A vida tentava sorrir para mim, mas o fato é que eu vivia triste , no meu mundo .
Eu sonhava morar no Rio de Janeiro, ser uma pessoa independente , queria me livrar daquela vida de agonia , não por meus irmãos, mas não dava para conviver com meu pai, que era só cobranças e sempre que podia me colocava para baixo. Eu era um nada.
Uma vez não teve jeito e eu me vi com um prato de comida na mesa com ele que passou a alegar a comida que eu estava comendo dizendo que eu tinha que trabalhar o dobro para pagar a comida que estava comendo.
Fiquei muito mal, a comida descia arranhando e o pior era que eu realmente estava faminta , mas ele olhava para o prato e para mim , resultado, deixei a comida no meio e sai da mesa.
Poxa ! Que coisa! toda hora era aquilo, ele falava de tudo e eu me ressentia com tudo.
Deveria está acostumada , mas eu não me acostumava , e todos lá só tinha paz quando ele estava na rua , até a minha mãe.
Por isto, eu sonhava alto , nem tinha entrado na faculdade ainda , mas sonhava com a minha liberdade , eu queria ter o meu próprio dinheiro e quando comecei a trabalhar como professora , todos contribuíam com as despesas da casa , o que eu achava mais do que justo e eu também ajudava .O problema era que meu pai queria que dessemos a metade do salário, mas minha mãe disse que não , então, cada Qual que estava trabalhando pagava uma conta.
Enquanto eu sonhava em ser uma atriz de cinema e novelas, meu pai tinha outros planos para mim. Ele queria que eu prestasse vestibular para direito , e eu sonhava com o estrelato com direito a Oscar e tudo , e eu sabia que morando no Rio de Janeiro , teria mais chances , mas estes sonhos ficaram guardados no baú do meu coração então quando chegou a hora de fazer o vestibular fiz para jornalismo em uma faculdade e direito na outra e perdi a primeira vez, só passando em direito no segundo semestre.
A verdade era que ninguém acreditava em mim , eu não tinha faro para ser advogada .
Eu sabia que era inteligente , mas a minha personalidade zen impedia de todos reconhecerem o meu valor, até porque eu nunca fui uma aluna exemplar no quesito notas.
Mas, para a surpresa de todos veio o resultado e eu passei em direito e foi mais ou menos assim:
Minha mãe passou por uma banca de revistas e viu que na manchete do jornal havia saído o resultado da Universidade a que prestei vestibular e sem dinheiro pediu ao moço para ver se eu tinha passado , óbvio que era só para ver, mas surpreendendo-a lá estava meu nome , que de cem aprovados eu fiquei em octagésimo lugar .
A reação da minha mãe foi:
- Ela passou, ela passou disse ao homem bestificada .
Se neste dia eu fiz minha mãe feliz, eu fiquei feliz, mas eu sempre recebi as boas notícias de minha vida sem deslumbramento , eu era deste jeito.
A boa nova chegou a meu pai que pirou de alegria , porque o sonho dele era ser advogado .
Minha mãe contava que ele vivia de paletó no fórum da cidade com uma pasta de advogado na mão e sabia um pouco de tudo, das leis, dos casos.
Eu estava realizando um sonho que era dele , e um misto de alívio e alguma felicidade eu senti, mas o engraçado é que todos ficaram mais que surpresos porque eu passei e passei bem , por isto é que eu achava que eles não me achavam com tanta capacidade para tal, resumindo, acho que me achavam meio burrinha.
O meu jeito lunático, o meu jeito aéreo dizia muito para todos , mas o que eu podia fazer se Deus me fez assim.
Tratei de providenciar a minha matrícula, pois passei numa universidade particular, aliás, eu não, meu pai tomou a frente de tudo, inclusive foram os dois para a matrícula, ele e minha mãe, eles estavam felizes , iam ter uma filha doutora e eu, com minha cara de paisagem que normalmente habitava a minha alma . Esta era eu , Gabriela.
Não demorou muito Deus permitiu que eu fosse aprovada na totalidade num programa chamado crédito educativo , programa que facilitava a vida dos universitários que não tinham condições de arcar com as pesadas mensalidades do curso.
Antes de passar na faculdade eu fiz um cursinho , e todos ficaram boquiabertos lá no curso , porque eu era o silêncio em pessoa , eu havia passado , fiz pontos em matemática que nem eu sei precisar como, mas acho que quando Deus quer e é para ser não há como não ser .
Até a prova de inglês que tinha cada texto enorme e eu tentava adivinhar o significado com o meu inglês de escola , mas, lá quando estava fazendo a prova, em dado momento eu parei e fiquei olhando para o nada sem saber o que responder e Deus fez com que a monitora que estava fiscalizando a sala viesse até a minha cadeira e me apontasse as respostas , praticamente a prova toda e fez sinal com os dedos em forma de silêncio o que entendi e agradeci.
Ela estava me salvando com o que sabia e ao final de trinta questões eu acertei dezoito .
Estava salva .
Os anjos de Deus agem assim , entreguei a minha prova e saí.
Nunca mais vi a moça, não sabia seu nome e não me lembrava muito de seu rosto, mas a ajuda veio e eu agradeci aos céus pelo merecimento.
Quanto à português fechei a prova , eu era boa e amava a matéria.
Agradeci a novena que fiz a Santo Antônio para passar no vestibular , fiz mais por que meu pai havia me ameaçado, que se eu não passasse eu iria se ver com ele.Entrei na faculdade aos dezoito anos , no segundo semestre , mas a minha estória começava ali e a minha fé em Deus se fortalecia após um incidente que hoje chamo de graça porque podia ter sido pior, sempre é pior.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Para Deus (Concluído)
Roman d'amourComo fazer para entender os desígnios de Deus? Gabriela trás em sua vida conflitos de vidas passadas que deverão ser resolvidos, para que possa alcançar a felicidade conjugal. E quando encontra Zyan sua vida se transformará, fazendo-a enfrentar se...