XVI. Diabinho Amigo

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Música indicada: The Story Never Ends

Uma voz masculina conhecida chamou quando o aflito Lorenzo ainda tinha o corpo de Teodora em seus braços. Quando olhou para trás, enxergou a figura de cabelos pretos se misturando ao tom se suas asas, chifres prateados brilhantes de quase vinte centímetros e olhos vermelhos que vibravam abaixo do sol.

Agora, Isaac e o outro então dentro do bar semidestruído, o corpo do repugnante velho perpetua no chão sem que nenhum deles se importem em removê-lo. A dose de bebida de alto teor alcoólico estava posta em dois copos e ambos estão em suas formas humanas. Os óculos de sol estão postos sobre os olhos daquele que fala:

— Ela nunca vai ser capaz de entender o que você sente. São almas gêmeas, isso é fofo e não mudará, mas o apreço dela por Seth nunca foi o mesmo que o dos outros — vira a bebida e não faz sequer uma careta.

Suas pernas cobertas por uma calça social preta estão abertas e Isaac, sem camisa, é branco demais mesmo para o mais claro dos seres humanos.

— Você pode, por favor, chamá-la pelo nome que ela escolheu? — Pede o outro, que está sentado no balcão do bar ao lado de Isaac.

Ele dá os ombros e suspira. Refere-se ao nome de Teodora.

— Ela me chamou de Caim — sussurra, lembrando-se daquela cujo sangue ainda está em suas mãos mesmo depois do corpo de desfazer em fogo.

— Você convocou a Morte — esclareceu o rapaz de copo vazio em mãos. — Não é simplesmente convocar a Teodora — debocha do nome dito. — Agora, não vai conseguir parar de viajar até encontrá-la. — Isaac faz uma pausa, balança a cabeça negativamente e ergue as sobrancelhas. — Não faz ideia da briga que se enfiou — conta ao homem confuso, mesmo que seu tom seja, surpreendentemente, cheio de empatia. — Ela vai tentar te convencer a não a matar e, quando a alcançar, vai ser feio — finaliza.

— Por isso você está aqui? — Quer saber Lorenzo.

— Para ser enviado para morte, primeiro, precisa passar por mim. Sabe, o ciclo abre as portas do inferno e, por um acaso, eu sou ela — sorri, orgulhoso.

Lorenzo encara aquele de sobrancelhas pretas demais e bufa, se levantando logo antes de virar sua bebida depois. Tem a impressão de que, quando maior o número de descobertas que faz, o dobro de dúvidas as acompanham.

— Sabe o que não entendo? — Lorenzo bate o copo no balcão. O outro ergue as sobrancelhas, já leu sua mente, mas o deixa falar. — Por que Eloísa me conta as coisas pela metade? Antes, ela me disse que isso era para unir as almas gêmeas e provocar a paz entre o céu e o inferno, mas Mônica disse que você vai morrer se não conseguir e os dois universos entraram em um caos tão grande que deixarão de existir. Seria muito mais fácil esse serviço sujo de matar minha melhor amiga uma centena de vezes sabendo que ela morrerá de fato se não o fizer — em tom rancoroso, termina.

— Nunca será mais fácil — rebate, colocando-se de pé também. — Mas você tem razão — sorri para a face estranha de satisfação feita por Lorenzo. Isaac é pelo menos cinco centímetros mais baixo que ele e isso é notável quando ficam frente a frente. — Quero te mostrar uma coisa — suspira, chamando-o para perto com os dois braços.

O homem se aproxima cauteloso e Isaac retira os óculos e os joga para longe, mantendo seus olhos fechados até ter os braços de Lorenzo estejam dentro de suas mãos.

— Não precisa ter medo, Caim. Você quer um pouco mais de verdade e eu a darei para você, mas, por favor, não conte para sua amada que fiz isso — pede e abre os olhos. — Lilith me mataria.

Lorenzo está ofegante enquanto assiste o líquido vermelho de Isaac desafiarem a gravidade e flutuar no ar entre os dois. Os olhos do mais baixo atingem o transparente absoluto e o vermelho se aproxima cada vez mais e mais dos de Enzo, que está em pânico. Quis recusar, mas eles invadem seus olhos antes disso, o provocando uma onda de dor impressionante, que o faz gritar. Isaac permanece apertando as mãos em seus braços e pede, com muito mais gentileza do que fez durante toda aquela conversa, que Lorenzo se acalme, mas nenhum som deixa seus lábios, que recitam em latim sem parar.

FUGITIVOS DO INFERNO 02 -Triângulo Da Morte [EM ANDAMENTO] Onde histórias criam vida. Descubra agora