V. Vermelho Como Sangue

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1875, INGLATERRA

1875, INGLATERRA

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S/D


1875, INGLATERRA


Sua respiração treme ao aceitar a mão coberta por luvas pretas estendida em sua direção. Após quase um dia de viagem, ela se sente tonta ao deixar a carruagem, mas sorri em direção a Isaac abaixo de seu rotineiro e escuro véu. Ele, entretanto, se mantém sério. Desce os pequenos degraus de madeira clara colocados na porta do veículo por aquele que guiou os cavalos, sem pressa, e encara a grandiosa e já conhecida mansão, atônita.

Com um grande e verde jardim; flores brancas, que logo irão morrer quando o inverno temeroso desse país se instalar completamente, marcam o caminho feito de pedregulhos até a entrada. Enquanto toma um longo respiro do ar inglês, tenta ver o fim da imensa propriedade, mas o casarão branco marca o centro de terras enormes. Encara novamente o homem que a pouco tocou a mão, mas ele ajuda uma outra senhorita a descer do meio de transporte.

Os cabelos ondulados caem sobre seus ombros, tão escuros e com intenso contraste com sua pele, a faz parecer ainda mais pálida embebida em tanto pó sobre o rosto de porcelana. Os ossos da clavícula saltam para fora, o vestido branco e amarelo aperta sua cintura e a moça, de olhos enormes, tem pupilas tão dilatadas que ocupam quase toda a íris amendoada. Os lábios são rosados e a ela sorri em direção a Isaac, que retribui. Nas primeiras vezes que Teodora observou essa troca de sentimentos, se sentiu enjoada, mas após dias no País de Gales e as longas horas ocupando o mesmo espaço que os noivos na carruagem, precisou deixar de lado o coração que por vezes esquece que tem. Ela ainda acredita ser o certo a se fazer. Deixa-lo ser feliz.

Há alguns dias, Isaac havia voltado para casa e apresentou a noiva, acompanhada por seu tio; e deixou seus irmãos de sangue felizes ao anunciar um casamento oficial e não apenas em palavras soltas em um papel amassado. Mas, Teodora recebeu uma visita não tão agradável assim na mesma época. Azazel. Ela não demorou a lembrar onde havia ouvido aquele nome, com certeza foi no sermão da igreja. O padre o definia como o demônio para o qual os israelitas ofereciam seus pecados em um bode, assim o animal carregava com ele todos os pecados da humanidade e estes alimentavam Azazel com as ruínas de um povo. O segundo anjo a cair, logo após Lúcifer, ajuda a guiar o local que ela mais odeia no universo.

Teodora não acredita em Deus. É difícil para ela imaginar um ser de infinita bondade e misericórdia, como fala Melitta, envia seus filhos para queimar no fogo maldito para sempre. Para ela, mais saudável é imaginar que o céu foi uma criação humana para aliviar a ansiedade de morrer, mas no final, todos após a morte, por menor que forem seus pecados, irão arder em um local de interminável dor e sofrimento.

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