Nudes. Porquê que tem de ser sempre nudes? Porquê que quando são nudes femininos a repercussão é sempre maior? Não é isso que eles querem ver? O que há por baixo dos tecidos que envolvem o nosso corpo? Então porquê que quando vêem fazem-nos sentir um lixo? Diminuindo-nos à pedaços de carne sem alma e dignidade, para que possam dar-nos o mínimo, nos fazendo achar que é o máximo. Eu odeio rapazes. Óbvio que estou a generalizar, mas odeio a maneira como eles nos julgam e fazem nos julgarmos umas as outras, a maneira como o pensamento "porquê que ela tirou as fotos" invade a minha mente quando claramente o único culpado nisso tudo é quem espalhou as fotos.Fotos! E pensar que o Matt possa ter visto, até o Henry, algo tão íntimo e pessoal como a nudez da minha irmã. Irmã essa, que eu ainda via como uma criança há bem pouco tempo atrás. O pássaro branco envolto do quadrado azul claro é o caminho. Eu quero ver as fotos, não por prazer, óbvio, mas para encontrar alguma coisa que prove que não é a minha pequena Jenny naquelas fotos e que eu possa gritar aos quatro ventos que a menina das fotos não é a minha irmã, mas sim uma outra pessoa. Que pessoa? Gostarias que outra pessoa estivesse nessa situação? Meu inconsciente me chama à razão, mas sejamos honestos, ninguém quer se ver numa situação como essa, então...
- Vocês têm a certeza que é ela? - ouço alguém perguntar baixinho. Verdade, vocês têm a certeza que é ela? Entra no Twitter e mata essa incerteza. Talvez nem seja ela. Eu quero fazer isso, mas sinto que vou violar, ainda mais, a sua privacidade já comprometida.
- Certeza, certeza ninguém tem, mas no post dizia ser ela, dava para ver um colar que ela sempre usa e os lábios são iguais. - responde outra voz baixinho. Tu viste a foto? Viste a minha irmã nua? Queria perguntar mesmo sabendo que seria patético, pois a resposta está mais que clara.
Levanto a cabeça que estava apoiada nos meu joelhos e olho em direção às vozes. Becca, Chris e Hannah se encontravam perto das escadas na entrada do colégio, onde estou sentada, e claramente há um clima de tensão entre elas. Sinto uma mão repousar no meu ombro, como quem quer consolar, o que me faz olhar para o lado e ver o Matt com um sorriso, tentando transmitir confiança e falhando miseravelmente.
- Ela não veio a escola, pois não? - pergunto embora já saiba a resposta.
- Não. - ele fala com o mesmo cuidado que usaria para alguém que acabou de perder um ente querido.
Suspiro e me levanto, atraindo a atenção das três meninas que conversavam baixo.
- Vou para casa. - aviso e pego a minha mochila que se encontrava caída no chão.
- Queres que eu vá contigo? - Becca pergunta enquanto eu começo a me dirigir em direção ao meu carro.
- Não, eu só preciso saber como a Jenny está. - digo e continuo em passos lentos até ao carro cinza que recebi de presente no meu aniversário de 16 anos.
Quando me encontro cercada pelo cheiro familiar da minha essência de lavanda preferida, sinto a minha garganta fechar e uma vontade quase incontrolável de socar alguém ou algo me invade. Mas respiro fundo e coloco a minha paylist preferida a tocar, talvez a música me acalme. E até acalmou, até a casa amarela, de janelas brancas e jardim bem cuidado invadir o meu campo de visão, fazendo um nervosismo invadir o meu corpo.
Desligo a música e só depois o carro. Saio e ando a passos lentos até a porta. Tiro a chave no bolso frontal da minha mochila e a destranco. Entro na casa, que está em silêncio absoluto, subo as escadas que dão ao primeiro andar, entro pelo corredor e paro à segunda porta à direita. Respiro fundo. Como é que se começa esses assuntos? Me questiono. Talvez apenas perguntes se está tudo bem. A vontade de dar meia volta e fingir que nada aconteceu me parece bem tentadora, mas há ocasiões que não dá para apenas ignorarmos as coisas. Então bato à porta de madeira branca com uma placa rosa escrita "não entrar sem bater" com uma letra bonita, que dá a sensação de ser um pedido ao invés de uma ordem, e vários autocolantes coloridos.
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Efeito borboleta 🦋 [Concluído]
Teen FictionPLÁGIO É CRIME! NÃO COPIE, CRIE! Tal como na teoria do efeito borboleta, pequenas situações trarão enormes e irreparáveis mudanças na vida de uma adolescente de 17 anos chamada, Jade Moore. Jade terá de aprender a lidar com cada uma dessas situaçõ...