XVIII

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Passou-se exatamente uma semana desde que tudo aconteceu e, consequentemente, uma semana que a Jenny não vai à escola. Vocês devem estar a pensar: então os vossos pais descobriram, por isso eles não a deixam ir a escola? A resposta é não, eles não descobriram ainda. Aquela história do director querer ver eles, foi para uma reunião dos pais normal, tal como o meu pai tinha imaginado. Então, como é que a Jenny tem faltado à escola? Nos primeiros dias ela dizia estar com cólicas, mas com a desconfiança do meu pai e a insistência da minha mãe para a levar para o hospital, e com o perigo de ela descobrir que nem no período ela estava, ela começou apenas a não ir e eu, como sempre, a encobri. Por um lado eu sabia que ela não merecia, mas por outro lado se eu estivesse no lugar dela também não gostaria de colocar os pés naquela escola tão cedo. Além disso os meus pais saem para trabalhar antes de nós irmos a escola e voltam depois de já estarmos em casa, então não foi nada muito complicado. E também tive de dizer aos professores que ela estava doente e por isso não vinha, o que criou uma fofoca de que ela estaria grávida, haja paciência.

Paro o carro em frente à escola e um clima tenso invade o carro criando uma atmosfera hostil entre nós três.

- Acho melhor dares mais um tempo não? - Marie aconselha olhando para o banco de trás onde se encontra a minha irmã.

- Para os rumores de que ela está grávida aumentarem? Acho que não. - digo e também me volto para ela. - Entra lá de cabeça erguida e manda todo mundo ir se foder. - digo mas ela não parece confiante.

- Por um lado eles não estão completamente errados por me julgar. - Jenny diz com a cabeça baixa e a Marie concorda.

- Ninguém pode julgar ninguém. Não importa o quanto essa pessoa errou, é hipocrisia demais nós, meros seres humanos falhos, julgar outros seres humanos falhos. Não vejo nenhum Deus nessa escola, nenhum ser imaculado que nunca errou. Então não te preocupes com os olhares que eles poderão te lançar , pois apenas serão o reflexo de como eles mesmo se enxergam. - digo com firmeza e ela levanta a cabeça e me abraçar. De início nem soube como reagir.

- Obrigada Jade. Tu tens sido tão maravilhosa comigo, mesmo eu tendo sido uma idiota. - ela diz enquanto me abraça forte, então retribuo o abraço. - Desculpa, tu és a melhor irmã que eu poderia ter. Eu te amo tanto. - sinto a voz dela embargar então a afasto do meu abraço e seguro a sua face entre as minhas mãos delicadamente.

- Eu também te amo. E irmãs são para isso, apoiar-se independente da situação. - digo e deixo um beijo na sua testa, ela sorri.

- Linda cena, mas acho melhor nos despacharmos. - Marie avisa fazendo nos separarmos e pegarmos nas nossas coisas para entrarmos na escola.

Para a minha surpresa as amigas da Jenny estão na porta à espera dela. Quando a Katie vê a minha irmã, corre em nossa direção e abraça ela com carinho e preocupação.

- Ain amiga, estive tão preocupada contigo, ainda bem que vieste. - ela diz rápido enquanto quase sufoca a Jenny no seu abraço apertado. - Não atendes as minhas chamadas nem davas sinal de vida. Eu juro que não sei quem espalhou aquelas fotos, juro. Eu nunca, nunquinha que deixaria isso acontecer com uma das minhas. - ela diz depois de soltar a minha irmã do seu abraço quase mortal e, apesar dos apesares, eu vejo verdade nas palavras dela.

- Eu sei amiga. Mas precisava me afastar das redes sociais. - Jenny responde com um sorriso pequeno.

- Eu entendo. - ela responde e depois olha para mim e para a Marie. - Bom dia Jade, bom dia Marie.

- Oi. - Marie responde simplesmente.

- Bom dia Katie. Então posso confiar em vocês para estarem do lado dela, certo? - pergunto só para confirmar.

Efeito borboleta 🦋 [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora