Capítulo 14 - Tentando entender

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Por mais que eu tentasse comprender e aceitar o que estava ocorrendo comigo , eu ficava dando voltas e mais voltas , buscando uma solução.

Ao passo de dois anos , nada de novo  acontecia; engordei muito por conta dos remédios  que a cada hora me receitavam sem nenhum sucesso , estava de certa forma meio que conformada , mas não  era fácil, porque se era uma doença  emocional o que ocorreu comigo, eu tinha motivos de sobra para tê- la contraído, porque minha mãe  nesta mesma época  teve um câncer de mama, o que de certa forma me deixou bastante abalada,

Meu pai se encarregou de me dar a notícia  sem nenhuma sensibilidade , também  nervoso e amedrontado, mas eu não entendia a forma como ele expulsou a doença  de minha mãe.  Foi cruel.

Nós  temos medo de perder quem amamos e eu sempre fui muito louca pela minha mãe, ela era tudo para mim , e eu fiquei com este terror  da perda ,  mas felizmente ela ficou boa e o cabelo que caiu foi o meu e não  o dela com o tratamento .

Estranho não?

Pois bem,  reformulando minha vida , tentando me descobrir para me curar através  de buscas dentro de mim mesmo , no que eu poderia mexer para colocar para fora e cutucando fazendo a minha auto análise , já  que dinheiro para terapia eu , pobre mortal , não  tinha, fui vivendo aceitando , porque o cabelo só  nasceu uma vez e estava todo branco , um dos tantos médicos  que eu ia me falou que era normal e que com o tempo a cor verdadeira voltaria.

A cor normal voltaria?

Coisa nenhuma , me vi mais careca do que qualquer homem com calvície; o cabelo caiu todo e aí  eu vi minha ficha ruir por terra.

Não  tinha cura . Eu estava careca mesmo e nada podia fazer  , mas estava aliviada, pois tinha a minha mãe  com saúde.

Até  que eu estava indo bem , sobretudo porque eu me virava com o meu eu e na faculdade , não  era incomodada , eu era apenas a garota do lenço.

Diante disto tudo,  eu fui me analisando era uma dor após  outra que eu tinha que lembrar .

Nem tudo eu queria recordar , mas eu achava que se me lembrasse  eu melhoraria , porque eu ia chorar mais do que eu chorava e assim  ia me curando.

Eu, também  tinha me apaixonado por um rapaz que era muito assediado , mas em se tratando de paixão  eu era a mulher que sofria por tudo e o rapaz de nome Paulo não  ajudava , porque ele gostava de mim , mas parecia que gostava das outras também  e ele foi o motivo que me levou a ir pela primeira vez em uma cartomante.

Uma colega de faculdade me indicou D. Suzana , uma senhora muito especial que me disse muitas coisas boas , mas descartou Paulo da minha vida

Nossa!

Saí  de lá  com um míriade de emoções  tomando o meu corpo.

Eu casaria duas vezes na vida.

Gente , eu ia casar , mesmo assim? Sem cabelo?  Hum , aquilo para mim representava uma esperança, um alívio.

Eu,  a romântica  iria enfim ser feliz no amor , depois de tudo.

Mas será? A dúvida  se debatia com a esperança.

Suzana me deu tanta previsão  que eu tinha certeza levaria para o resto da minha vida , no entanto na hora eu quase não  perguntava nada apenas tentava registrar em minha memória  as informações  e quando ela me perguntou se eu morava com meus pais e eu assenti então  ela me olhou e disse:

- Você  vai ter a sua casa .

Fiquei achando que em breve e muito iria me casar , já  que encontraria o amor da minha vida que não  era Paulo.

Eu não  sabia até  que ponto aquela previsão  era boa porque eu estava muito apaixonada e confesso que fiquei frustrada porque um homem mulherengo  não  estava no meu cardápio   e Paulo apesar de ser uma delícia, moreno tipo índio e com um corpo e rosto de tirar o fôlego  de qualquer mulher ,  não  me deixava opção, tinha que tentar esquecer.

Me vi inibida sem saber o que fazer com a minha paixão  frustrante, que arrastei até  dois semestres de minha vida na faculdade.

Foi difícil  esquecer porque eu sonhava com ele e sofria por ele .

Mas será  que este era um motivo para desencadear a minha doença  rara?

Eu não sabia até  que ponto era bom ou não, o fato  era que ele era mais inalcançável do que eu presumia e não era o que eu queria .

Carreguei aquele amor platônico e machuquei meu coração, esta era uma das minhas dores , mas tinha que vencer o que sentia pois  era a certeza da perda do que não era meu e do que eu não  queria para mim.

Foi duro abdicar mesmo sabendo que era correspondida , mas porque diabos eu não  conseguia acertar? Eu queria fidelidade e eu não  teria um namorado fiel.

Mas era melhor para mim.

Paulo me fez chorar muito , mas do que eu queria .

Para Deus (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora