43 - Letargia

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Sim, amores, eu sei, vocês querem me castrar, mas olha, eu não tenho culpa da minha mente agir dessa maneira. 

Katsuki continuava sem reação, como se estivesse vivenciando uma realidade paralela

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Katsuki continuava sem reação, como se estivesse vivenciando uma realidade paralela. O tempo e o espaço estavam descoordenados, em ritmos diferentes e ele não conseguia raciocinar ou fazer mais do que abraçar o alfa que não conseguia parar de chorar e soluçar angustiado.

Tudo o que aconteceu nas horas que se sucederam era confusão. Katsuki estava consciente e lesado ao mesmo tempo, respondendo sem nem mesmo sentir, apenas no automático.

Não entendia o motivo de estar tão desligado de tudo, afinal sua filha estava correndo risco de vida e ele não conseguia chorar, completamente seco e perturbado demais para absorver a realidade. Onde estavam as lágrimas? Ele deveria estar em ruínas, rouco e exausto de tanto chorar como Eijiro. No entanto, ele apenas encarava a parede, o chão ou qualquer outra coisa sem realmente prestar atenção, completamente anestesiado.

O novo médico foi franco e não os poupou da verdade. As chances de recuperação de Mirai eram mínimas.

As palavras alienígenas e mortas flutuaram entre eles, como se viessem do fim de um túnel muito extenso, chegando como uma transmissão de rádio velha, chiada e confusa. Katsuki acenou em concordância e assinou documentos sem nem mesmo sentir a caneta se movendo entre seus dedos para criar a assinatura.

Era isso? Ia acabar ali, depois de tantas lutas e desgaste? Se tivesse ficado em casa ao invés de partir seria capaz de ser mais ágil que Eijiro?

O que seria de sua vida sem Mirai?

(...)

Eijiro não conseguia parar de se culpar por ter sido incompetente.

Recriminava-se, chorando para tentar externar um pouco a angústia, acreditando que poderia ser capaz de se controlar se o fizesse sem restrições. Aconteceu justamente o contrário: chorar apenas alimentava a vontade de chorar ainda mais.

Ele implorou desculpas a Katsuki por ter sido um pai incompetente e não ter insistido mais nas consultas nas quais levou a filha.

O ômega apenas o acalmou com a mão em seu ombro e um sorriso amigável.

Isso magoou Eijiro de um jeito que não podia nomear. Como ele podia se sentir tão alheio e calmo quando as chances de perderem Mirai eram tão altas?

Sequer saberia classificar quando a briga começou. Algo dentro de si, um sentimento feio e amargo cresceu, tomou forma e, antes que pudesse conter, Eijiro estava despejando acusações infundadas sobre Katsuki que apenas o encarou com o mesmo olhar plácido e mortiço.

Era como se ele não se importasse.

Desde que chegou tudo o que expressou foi calma e raiva e agora estava ali, sem nenhuma outra reação. Qual era o problema dele afinal?

Na Porta Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora