Prólogo

14K 613 157
                                    

Isabel Jane

Eu estava fazendo o mesmo de todos os dias arrumando a casa e preparando tudo para quando meu pai chegasse, desde que mamãe morreu há uns 5 anos atrás eu fiquei responsável por praticamente todos os serviços de casa era um trabalho cansativo e eu agradecia por nossa casa ser pequena havia dois quartos com banheiros em cada um deles, uma sala minúscula, uma cozinha igualmente pequena e o escritório de meu pai. A casa era pequena mas pelo menos o quintal era grande e a algum tempo atrás tínhamos alguns animais, um cavalo, alguns porcos e galinhas que tiveram que ser vendidos para bancar nossas despesas nossa situação não estava muito boa e o pouco dinheiro que papai ganhava na taberna mal dava para a gente se manter .

Eu não sabia em que meu pai trabalhava para ser exata uma vez eu perguntei a ele mas o que recebi como resposta foi :

- Melhor não saber .

Fiquei com medo dele estar fazendo algo errado como roubar ou matar mas eu saberia se fosse não é?. Era isso que eu sempre falava a mim mesma mas no fundo eu sentia que não era algo bom . Meu pai havia se tornando um homem de personalidade insuportável sempre de mal humor e calado parecia que eu sempre tinha que pisar em ovos com ele.
Antes da minha mãe morrer ele não era assim sempre foi um homem difícil de poucas palavras só que antes pelo menos ele costumava me tratar melhor e até sorria o que já não acontece hoje em dia, não comigo ao menos. Nunca tivemos uma relação tão próxima de pai e filha mas havia respeito o que parece ter desaparecido nos últimos tempos. Eu nem conseguia lembrar de como era a relação dos meus pais mas na época eu achava uma relação normal só que olhando agora me parecia uma relação fria nada de demonstrações de afeto ou algo do tipo não acho que se amavam de verdade não parecia, talvez só se gostassem, eu não saberia ao certo dizer .

Quando mamãe morreu aconteceu tudo tão rápido que até hoje me pego revendo aqueles momentos horríveis para tentar lembrar de algo que talvez eu tivesse deixado passar, ela sempre foi uma mulher forte por isso certo dia quando cheguei na cozinha para ajudá-la a preparar o café da manhã me assustei quando a encontrei totalmente pálida sentada em uma cadeira.

- Mãe a senhora está bem?. Está tão pálida.

Ela forçou um pequeno sorriso e respondeu :

- Sim estou bem só um pouco cansada mas já vou melhorar.

Foi o que ela disse e alguns dias depois ela simplesmente ficou de cama com febre muito alta. O médico disse que era uma simples gripe e cansaço que ela logo se recuperaria, dois dias depois da visita dele eu a encontrei morta em sua cama enquanto levava seu café da manhã lembro que gritei pelo papai e ele logo invadiu o quarto perguntado o que havia acontecido, depois disso tudo lembro de ter começado a chorar que nem uma louca enquanto o meu pai gritava comigo para eu parar .
A minha mãe tinha morrido eu simplesmente não tinha o direito de chorar por ela?.
Depois de alguns momentos ao lado do corpo dela papai saiu batendo a porta e me deixando sozinha sem saber o que fazer, me arrastei até sua cama e deitei ao seu lado encostando a cabeça em seu peito deixei as lágrimas cairem ali mesmo depois de um tempo adormeci.

Desde aquele dia tudo que meu pai sabe e gritar comigo se ele não grita fica calado e não troca uma palavra comigo, chega bêbado todas as madrugadas me trata como a um ninguém e reclama de tudo que eu faço eu não sabia mais o que fazer pra agradar ele.
Eu sempre tratava ele da melhor forma possível embora ele não merecesse e em troca eu recebia reclamações e insultos ainda assim de alguma forma eu tentava justificar suas atitudes, que ele estava sofrendo, que sentia falta da minha mãe, estava estressado, era sempre assim.
Mas e eu ?. Não estava sofrendo?. Não tinha perdido a minha mãe?. E a única pessoa que eu tinha na vida parecia me odiar a cada dia que passava todas as noites quando ia dormir me perguntava o porquê dele me tratar assim, o que eu tinha feito de errado?. Por fim eu nunca tinha uma resposta sempre ia dormir chorando .

O destino de Isabel Onde histórias criam vida. Descubra agora