Eu tinha mania de cantar, inventar as minhas próprias músicas, mesmo sem sentido, mas achava bem bonitinho , era uma forma de me centrar em alguma coisa para não pensar nas minhas tristezas , coisa besta mas que me fazia bem .
Um dia meu pai me viu cantarolar enquanto ele estava reclamando com o meu irmão. Eu não imaginava que ia dar problema , eu era desligada em demasia e estava lavando os pratos , porque lá em casa cada Qual ficava com uma parte da cozinha e eu era a que lavava os pratos de noite.
Não sei porque não calei a minha boca , não me toquei , e só me dei conta quando recebi um tapa pelas costas .
Meu pai estava furioso:
- Me respeite, está cantando porque?
Engoli o choro,porque o tapa doeu e o susto me tirou do meu transe.
Acabei de lavar os pratos, limpei a cozinha e fui dormir chorando , o tapa estava ardendo .
Eu nem sei o porquê meu irmão levou um esporro , eu só sei que naquela noite nós dois fomos dormir chorando.
A verdade era que eu chorava por qualquer coisa, sempre fui muito sensível, demorei a dormir e me senti mais uma vez injustiçada.
No dia seguinte , fiquei como se fosse um zumbi, era sábado, mas não tinha está estória de acordar mais tarde. De segunda a domingo meu pai nos acordava às cinco da manhã .Eu me revoltava, mas por dentro e aí de nós , de falar alguma coisa.
Lá em casa as coisas funcionavam assim, se retrucava alguma coisa era uma ofensa terrível, éramos ousadas e se ficássemos caladas quando recebíamos uma reprimenda era porque era cínica, simplesmente era difícil como agir para agradar o meu pai . Este fato se referia a mim.
Se tínhamos muita amizade com mulheres , éramos sapatão e se tínhamos muita amizade com homens, éramos puta, e isto valia também para o meu irmão e minha mãe que se viu cismado com o fato de minha prima ser alvo das malicias de meu pai, até ela não escapou do delírio dele que acreditava em sua mente doentia .
Realmente eu não conseguia compreender a sua personalidade, saia bem e voltava com o diabo no corpo.
Minha mãe também sofria muito com os transtornos de meu pai , mas ela era a mulher dele , de certa forma devia saber como lhe dar com ele, mas eu não, infelizmente eu não entendia e só acumulava dor , principalmente , quando o mesmo chegava atacado e sem ter nem para quê desligava a televisão na nossa cara e mandava a gente dormir.
Às vezes era uma novela, que era menos mal , mas quando era um filme ,que eu amava, eu ficava fula da vida e ficava na cama imaginando o final do filme , porque quando era novela, a gente tinha como acompanhar os capítulos no dia seguinte em que ele deixava e que ele estava na rua ou de bom humor.
Nós , digo eu e meus irmãos não saíamos e a televisão era uma distração , víamos de tudo , foi nesta época que eu e minha prima nos apaixonamos por voley e corridas de carro, mas se meu pai estivesse em casa , ou no quarto, e quando estávamos nos achando, vibrando felizes da vida , lá vinha ele e desligava a TV, numa falta de educação tremenda.
Era triste , então , eu ia para minha cama , para a minha parte do beliche e acendia a luz, pegava um dos meus romances e ia ler até o sono chegar, mas era raro conseguir ler, porque ele vinha até nosso quarto e reclamava , desligava a luz e o breu da noite tomava conta de mim.
Não sei por minhas irmãs e meu irmão, mas eu custava a pegar no sono e chorava que tinha sem entender se meu pai estava certo ou errado.
Ah! Eu me sentia muito frustrada , quando acontecia estas coisas, eu devia estar acostumada, mas eu nunca me acostumava , eu não entendia, aliás ninguém entendia nem mesmo a minha mãe.
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Para Deus (Concluído)
RomanceComo fazer para entender os desígnios de Deus? Gabriela trás em sua vida conflitos de vidas passadas que deverão ser resolvidos, para que possa alcançar a felicidade conjugal. E quando encontra Zyan sua vida se transformará, fazendo-a enfrentar se...