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Luz

- Eu gostava que me voltasses a dar outra oportunidade. - fiquei a olhar para ele - Eu gosto de ti mais do que imaginas. Não mudou nada, só mesmo as circunstâncias.

 
- Eu confiei em ti com tudo, Herman. Eu não te disse que tinha o pressentimento que algo ia acontecer? Como é que achas que me senti?

- E eu? - respondeu por cima - Não foi nada fácil ter de te afastar, Luz. Eu pensava em ti e naquilo que estava a fazer contigo. Mas eu precisei disso, para que parassem de vez. Eu ameacei a Amalie, se ela me volta a chatear, eu vou ter problemas sérios com ela. Até agora não voltou a fazer nada. Por isso é que tive de agir, percebes?

- Quem me dera poder voltar a confiar em ti. - desviei o olhar, mordiscando o interior da bochecha - E se as coisas não voltam a ser como antes?

- Dá-me uma oportunidade. Luz, eu mostrei-te todos os dias que estava a gostar de ti. E ainda gosto. - o quarto ficou em silêncio por segundos - Deixa-me começar de novo contigo, quero mostrar-te que não sou aquele rapaz que viste durante este tempo todo. Desculpa por ter sido estúpido contigo. Deixa-me compensar.

- Não precisas de compensar nada. Só quero ter a certeza naquilo que estás a dizer e que aquilo não volta a acontecer. Ou então, se alguma coisa te estiver a incomodar, fala com alguém.

- Eu naquele momento não pensei em nada, só precisei que ficasses longe de mim para te proteger. Nem conseguia falar com eles, o Thomas é que me perguntou aqui há dias.

- Eu sei, ele falou comigo. - fiquei em silêncio, deixando escapar um suspiro - Herman, eu quero mesmo desculpar-te, mas promete que da próxima falas comigo e não fazes esta asneira. Eu avisei-te na casa de banho que não te ia perdoar.

- Eu sei...e tudo o que eu quero é estar contigo. Não quero passar mais um dia longe de ti. É uma tortura. - fiquei a olhar para ele, observando-o a estender a mão - Tréguas?

Peguei na mão dele, e assenti.

O rapaz abriu os braços e enrosquei-me neles. As saudades do conforto do abraço dele eram enormes. Nem parecia real, o que estava a acontecer.

Os lábios dele pousaram na minha testa, o que me fez dar um pequeno sorriso. Ainda estava magoada com ele, não se apagava da noite para o dia, mas queria dar-lhe uma segunda oportunidade.

Até porque ele se esforçou para vir cá a casa para se explicar e desculpar.

Finalmente tinha a razão que precisava. Pensava que era algo mais grave, no entanto era apenas o facto dela o estar a incomodar tanto.

Queria afastá-la da vida dele de vez.

Levantei a cabeça, encarando-o.

O rapaz deu um sorriso ligeiro.

Estiquei-me a si, fazendo algo que sentia saudades. Encostei os lábios nos dele, dando um beijo pequeno.

Ele voltou a olhar para mim. Reparei que ficou confuso com o que fiz.

Depois, voltou a sorrir.

- Também tenho saudades disso. - murmurou, levando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha - E olha que não beijo ninguém há um tempo.

- Não beijavas a tua querida?

- Só aconteceu uma vez, mas não significou nada. - ele deu de ombros - Organizei os meus planos da melhor maneira, para ela me deixar em paz.

- Vamos lá ver se realmente resultou. Estou a ver que ela é capaz de tudo.

Ele balançou a cabeça. 


- Só quero que saibas que a Amalie é um capítulo fechado na minha vida. Não a quero mais, espero que fiques ciente disso. - saí dos braços dele, metendo-me de frente para si - Eu quero estar contigo, acredita em mim.

Dei-lhe um sorriso pequeno.

- Está tudo bem entre nós?

- Sim. - afirmei - Quero mesmo ver como é que esta vez vai correr. Acho que nem o Connor é assim tão chato.

- Ela é uma obcecada. Não lhe vou dar mais confiança, para mim acabou.

- Fazes bem.

Arrastei-me para ele outra vez.

A mão dele apoiou na minha bochecha e nos segundos seguintes, os lábios dele atacaram os meus.

O beijo vinha carregado com um misto de emoções. Desejo, paixão, saudades principalmente.

Não queria vê-lo mais longe de mim.

O meu corpo foi deitado no colchão, o que me fez separar o beijo e sorrir. O rapaz devolveu o sorriso, voltando a roubar um beijo dos meus lábios.

Beijocou a minha bochecha e desceu os lábios para o meu pescoço. Por favor, se isto fosse um sonho, eu não queria acordar. Tanto tempo sem ele..

Os meus lábios voltaram a saborear os dele, causando as borboletas no estômago. Já tinha saudades de sentir esta sensação, perto dele.

Nunca pensei que fosse sentir raiva dele como senti naquelas semanas.

Sempre demonstrou ser um miúdo impecável, bastante positivo. Até dar uma reviravolta na vida dele.

Na minha também.

- Anda jantar comigo logo á noite. - proferiu o rapaz, beijocando os meus lábios -

- Onde?

- Isso agora... não te vou dizer. Quero levar-te num date. - um sorriso surgiu nos meus lábios, deixando-me tímida -

- Espera, tu queres que eu vá jantar fora contigo? Num date? - ele assentiu - Ó meu deus... - o rapaz começou-se a rir - Não vais dizer onde é?

- Não!

- Então, o que é suposto vestir?

- Roupa, de preferência. - revirei os olhos, ouvindo as suas gargalhadas - Vai como quiseres, estás á vontade. Ficas linda de qualquer jeito.

Mandei-lhe uma almofada contra o braço dele, sentindo as minhas bochechas  a ferver. Ele agarrou nos meus braços, beijando os meus lábios.

- E então, vens?

- Vou.

- Ótimo. Daqui a pouco vou a casa e depois venho buscar-te.

- Está bem. - beijei o rosto dele - Obrigada.

- De quê? Eu faço porque gosto de ti, miúda. - lancei-lhe outro sorriso - Mereces ser compensada. 

Luz ➳ Herman TømmeraasOnde histórias criam vida. Descubra agora