VII. Eroica

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Ajeita seu véu sobre a cabeça e olha a mulher de vestido azul claro que tem tantos babados brancos partindo da cintura que se é quase impossível contá-los

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Ajeita seu véu sobre a cabeça e olha a mulher de vestido azul claro que tem tantos babados brancos partindo da cintura que se é quase impossível contá-los. Os babados negros do tecido que cobre o corpo de Teodora também têm mais adereços que o comum. Um colar portando uma pedra de ônix se destacava em sua pele clara enquanto coloca suas luvas negras e recebe uma careta de Melitta.

— Não quer mesmo se casar um dia? — Pergunta, colocando suas luvas brancas e dando as últimas batidas de pó sobre o rosto.

— Casar-se é superestimado — argumenta, pronta para sair assim que batem na porta e avisam que o jantar iria começar. Melitta se levanta e caminha para fora do cômodo, sendo seguida pela irmã.

As paredes do corredor onde caminham são cobertas por um papel extravagante, verde com detalhes dourados, que Teo tem vontade de tocar antes de receber um tapa na mão de Melitta, que com delicadeza retorna suas mãos à altura da cintura e ergue o queixo para descer as escadas.

Teodora está nervosa. Sabe que William a reconhecerá apenas colocando os olhos sobre ela e se questiona sobre o que ele fará. Porque pareceria insano a acusar de ter o mesmo rosto daquela que trouxe do México doze anos atrás, mesmo que sua pele estivesse menos bronzeada pela ausência de sol latino. Tenta manter os braços parados, mas suas mãos estão tremendo quando chega no andar de baixo, pronta para uma grande confusão.

Ao contrário de suas expectativas, ao chegar no andar de baixo, encontra Isaac abraçado a Emily, que, com um vestido rosado, está caída de joelhos no chão. Franzi o cenho e abre a boca, observando Melitta se aproximar apressada, nervosa. Os olhos da noiva do irmão estão molhados e o rapaz olha diretamente para Teodora com seus olhos perdidos, de quando era criança, quando não sabia o que fazer e implorava a ela por uma direção. Da mesma forma que fez quando tinha apenas vinte e três anos e quis mudar de país em busca de seu sonho.

— O que houve? — A voz alta de Melitta invade o salão e Emily ergue os olhos tristonhos, carregados por algo que Teodora conhece bem.

Não queria ser capaz de reconhecer isso, é um dom cruel assim como essa dor. A jovem carrega um sentimento que ninguém no mundo sentiu mais que Teodora. Emily estava de luto.

— William Cartmell morreu no caminho para casa — informa o mesmo empregado que as foi buscar no quarto. Melitta se vira em direção ao homem branco que tinha as mãos nas costas, mas Teodora não o faz.

Ela não consegue tirar os de Emily. Ergue seu véu, não se importando com os outros dois homens parados na porta da mansão, provavelmente aqueles que trouxeram a má notícia, que ficam surpresos. Mesmo que o espartilho esmague suas costelas, ela se ajoelha ao lado da recém órfã. Lembra dos olhos dela, infantis e pequenos quando perdeu a mãe e que agora, mesmo que maiores, brilhavam em lágrimas por uma perda tão devastadora quanto a anterior. Segura as mãos da mulher, olha dentro dos seus olhos, Isaac estranha quando Teodora passa sua mão pelo rosto de Emily e depois beija seus dedos.

FUGITIVOS DO INFERNO 02 -Triângulo Da Morte [EM ANDAMENTO] Onde histórias criam vida. Descubra agora