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Luz

Sentadas á mesa, saboreavamos uma pizza a cada uma. Optamos por encomendar, já que tínhamos a tarde toda.

Como combinado com a Íris de há uns dias atrás, fizemos um almoço juntas. O mesmo realizou-se em minha casa, já que não estava cá ninguém.

Sempre estávamos á vontade.

Tencionava ficar por casa, embora elas tivessem insistido para irmos tirar fotografias fora. No entanto, citei que o meu jardim era ótimo para tal.

Não sentia o meu corpo carregado com energia suficiente para andar a passear a tarde toda fora.

Andava tão em baixo, abatida novamente.

Não era suposto deixar que alguém mexesse tanto comigo, sabia o quão difícil ia ser retirá-la da minha mente.

Odiava apegar-me ás pessoas por isso, acabavam sempre por nos dar facadas. Quando menos esperavamos.

- Luz?

Levantei a cabeça, encarando a Íris.

- Ouviste o que dissemos?

- Desculpa..podes repetir? Estava distraída.

- Olha, isso sei eu! - falou séria mas ao mesmo tempo num tom de brincadeira - Não penses tanto! - desviei o olhar - Que me dizes fazermos uma sessão de cinema? Víamos uns filmes de comédia e assim.

- Eu alinho. - protestou a Bianca, antes de me deixar dar uma resposta -

- Sim, por mim tudo bem.

Recebi o olhar preocupante da Íris.

- Como é que te sentes? Não pareces que estás tão animada.

Encolhi os ombros.

- Eu adoro a ideia. - dei um sorriso pequeno - Deixem lá, eu estou bem. - encarei o prato, brincando com o garfo. A fome começava a desaparecer -

- Nota-se que estás. Não deixes que o Herman te afete tanto, ele vai perceber o que está a ser contigo. E eu não esperava nada disto dele.

- Nem eu. Nunca pensei que te fosse magoar assim. Ele mostrou ser sempre tão bom rapaz, tão animado. Do nada, uma reviravolta.

- A verdade é que sinto falta dele. - admiti - Eu já sabia que me apegar demais ia dar asneira. E eu tinha uma sensação que algo ia acontecer.

- Porra... - murmurou a Bianca - Não foi nada fixe aquilo que ele te fez na festa.

- Então é porque vocês não viram o que ele fez na casa de banho. Gritou comigo quando a Amalie apareceu á porta. É para vocês verem o poder que ela tem sobre ele. Está sempre em cima dele. - balancei a cabeça - Mas ele é que sabe o que quer, não é? Não tenho de andar a chorar pelos cantos.

- Fazes tu bem. Já sabes que lidar com uma pessoa como ele é difícil...o trabalho, as pessoas que o rodeiam. Muitas pessoas não o apoiam a cem por cento e estragam as coisas dele.
- comentou a Íris -

- Olha, pelos vistos foi ele próprio que se estragou sozinho. Preferiu perder alguém que esteve sempre lá para ele.
Enfim, chega deste assunto. - parei de lamentar - Querem sobremesa?

Ambas negaram.

Levantei-me para arrumar a cozinha, porém, as duas ajudaram-me. Enquanto optei pela loiça na máquina, a Íris guardou as bebidas e a Bianca tratou de varrer o chão.

Indiquei á Íris para tirar um ou dois pacotes de pipocas, para meter no microondas já que a nossa tarde ia ser resumida com filmes.

Parecia uma ideia agradável.

O melhor das tardes livres, era não só por ter a vivenda vazia, mas sempre dava para descontrair um bocado.

Pelo menos era um dia ao qual não levava com a pressão da escola o dia inteiro. Também tínhamos direito ao nosso descanso.

Ao fim de cerca de vinte minutos na cozinha, dirigimo-nos á sala. A Bianca sentou-se como se estivesse na própria casa, embora não me importasse, elas já eram família.

A Íris pousou uma taça, onde tinha as pipocas e no armário debaixo da televisão, havia regimento de comida.

Tirei um pacote de batatas fritas de ketchup e uma garrafa de Compal de tuti fruti.

Sentei-me na ponta, encostada ao braço do sofá, enquanto a Bianca ficou no meio e a Íris do outro lado.

A Bianca agarrou-se ao comando, entrando na Netflix. A mesma começou a procurar, e a dizer para atirarmos as nossas ideias.

Deixei-as escolher á vontade.

Luz ➳ Herman TømmeraasOnde histórias criam vida. Descubra agora