Tal como na teoria do efeito borboleta, pequenas situações trarão enormes e irreparáveis mudanças na vida de uma adolescente de 17 anos chamada, Jade Moore. Jade terá de aprender a lidar com cada uma dessas situaçõ...