VI. A História Não é Bonita

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Música indicada: If ByChance



Música indicada: If ByChance

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C/D

— Certamente meu pai está chegando, — Emily interrompe os pensamentos de Teo, que a encara, começando a se levantar. — Vamos acomodar vocês e descansar antes do jantar — diz, sorrindo de forma medonha em direção a Melitta, que aceita a mão estendida da futura cunhada e começa a caminhar até as escadas da casa. — Teodora, não quer descansar antes de tocar? O piano continuará aí para quando desejar. — A de cabelos vermelhos, desorientada, olha Isaac lhe dar as costas antes de segui-lo.

Respira fundo, abaixa o véu e caminha atrás os outros três, que começam a subir as escadas de madeira extensas enquanto a fugitiva relembra coisas que não queria. Emily indica os quartos a cada um deles e Melitta fica empolgada ao entrar no cômodo que dividirá com Teodora. A cama de casal é enorme e macia quando se senta, tirando os sapatos que machucam seus pés e escutando a outra tagarelar depois de fechar a porta. Está no mundo privado de seus pensamentos. Deita-se na cama, com as pernas para fora, e admira o tecido extremamente branco que enfeita as madeiras do local onde dormirá. Quase não consegue respirar, escuta a voz de Melitta como um distante eco enquanto repassa na mente as palavras de Azazel. O ser deixou uma carta abaixo de seu travesseiro antes de partir, provavelmente a escreveu enquanto Teo estava desacordada, e nela dizia o local para encontrar Pitt. O demônio estará lá todos os dias à espera dela e a mulher sabe que só precisa da desculpa de ir comprar vestidos para que possa encontrá-lo e, assim, rever também Lorenzo, que ela torce para ter mantido o cabelo grande. Agora ela acha engraçado pensar nisso. São tantos anos sem falar com ele, muito menos vê-lo, está ansiosa.

— Teodora? — Melitta fala mais alto, mexendo em uma de suas pernas e a outra a encara. — Quando vai me contar, de verdade, por que quis vir? Porque, eu sei, você sempre desejou isso, mas foi tão repentino — senta-se na cama e abre a boca, surpresa com o conforto, mas logo fecha novamente a cara, suspira. — Parece triste. Estamos na Inglaterra e você parece estar em um velório. Bem, já está vestida para um.

— Eu já estive aqui — sussurra, sem entusiasmo e sequer uma entonação irregular. Arrepende-se logo depois, mas é tarde demais. Melitta tem disso, ela faz Teodora ter vontade de contar coisas que não deveria. — Faz muitos anos, mas já estive.

— Por que nunca me contou? Deus, sua família era inglesa? Você sempre falou que nasceu na Grécia, pensei que... — para de falar quando percebe que Teodora mantem a mesma inexpressiva face. Observa a mulher colocar a mão sobre a sua. — O que está acontecendo? — Sussurra, preocupada e empática.

Teodora tem certeza que se Isaac não tivesse roubado sua capacidade de se interessar por outras pessoas, teria se apaixonado por Litta há muito tempo. Pensa que talvez seja apaixonada pelos dois, de formas diferentes. Isaac acende nela um sentimento mais carnal e humano enquanto Melitta a preenche com um desejo de amor mais genuíno e puro.

— Estive aqui há muitos anos — fecha os olhos, se arrependendo mais uma vez de ter começado a falar. — Não digo só a Inglaterra, mas a casa também.

FUGITIVOS DO INFERNO 02 -Triângulo Da Morte [EM ANDAMENTO] Onde histórias criam vida. Descubra agora