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Apesar de ser adolescente eu não estou sempre a usar a internet. Não sou esses jovens que amam tirar fotos e postar no Instagram, não porque eu acho fútil, mas porque eu sinto que não sou suficientemente bonita para tal. Eu não me acho feia de todo, mas também não me acho bonita. A Jenny ficou com toda a beleza, ela é linda demais, e eu fui apenas um protótipo para o produto final que é a minha irmãzinha.

Mas sobre a internet em si, só acho que não é a minha cena. Eu gosto de ler, não romances e essas coisas, eu gosto de livros que falam sobre a mente humana. A mente humana é algo que sempre me causou bastante curiosidade. É, no mínimo, curioso pensar que a madre Teresa da Calcutá e Hitler são da mesma espécie. Até parece um insulto, não só para a madre, mas também para todos os outros seres humanos dignos partilhar o mesmo mundo que Hitler e outros.

Já a Jenny está sempre no telemóvel, quando eu digo sempre, é sempre. Ela só o larga para comer, as vezes, e quando os nossos pais estão em casa. A rede social preferida dela é o Instagram, onde ela coleciona mais ou menos 15.000 seguidores. Ela desce as escadas com o telemóvel na mão, como sempre. Quando ela chega na sala eu recebo-lhe o objecto rectangular com uma capa bastante enfeitada das mãos.

- Ei! O quê que estás a fazer? - ela pergunta irritada e a tentar receber-me o mesmo.

- Eu já te avisei que não sou a porra da tua motorista, então se não quiseres ir de autocarro para a escola começa a arrumar-te mais rápido ou a acordar mais cedo. - digo a olhar para o ser que está à frente de mim. Ela é uns centímetros mais alta que eu e possui um corpo mais curvilíneo, quem nos vê pensa que ela é a mais velha.

- Ok, já entendi, vou passar a acordar mais cedo, está bem? Agora podes passar-me o telemóvel, por favor. - ela pede e estende a mão onde eu pouso o telefone.

- Prepara algo para comer no carro, tens cinco minutos. - digo.

Pego a chave do carro que está em uma mesinha perto da porta de entrada e saiu de casa. Em menos de cinco minutos a Jenny entra no mesmo e eu arranco com ele.

- A festa de ontem foi boa? - ela pergunta a olhar para mim, o que indica que ela está realmente interessada pois deixou de olhar para telefone.

- Foi normal. - e foi mesmo, não tinha nada para acrescentar tirando a minha "viagem".

- Tu já usaste drogas? - ela pergunta e eu franzo as sobrancelhas. Por um segundo tiro os olhos da estrada e olho para ela, ela queria mesmo saber sobre isso.

- Porquê que queres saber isso? - pergunto na defensiva, sei que ela não é inocente, mas eu não me sinto confortável a dizer para a minha irmã mais nova que eu já usei drogas.

- Ah, sei lá, curiosidade. - ela encolhe os ombros. - Acho que temos de falar sobre isso, sabes. Porque tipo, são coisas que acontecem em nossas vidas e óbvio que não vamos falar com os pais sobre isso. - ela dá uma leve risada e eu também a concordar. - Eu já fumei erva. - olhei para ela, sem saber o que pensar. Eu não tenho moral para dizer que isso é errado porque afinal eu também já usei.

- Eu não sei o que dizer. - dou uma leve risada e ela sorri. - Quer dizer, as vezes eu esqueço que nós temos apenas dois anos de diferença é te trato como uma criança, mas é que eu me preocupo contigo sabes? - ouço ela suspirar.

- Por isso não aceitas que eu vá a festas contigo né? Mas sabes que mesmo assim eu vou à festas?- ela sorri-me de lado.

- Claro que sei, eu não sou ingênua a esse ponto. - digo mudando o caminho para buscar a Marie.

- Vamos acreditar nisso. - rimos. - Ahm, esqueci de dizer que entrei para a claque. - ela diz empolgada.

- Sério? Uau que fixe. Quer dizer, não é uma surpresa tão grande visto que tens jeito para isso né?-ela sorri e pega o telemóvel. A Jenny tem um elasticidade e um equilíbrio incrível por isso desde pequena ela faz balé.

Efeito borboleta 🦋 [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora