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Luz

Dois dias passaram.

Parecia que as coisas estavam a abrandar na minha vida. Queria que continuasse assim, sem confusão á minha volta.

Conseguia controlar-me a mim mesma e ás minhas emoções, causando uma sensação de paz.

Nada comparado há cerca de uma semana atrás.

   Ainda era de manhã, as aulas haviam sido canceladas. No entanto, foi algo que nos agradou imenso.


Quinta feira, quase fim de semana, e uma folga pelo meio. Incrível não?

  Abstrai-me dos pensamentos, visto que o meu telemóvel começou a tocar.
Procurei pelo mesmo, acabando por o alcançar.

hermantommeraas


I'm here
Fixe era vires abrir a porta :)

I'm going!!


Levantei-me da cama, e apenas vesti um casaco por cima da roupa que usava. Não parecia que era pijama, visto que era um conjunto de calças e camisola num tom roxo/lavanda.

Ajeitei o cabelo, e preparei-me para ir abrir a porta ao rapaz. Confesso que me sentia nervosa, pois na primeira vez que o vi, estava lavada em lágrimas. Como era suposto encará-lo direito depois daquela situação?

Assim que a sua silhueta apareceu á minha frente, deixei que entrasse e reparei no sorriso a formar-se no rosto dele. Acabei por retribuir.

Senti um beijo a ser posto na bochecha, enquanto o abracei depois.

- Nem pareces a mesma de há uma semana atrás. Mas ainda bem, é bom ver-te assim.

- Nem me digas nada! Que pesadelo.

- Pensa que já foi tudo resolvido. - concordei com ele, fazendo com que o rapaz me seguisse até ao quarto -

Ao entrarmos na divisão, deixei apenas a porta encostada. Mesmo não estando ninguém, era hábito meu.

- Só não imaginas aquilo que a minha mãe queria fazer. - continuei, sentando-me na cama de frente para ele -

- Ela soube do caso? - assenti - E o que é que disse?

- Queria fazer queixa á polícia. Eu disse para ela ter calma e que já foi tudo resolvido. - ele mostrou-se chocado - Se não fosses tu...eu estava prestes a retribuir.

- Eu também lhe ia dar, mas depois vi que não estavas bem e para não causar mais confusão controlei-me. Eu não sou de me meter nessas confusões, mas no momento em que vi ele a tocar-te eu passei-me.

- O Connor estava fora de si. Eu já sabia que estava bêbado, por alguma razão mandei-o ir para casa.

- Ele achava que tu andavas a trai-lo?

- Basicamente sim. Aquele rapaz que estava a assistir era amigo da Bianca, e era a primeira vez que ele ia juntar-se a nós. Mas o Connor chegou na parte onde ele me estava a cumprimentar e passou-se do nada.

- Que filho da mãe. Como é que tem sido no vosso grupo? Ele diz-te alguma coisa?


- Não. E quando nos juntamos é um para cada canto, tento sempre ficar longe dele o máximo que consigo. Ás vezes trocamos olhares, mas não é nada demais. - encolhi os ombros -

- Imagino a tensão que deve ser. - balancei a cabeça - Mas tenta não demonstrar medo, e também nunca andes sozinha.

- Eu tenho sempre a companhia delas quando eles não estão connosco. Eu não tenho medo, foi só o impacto. Claro que me marcou muito, eu não esqueço. A sorte disto é o meu pai não saber de nada, porque se ele sabe acho que vai disparado á polícia.

- Está bem que a tua mãe sabe, mas era bom que ambos ficassem a saber.

- Eu pedi á minha mãe para não contar nada, pelo menos para já. Das duas uma, ou o meu pai vai fazer queixa ou mete-o no hospital. 

- Uma ou outra tanto faz. - o rapaz encolheu os ombros - Agora não podes deixar que ele ganhe. Merecia mesmo levar pelo que fez. Um gajo a tocar numa rapariga? Sou contra isso.

- Eu também! E o Connor sabia disso, sabia que eu detesto violência, mas não, limitou-se a usá-la contra mim. Eu nunca o vou perdoar, acredita.

- Fazes tu bem. - dei um sorriso pequeno - Agora uma pergunta, tu não és de cá pois não? O teu sotaque...

- Mas tu também reparas nisso? - questionei indignada, desviando o olhar, enquanto ouvia as suas gargalhadas - Não, eu não sou de cá.

- És de onde, então?

- Portugal. - ele arregalou os olhos - Sim, eu sei que tu já tiveste lá. - sorri -

- Ainda bem que sabes. Mas há quando tempo estás cá? Nunca te vi na minha vida.

- Eu também nunca te vi! Bem, estou há um ano só. Acho que é normal nunca nos termos visto, aliás, tens uma vida muito atarefada, depois o horário da minha escola também é diferente..então acho que é por isso.


- Mesmo assim. Eu costumava ir aquele bar de vez em quando..não sabia que frequentavas.

- Só comecei a ir á pouco tempo. Não era de ir a bares, os meus amigos saíam de lá sempre bêbados. - ele acabou por se rir, levando-me a fazer o mesmo - É verdade. E podes começar a ver pelo meu ex namorado. Era ele e os restantes. 

- Se vais para um bar, para alguma coisa é. - disse num tom de gozo -

- Ó, não tenho que apanhar propriamente uma bebedeira! - ele continuou a gargalhar - Então pronto, eles insistiram para eu ir. Os meus pais já conhecem o grupo e confiam neles, então comecei a ir com eles.


- Agora tens que ser honesta. Já alguma vez tocas-te em álcool quando entraste lá no bar?

- No início não. Mas eles queriam fazer a brincadeira dos shots, e só experimentei uma vez. Nunca mais!

Mais uma vez, as nossas gargalhadas misturaram-se. O Herman era um rapaz com imensa positividade e boa energia, era bom falar com ele.

- És fraquinha. Nem aguentas um copo  de shots? - balançou a cabeça - Um dia destes tenho que te ensinar como é.

- Já me queres levar para os maus caminhos e mal me conheces? - questionei, depois ri-me - Não Herman, tu não me vais pôr a beber ou a fazer o que quer que seja! - disse na brincadeira, enquanto ele se riu -


- Só uma vez! Também não é para exagerar.

- Ai meu deus, onde é que me vou meter. - fingir ser dramática, e ambos acabamos por soltar gargalhadas -

Luz ➳ Herman TømmeraasOnde histórias criam vida. Descubra agora