Noite de lua cheia.

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Havia uma vila no sudeste da Holanda, ela era composta principalmente por ciganos e católicos, toda lua cheia, os ciganos apagavam o fogo de suas casas, enquanto os católicos se escondiam na igreja, pois algo os fazia tremer de medo, uma criatura, jamais vista, era alta, com o corpo coberto de pelos, o rosto parecia de um lobo, mas o corpo e a forma de andar eram de um homem, esse monstro tinha garras e dentes afiados. Todos que já tentaram enfrentá-lo perderam suas vidas brutalmente, ele caçava silenciosamente, seu uivo era ensurdecedor, podia ser ouvido a quilômetros, e ele sempre estava com fome.
Porém, com o passar dos anos, sua aparição foi se tornando menos frequente, pois os homens já haviam feito armas capazes de afugentá-lo, com isso, toda lua cheia, guardas armados protegiam a vila, e sempre que essa criatura dava sinal, eles atiravam sem dó. Ele já havia matado alguns soldados, mas a força dos homens ali estava maior, então em uma bela noite, ele foi visto uma ultima vez, no topo de uma montanha, ele uivou, o som foi bem alto, tanto que adentrou as casas e fez todos taparem os ouvidos, mas dava para ver a silhueta dele, que fazia sombra na pequena vila, depois do grande susto, ele fugiu para dentro da floresta e nunca mais foi visto por ninguém.
Os anos se passaram, o medo da morte foi sumindo com o tempo, e com isso, as pessoas decidiram fazer um festival, em homenagem à vitória deles sobre a terrível criatura, esse festival era sempre na ultima lua cheia do ano, quando o monstro aparecia com mais frequência. Então era 1908 todos estavam felizes de novo, sem medo, sem tiros, sem mortes. Faltava um dia para o festival, todos estavam fazendo os preparativos, aquele iria marcar dez anos desde o desaparecimento do lobisomem, porém, algo estava errado, aquele dia parecia mais sombrio, estava frio, não havia pássaros, nem animal qualquer circulando pela vila ou pela floresta, até uma anciã cigana correr para o centro da vila e dizer: “Ele está voltando! Se escondam!”. Todos ficaram assustados com a atitude daquela senhora, porém, mesmo tendo avisado-os, não pararam de organizar o festival. O padre, homem que cuidava dos católicos, pediu para conversar a sós com a anciã. Dentro da igreja ela disse que teve uma visão, um pesadelo, essas foram às palavras dela: “Aquela criatura estar para voltar, eu vi, era claro como o dia, sangue, corpos, a morte estava no ar, havia marcas de garras em todos os corpos, os uivos eram todos altos...”, quando ela disse “os uivos” o padre logo a interrompeu e perguntou o porquê do uso desse termo, ela começou a tremer e a suar frio, então correu para sua tenda.
No dia seguinte, a maioria estava nas ruas comemorando o festival, porém, algumas pessoas decidiram acreditar na anciã e se trancaram em casa, logo a noite chegou, com ela, um vento gelado passou por todos, uma criança que estava olhando para a lua que estava linda naquele dia, viu algo subir no topo da montanha, ela então chamou sua mãe e apontou perguntando o que era, quando a mulher olhou não conseguiu conter seu grito e todos viram e ouviram o uivo da criatura, logo depois algo surpreendente apareceu na escuridão da floresta, vários pares de olhos amarelos e dentes que refletiam a luz da lua, agora não era só uma criatura, mas sim vinte. Então diante daquilo, todos tentaram correr, os guardas tentavam a todo custo pará-los, mas era impossível.
O banho de sangue então começou, os lobisomens estavam com fome, e voaram em cima das pessoas, usando suas garras para rasgar a pele delas e seus dentes para comer sua carne, eles invadiram casas, comeram crianças, mataram vários homens e mulheres, deixando sempre um rastro de sangue e partes de corpos pelo caminho, a igreja também havia sido invadia e o padre teve seu rosto arrancado com os dentes de um deles, várias outras pessoas estavam sendo devoradas e rasgadas vivas pelas criaturas, sem deixar ninguém vivo, todos uivaram novamente para a lua, e correram para dentro da floresta novamente, pois o sol já estava dando as caras no céu. Quando o sol estava bem no alto, a anciã apareceu na vila, ela chorou por todos e fez uma reza para os corpos que ela conseguia reconhecer, pois a maioria estava deformado. Também era bem visível o sangue e os órgãos deixados por eles, cabeças espalhadas, membros arranhados e arrancados de seus corpos com força, a cigana não aguentou a visão e voltou para sua tenda, deixando aquela vila amaldiçoada para trás.

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