QUANDO O APELIDO PEGA

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Costuma-se afirmar que o apelido só pega quando osujeito não gosta, "apela". "Apelou perdeu" é o dito popular.

São muitos os casos de brigas de moleques e até degente grande, por conta de apelidos. Eu mesmo, na infância e adolescência, cheguei a trocar uns bons tabefes porcausa disso, tanto ao ser chamado por um apelido depreciativo, como por apelidar algum colega de forma chistosa. Inclusive com um irmão.

Em todos os lugares do nosso imenso e maravilhosoBrasil, reúnem-se pessoas para praticar o esporte nacional, o futebol. Não importa a idade dos jogadores, nãotem importância se o campo é gramado ou não, se tem asmedidas certas, se é plano ou inclinado, se dispõe dasrespectivas traves, nada disso constitui empeço, tudo seresolve, tudo se arranja, tudo se improvisa, quando o assunto é armar uma "pelada".

Nesse meio então, a questão dos apelidos é uma verdadeira praga, quase ninguém escapa de receber um novonome.

Aqui vão uns poucos exemplos, começando por algunsdos mais famosos: Pelé, Garrincha, Tostão, Zagalo, Vavá,Cinquentinha, Vampeta, Dibico, Batoré, Caganeira, Cruel,Canhão, Metralha, Mamadeira, Chuchu, Balada, ET, Mixirica, Caça rato, Ganso, Pato, Animal e por aí vai.

Em certo lugar da nossa linda Pátria, onde o costumenão é diferente, nem na questão da prática do futebol enem quanto aos apelidos, havia, ali pelo final da décadade 1960, um grupo de amigos que, inapelavelmente, batiauma bolinha nas manhãs de sábado, em um campinho um tanto ou quanto mequetrefe que existia ali mesmo no bairro.

Podia-se faltar à escola, ao trabalho, mas na "pelada" ninguém faltava!

Naquele grupo tinha um sujeito, cujo nome não importa, que era muito pequeno, miúdo mesmo, e que, nãoobstante, era um dos melhores jogadores. Era lépido ehabilidoso com a pelota, sendo, por isso, muito requisitado.

Como não podia deixar de ser, devido à sua pequenaestatura, o dito indivíduo era tratado por "Baixinho".Então durante as peladas o que mais se ouvia era: "Passa abola Baixinho!"; "cruza pra mim Baixinho!"; "solta a bolaBaixinho"; "chuta Baixinho!", e tantas outras expressõesdesse naipe.

Num dia fatídico, o nosso herói chegou ao campo coma cara enfezada. Certamente a noite não fora das melhores. Como se diz por aí, a patroa deve ter dormido decalça jeans.

Assim que começou o jogo e alguém gritou: "Passa abola Baixinho", o dito cujo respondeu bravo:

- Baixinho é cú de cobra!

- Annnhnn...!!!

Imagina qual ficou sendo o apelido dele, a partir deentão.

Mas para não chocar as pessoas "comuns", quando emoutros lugares públicos, os amigos o chamavam apenas de:"De cobra".

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Por um AcausoOnde histórias criam vida. Descubra agora