Capítulo XVII

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Boa leitura!

No andar térreo, em um dos salões destinados a pequenas recepções, havia uma longa mesa, coberta de petiscos e pratos quentes. Garçons vestidos de branco postavam-se atrás da mesa, servindo peixe grelhado, lagostim ensopado, pernil e carne assada aos visitantes famintos do bazar. Uma grande variedade de saladas e sobremesas completavam o cardápio. E, no centro da mesa, havia uma imensa poncheira de cristal, cheia de eggnog, a bebida típica da época do Natal, preparada com ovos, leite, açúcar, rum e canela.

Finalmente livre de seu posto na barraca de dardos, Jimin foi se juntar ao tio e a noiva. Os três se apressaram em comer antes que o baile tivesse início, no salão principal. Como a maior parte dos presentes já houvesse jantado, os três se sentaram a uma mesa junto à janela e saborearam a comida, comentando como estava deliciosa. Quando Jimin comeu o último pedaço de um cala, revirou os olhos de prazer, pois adorava os bolinhos de arroz bem temperados, considerados um prato típico de Nova Orleans.

- Não quer sobremesa, Jiminie? - Colfax perguntou.

Ele sorriu e pousou a mão sobre o estômago. - Não conseguiria comer mais nada - confessou.

- Pois não sabe o que está perdendo - o tio comentou. - Este sorvete com pêssego e licor está absolutamente soberbo.

O conde riu. - Se eu me atrever a experimentar algum dos doces, não vou conseguir dançar - disse, antes de virar-se para lady Seulgi. - Está com disposição para dançar, querida?

A lady assentiu, colocou a xícara de café no pires e disse. - Se vamos dançar a primeira valsa, é melhor nos apressarmos. Já ouço a orquestra afinando os instrumentos.

- Vão, vocês dois - Colfax sugeriu, apontando para a sobremesa que ainda comia. - Na minha idade, o interesse pela comida é muito maior do que o interesse pela dança.

Jimin e Seulgi riram e levantaram-se. Park inclinou-se para beijar o tio. - Vejo o senhor lá em cima, dentro de alguns minutos.

De mãos dadas, o casal subiu a escada com passos rápidos e entrou no salão no instante em que a orquestra começava a tocar. Em questão de segundos, a pista estava lotada.

- E então? - Jimin indagou, fitando a condessa nos olhos. - Vamos dançar a primeira valsa?

- A primeira e a última - ela respondeu em tom carinhoso, conduzindo-a até a pista.

Enquanto giravam ao som da valsa, Jimin lembrou-se do que as damas do comitê de organização do bazar haviam comentado sobre o belo salão. Ergueu os olhos para a noiva e disse.

- Querida, você sabia que os bailes dos crioulo se realizam neste salão? - Como estivesse olhando para ela, teve a nítida impressão de que Seulgi empalideceu, além de piscar repetidas vezes, aparentemente nervosa. Curioso, ele inclinou a cabeça para o lado e acusou. - Você já sabia.

- Pelo amor de Deus, Jiminie! Todos em Nova Orleans sabem dos bailes dos crioulos!

- Ah, sim. - Park continuou a fitá-la, perguntando-se por que a simples menção dos tais bailes a perturbava tanto. Respirou fundo e perguntou. - Você já...?

- É claro que não! - a lady respondeu, irritada. - E não acho que um cavalheiro da sua posição deva fofocar sobre esse tipo de coisa.

- Ora, Seulgi, não acha que está sendo um tanto rígida? - Como ela não respondesse, ele continuou. - Melissa Ann Ledette jura que algumas das damas mais respeitadas da cidade, tanto solteiras quanto casadas, frequentam os bailes dos crioulos.

- É possível, mas eu não saberia dizer.

- Elas vão aos bailes para escolher lindos crioulos e tomá-los como amantes. Então, instalam-nos em casinhas bem conservadas, pintadas de branco, na rua...

Segredos Perigosos [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora