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Herman

Há cerca de vinte minutos/meia hora que não sabia da Luz. Reparei que se retirou da sala, nunca mais aparecendo.

Avistei a Bianca a dirigir-se á cozinha, o que me fez ir atrás dela. Observei-a a tirar um copo, enchendo o mesmo com água e a colocar açúcar.

Estranhei.

- Bianca, a Luz?

O olhar dela caiu em mim.

- Ela está lá em cima no meu quarto, não se está a sentir bem. Está a ter uma crise de ansiedade. - arregalei os olhos, com o que ouvira -

- Mas deu-lhe assim do nada? - a rapariga assentiu - Isso é estranho. Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu.

- O quê?


- Não posso falar disso agora, Herman. Ela depois explica-te.
- o assunto parecia sério -

- Eu mereço saber. Eu quero ir vê-la, posso?

- É melhor não. E vais saber, mas não neste momento. Deixa-a acalmar primeiro. - fiquei a olhar para ela -

Por isso é que nunca mais a vi.

Não fazia ideia que tinha a minha namorada a passar mal, só queria ir saber como ela estava. No entanto, a Bianca não deixava, levando-me a crer que tinha sido algo grave.

  - Já volto, está bem? - assenti - E fica calmo, ela daqui a nada já desce. - apoiou a mão no meu ombro, tentando tranquilizar-me -

  - Obrigado.

Voltei a ir para beira deles, sentando-me na mesa.

Só de pensar na hipótese do Connor, a raiva aumentava ainda mais. Aquele gajo andou a rondar-lhe o tempo todo.

Bati com a mão na mesa, levando a mesma ao rosto. Já não conseguia disfarçar o stress que sentia.

- Então mano? A mesa não tem culpa.

- Eu não estou para brincadeiras, Chris. Se eu sonho que foi aquele otário eu juro que lhe parto a boca.

- O que é que foi? - questionou o Thomas -

- É a Luz, que está lá em cima a sentir-se mal. Nem me deixam ir vê-la.
 

- Tem calma. - proferiu o Jonas - A rapariga vai ficar bem. Elas estão a tomar conta dela.  

  - Vocês não estão a perceber. Ele saiu daqui há bocado, como é que não pensei em nada? Estou a falar a sério, se ele entra aqui outra vez, eu nem penso duas vezes.

- Não achas que te estás a precipitar um bocadinho, Herman? - perguntou ainda o Jonas - A miúda está mal, e tu ainda queres confusão. Ela ainda se vai passar a sério contigo, é melhor manteres a calma.

- Como é que dá para manter a calma, Jonas? Ele andou de volta dela o tempo todo, pensa que não reparei!

- Está bem, mas tu não sabes ao certo o que aconteceu. Não lhe podes querer bater sem saberes a verdade.
- disse o David, desta vez -

Podiam ter razão.

Mas só pelo facto daquele filho da mãe ter saído da vivenda há pouco, fez-me pensar bastante nisso.

Não queria sequer imaginar o estado em que ela estava. Só queria ir até ao quarto, tentar ajudar.

A Theresa entrou na sala, pela expressão dela, parecia preocupada.

- Como é que ela está? - perguntei, vendo-a a sentar-se junto a nós -

- Mais ou menos. Não foi nada fácil, tentar acalmá-la. Para além da crise ainda teve um ataque de choro.

- Foi assim tão grave? - a loira assentiu - Eu quero ir lá cima, e não vou descansar enquanto não a vir. 

A nossa conversa foi interrompida, pela entrada do Connor na sala.

Levantei-me, pronto para lhe ir á cara, no entanto o Thomas limitou-se a agarrar-me.

- Herman, controla-te. - pediu o rapaz que me segurava - Não arranjes confusão hoje, foda-se.

- Eu tou capaz de o matar. - voltei a ser puxado para me sentar na cadeira - Foi ele, não foi? - a Theresa assentiu -
Então deixa-o aparecer aqui. Se pensa que sai a ganhar, engana-se.

- Respira fundo, mantém a calma. - falou o Jonas, vindo para trás de mim, dando uma chapada de leve na cara - Tu não vais fazer nada. Não queiras perder a razão ao bater nele.

- É o que ele merece. Quero lá saber se perco a razão, pelo menos aprende. E eu ainda quero saber o que aconteceu.  

- É uma coisa que tens de falar a sós com ela, Herman. - interviu a loira sentada á minha frente - E não te exaltes, para não lhe dar nada outra vez.

- Fico tudo, menos calmo. Já sei que aquele otário é o tema disto.

Sempre havia sido tranquilo, sem arranjar confusão. Mas depois de saber do estado que deixaram a Luz, principalmente por saber quem foi, só me apetecia levá-lo contra á parede e dar-lhe um soco para ver se parava.

Sabia perfeitamente o que tinha feito á ex namorada há um tempo atrás, mesmo assim, não a deixava sossegada.

Agora entendia quando ela dizia que ele parecia realmente ser obcecado.

Estava pior que a Amalie.

Ou melhor, ficavam bem um para o outro. E ainda tinha coragem de voltar a aparecer, nas maiores calmas.

Bastava fazer mais alguma coisa, podia ter a certeza que o dia não ia acabar bem para o lado dele.

Luz ➳ Herman TømmeraasOnde histórias criam vida. Descubra agora