3 - Discussão

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Então, de volta estamos rsrs

Desde o primeiro contato que tiveram, Eijiro acreditava que o vizinho o detestava e, se ainda havia alguma vaga dúvida sobre isso, ela veio abaixo naquela desastrosa manhã em que o surpreendeu fazendo Yoga

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Desde o primeiro contato que tiveram, Eijiro acreditava que o vizinho o detestava e, se ainda havia alguma vaga dúvida sobre isso, ela veio abaixo naquela desastrosa manhã em que o surpreendeu fazendo Yoga.

Quer dizer, que culpa ele tinha? Não é como se tivesse planejado presenciar aquela cena (ainda que tivesse sido divina) simplesmente estava focado em malhar, apenas, e decidiu fazer isso enquanto tomava café para poupar tempo, afinal, tinha uma agenda apertada naquela manhã e o máximo que pudesse poupar ou adiantar seria de grande ajuda.

Por isso, assim que a cafeteira sinalizou que o café estava pronto ele se levantou do sofá onde estava sentado, deixando o celular sobre o estofado. Colocou um pouco de café em uma xícara, recolheu um dos halteres cromados do suporte e foi para a varanda. Nada demais, apenas movimentos comuns de um cara comum em uma rotina comum. Se tivesse ao menos suspeitado que o vizinho estaria realizando atividades tão intensas com movimentos peculiares nem mesmo teria ido para a varanda, foi tudo uma coincidência, nada programado.

A música calma o atingiu imediatamente assim que abriu a porta, incapaz de lhe roubar a atenção nos primeiros momentos. Ele apenas alternava os movimentos, ora levantando a xícara e levando aos lábios para tomar um pequeno gole, ora erguendo o halteres para trabalhar os músculos. Seus pensamentos estavam dispersos, tentando selecionar o tema ideal para o podcast da noite com ajuda de Mina, uma das criaturas mais dinâmicas do planeta que havia lhe sugerido uma porção de assuntos polêmicos para que escolhesse um. Adorava a animação dela, mas sabia que deveria limitar o leque de possibilidades, caso contrário ela levaria a conversa para todos os ângulos possíveis, agregando outros assuntos no percurso.

Foi então que se pegou observando a vista para além dda varanda, os olhos focados nos demais prédios e o cheiro de maresia trazida de longe pelo vento frio da manhã. Um apartamento daquele tipo, grande e agradável, naquela localidade por um preço acessível tinha sido mais que um achado, e sim uma sorte e tanto, quase como encontrar ouro no meio do deserto.

Olhava distraído o cenário quando, ao virar o rosto para a esquerda, acabou por se deparar com uma visão ainda mais bela do que o cenário ao redor, mil vezes mais interessante do que o jatinho que cruzava o céu deixando um rastro de fumaça atrás. O coração disparou, a boca entreabriu, os lábios ressecaram e ele não conseguiu manter a atenção em mais nada que não fosse aquela raba monumental saudando-o com a visão do paraíso.

A xícara escorregou de seus dedos flácidos e se espatifou, borrifando seu pé com café quente sem lhe tirar do transe (mais tarde agradeceria o fato de ter deixado apenas a xícara cair, pois se o haltere tivesse cedido de sua mão, sem dúvida quebraria os ossos de seu pé — na melhor das hipóteses, isso se não esfarelasse o osso — e ele estaria fadado a mancar por semanas ou meses). Apenas sussurrava, embasbacado, tecendo elogios em louvor à saúde daquele ômega.

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