Zyan esperou eu terminar de limpar as minhas lágrimas e sem se importar com o público formado por estudantes que nos observava me guiou delicadamente até um dos sofás que ficava entre uma das salas do térreo e esperou por alguns segundos até que eu começasse a falar.
Eu o olhei como se realmente ele fosse um santo que poderia me salvar e disse:
- O pior que eu temia me aconteceu.
- O que foi?
Enxuguei meu rosto para evitar que mais lágrimas o inundassem e olhei o cara ali na minha frente e falei:
- A dona do apartamento Rosely chegou de viagem e soube da festa e me colocou para fora juntamente com Luzia. Uma injustiça, pois eu em nada pactuei com aquilo.
- Era já de se esperar pelo que você me contou , mas e a tal Luzia, onde foi? Zyan me olhava penalizado.
- Ela se foi , mas não posso ir com ela, eu , eu não posso ir com aquela maluca , tenho receio de sua vida, de com quem ela anda, nada temos em comum.
-Temos então que arrumar um lugar para que fique até amanhã. Vem comigo. Zyan ignorando olhares dos rapazes me pegou pelas mãos e subiu comigo , mas antes , já no início de subir as escadas que dava para seu quarto , fez sinal com o dedo indicador nos lábios para os rapazes , silenciando-os .
Percebi alguns deles rindo maliciosamente, mas o que eu podia fazer? Aquela hora eu até que podia tentar um lugar, mas confesso que não tinha forças , hoje não.
Subi com Zyan que com uma das mãos carregava uns livros meus e eu a minha mala onde estava tudo que me pertencia.
No quarto dele desatei a chorar mais uma vez e entre lágrimas falei:
- Sei que não posso ficar aqui, por ser uma república para rapazes e não quero te prejudicar, amanhã mesmo vou achar um lugar para ficar, não se preocupe.
- Gabriela, pode ficar por dois dias ou mais, os rapazes nada falarão, mas é melhor você ter seu canto, e vou te ajudar , mas amanhã, agora você está muito nervosa e precisa descansar. Quer tomar um banho?
Balancei a cabeça sentindo que já tinha vivido aquela cena, e grata porque mais uma vez recebi ajuda.
Mais tarde , acomodada na cama , deslocando Zyan de seu canto mais uma vez procurei acomodar em minha cabeça a peruca que não tinha tirado e nem tiraria por nada; eu queria me sentir mulher para aquele homem, nada de bandana na cabeça.
Eu o olhava e me sentia feliz por sua proteção, porque em vez de descer para ficar com os colegas, jogando conversa fora, ficou ali comigo me paparicando.
Pensei comigo mesmo, aquilo era real?
Eu não estava acostumada a ser bem tratada por um homem, e ainda mais bonito .
Aquele gesto raro, a forma como me tratou e cuidou de mim , me emocionou e me fez me sentir amada, querida e acima de tudo acordou um sentimento que eu sequer podia imaginar que poderia ocorrer numa situação tão inusitada.
A emoção tomou conta de mim mais ainda quando
Zyan me envolveu com uma manta , pois o cobertor que trouxe não era o suficiente para sanar o frio de uma noite cuja temperatura havia mudado de repente.
Fiquei a ouvir o barulho da chuva e consequentemente o barulho do meu coração.
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Para Deus (Concluído)
RomanceComo fazer para entender os desígnios de Deus? Gabriela trás em sua vida conflitos de vidas passadas que deverão ser resolvidos, para que possa alcançar a felicidade conjugal. E quando encontra Zyan sua vida se transformará, fazendo-a enfrentar se...