Chegando mais uma vez para causar porque fui construída para isso, amores.
Dor
Oh, infernos, ele estava morrendo, de modo lento e agonizante sem nenhum padre para executar a extrema unção. Podia ver a estrada de tijolos amarelos, a trilha que o levaria até o outro mundo se abrindo à sua frente para finalmente conhecer o que há do outro lado — isso se realmente existir algo do outro lado, ou outro lado — ; a luz no fim do túnel; a escada rolante para o paraíso, ou como diz a famosa música do Led Zeppelin
And she's buying a stairway to heaven
Só que aquela não era uma escadaria para o paraíso e a música falava de uma mulher que quer ficar chapada e vai buscar seu ingresso na mão de comerciantes não convencionais e não de um pobre infeliz que foi chutado nos bagos.
Certo, seus pensamentos não fazem sentido. Realmente é complicado formular um pensamento inteligente através da nebulosidade da dor que faz seus músculos se retesarem, gritando em agonia profunda, lhe arrancando cada gota de capacidade cognitiva. Tudo que há nesse momento é burrice, choramingos vergonhosos e pedidos silenciosos por clemência.
Há uma picada de tormento indizível e uma lágrima solitária escorre de seu olho esquerdo no momento em que ele leva ambas as mãos em um movimento retardatário, visando não proteger, pois já aconteceu, mas tentar aliviar a dor.
Esta era sua paga por internamente ter aprovado o castigo que do alfa abusador na boate. Sua penitência era vivenciar o mesmo flagelo.
Alguns transeuntes eram solidários com a dor de Eijiro e encaravam a cena com pesar, silenciosamente desejando-lhe forças.
A mesma que tinha sido drenada com um simples chute nas regiões baixas mais vulneráveis. Aquele momento podia facilmente se encaixar como um experimento social que revela o quão estranhos podem ser os motivos que despertam empatia alheia.
Novamente os pensamentos aleatórios. Poderia apenas criar um podcast sobre as maiores dores e catalogar aquela como uma das piores agonias a serem relatadas por uma criatura viva, isso se quisesse virar motivo de chacota entre os amigos.
Katsuki automaticamente se pôs ao seu lado, acocorando-se enquanto tentava se desculpar.
— Oh, merda, Kirishima, me desculpe, eu não sabia que era você! — pela primeira vez o percebia fora do personagem usual, um tanto apreensivo.
— Não, a culpa foi minha. — a voz escapou em um chiado vergonhosamente agudo demais, quase como uma súplica.
Certamente tinha sido, só não estava preparado para ouvir Katsuki jogar essa verdade em sua cara.
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Na Porta Ao Lado
DiversosKatsuki é um ômega romancista que apenas deseja paz e silêncio para poder finalizar seus projetos, e foi essa necessidade que o fez comprar um apartamento em um prédio onde a maioria dos inquilinos são idosos. Seu nirvana pessoal, no entanto, agora...