XIV

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Eu e a minha irmã sempre fomos muito próximas, pelo facto de termos apenas cerca de dois anos de diferença. Por isso, é muito mais difícil para mim esse momento em que estamos. Foi tão de repente que a nossa relação se quebrou como um vidro estilhaçado no chão. O pior é o nosso orgulho não nos permitir recolher os pedaços e tentar arranjar o vidro e sim fazer-nos andar descalças sobre eles magoando-nos mutuamente. Eu juro que estava disposta a fazer as pazes com ela, se ela viesse ao meu encontro e tirasse todas as merdas que disse, mas ao invés disse ela simplesmente me ignora desde então. Eu até tentei dar o primeiro passo, coloquei o meu orgulho de lado e tentei chamar-lhe a razão, mas não adiantou de nada. Então, tal como agora, ela passa por mim nos corredores da escola como se eu não existisse.

- Vocês ainda não se resolveram? - Becca pergunta no mesmo instante em que ela e o seu grupinho saem do nosso campo de visão.

- Não. - respondo tentando transmitir um indiferença que não existe.

- Posso ser sincera? - Marie pergunta. - Eu sei que ela é tua irmã e tals, mas eu nunca fui muito com a cara dela. Ela é super mimada e pensa que o mundo gira em volta dela. Na minha humilde opinião, acho que vocês fizeram ela se sentir tão especial que quando tu começaste a tentar ir contra ela, ela achou que nada mais era do que simples e pura inveja do ser divino que ela é. - eu olhei para ela e depois para a Becca, que apenas levantou as sobrancelhas como quem concorda. Então, se a Becca concordou com a Marie é porque de alguma forma isso pode ser verdade.

- Acho que pode ser um fase, sabes. Devias tentar conversar com ela. - a Becca aconselha.

- De novo? Acho que devias esperar ela vir falar contigo, isso sim. - Marie discorda e Becca levanta um sobrancelha.

- Tu não conheces a Jenny, ele é uma boa menina, ela só deve ter se deslumbrado com a popularidade. - Becca diz em um tom calmo até.

- Isso só mostra que ela não é tão boa assim. E isso nem é desculpa para faltar respeito para a irmã. - Marie coloca a mão no meu ombro. - Jade, tu não podes mais te humilhar perante ela. - ela aconselha.

- Tanto faz, no fim tu é que tens de tomar a decisão mais acertada para ti. - Becca diz quando o sino toca e nos dirigimos para a sala de aulas.

Eu não consegui me concentrar muito nas aulas por causa dessa situação. Eu odeio estar chateada com alguém de quem gosto, por isso tenho estado em uma luta interna. Não sei se vocês já viram, quando eram crianças, um desenho animado da Disney chamado A nova escola do imperador. Então, nesse boneco constantemente aparecia um anjo e um demônio nos ombros dos personagens quando eles estavam indecisos. É precisamente isso que está a acontecer comigo, mas ao invés de um anjo e um demônio eu tenho uma mini Becca é uma mini Marie.

Mini Becca: estás a sentir-te mal, vai lá e falar com ela. - ela tem uma voz muito fina mas que lembra a da Becca.

Mini Marie: ela já tentou, então simplesmente manda foder aquela pirralha arrogante. - o mesmo acontecia com a voz da mini Marie.

Eu: também não precisas falar assim. - repreendo.

Mini Marie: e estou a mentir? Até a mini Becca concorda comigo.

Mini Becca: mais ou menos. - ela diz com a mão na nuca como se estivesse envergonhada. - Mas esse não é o ponto, tens de tentar mais uma vez.

Mini Marie: nananinanão. Ela é que tem de se humilhar para pedir desculpas, e quando ela pedir não podes aceitar na hora, tens de te fazer de difícil.

Mini Becca: assim também não né? Mas tens de lhe fazer entender que não pode voltar a acontecer.

Mini Marie: dá no mesmo.

Efeito borboleta 🦋 [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora