Capítulo 6 - Um pouco da minha vida em casa com meu pai.

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Eu tinha mania de cantar, inventar as minhas próprias  músicas,  mesmo sem sentido, mas achava bem bonitinho , era uma forma de me centrar em alguma coisa para não  pensar nas minhas tristezas , coisa besta mas que me fazia bem .

Um dia meu pai me viu cantarolar enquanto ele estava reclamando com o meu irmão.  Eu não  imaginava que ia dar problema , eu era desligada em demasia e estava lavando os pratos , porque lá  em casa  cada Qual ficava com uma parte da cozinha e eu era a que lavava os pratos de noite.

Não  sei porque não  calei a minha boca  , não  me toquei , e só  me dei conta quando recebi um tapa pelas costas .

Meu pai estava furioso:

- Me respeite, está  cantando porque?

Engoli o choro,porque o tapa doeu e o susto me tirou do meu transe.

Acabei de lavar os pratos, limpei a cozinha e fui dormir chorando , o tapa estava ardendo .

Eu nem sei o porquê meu irmão  levou um esporro , eu só  sei que naquela noite nós  dois fomos dormir chorando.

A verdade era que eu chorava por qualquer coisa, sempre fui muito sensível,  demorei a dormir e me senti mais uma vez injustiçada.

No dia seguinte , fiquei como se fosse um zumbi, era sábado,  mas não  tinha está estória  de acordar mais tarde. De segunda a domingo meu pai nos acordava às cinco da manhã .Eu me revoltava,  mas por dentro e aí  de nós , de falar alguma coisa.

Lá  em casa as coisas funcionavam assim, se retrucava alguma coisa era uma ofensa terrível, éramos ousadas e se ficássemos  caladas quando recebíamos uma reprimenda era porque era cínica,  simplesmente era difícil como agir para agradar o meu pai . Este fato se referia  a mim.

Se tínhamos muita amizade com mulheres , éramos  sapatão  e se tínhamos muita amizade com homens, éramos  puta, e isto  valia também  para o meu irmão e minha mãe que se viu cismado com o fato de minha prima ser alvo das malicias de meu pai, até ela não escapou do delírio dele que acreditava em sua mente doentia .

Realmente eu não  conseguia compreender a sua personalidade,  saia bem e voltava com o diabo no corpo.

Minha mãe  também  sofria muito com os transtornos de meu pai , mas ela era a mulher dele , de certa forma devia saber como lhe dar com ele, mas eu não,  infelizmente eu não  entendia e só  acumulava dor , principalmente , quando o mesmo chegava atacado e sem ter nem para quê  desligava a televisão  na nossa cara e mandava a gente dormir.

Às  vezes era uma novela, que era menos mal , mas quando era um filme ,que eu amava, eu ficava fula da vida e ficava na cama imaginando o final do filme , porque quando era novela, a gente tinha como acompanhar os capítulos no dia seguinte em que ele deixava e que ele estava na rua ou de bom humor.

Nós  , digo eu e meus irmãos  não  saíamos e a televisão  era uma distração   , víamos de tudo , foi nesta época que eu e minha prima nos apaixonamos por voley e corridas de carro, mas se meu pai estivesse em casa , ou no quarto, e quando estávamos nos achando, vibrando felizes da vida , lá  vinha ele e desligava a TV,  numa falta de educação tremenda.

Era triste , então , eu ia para  minha cama , para a minha parte do beliche e acendia a luz, pegava um dos meus romances e ia ler até  o sono chegar, mas era raro conseguir ler, porque ele vinha até nosso quarto e reclamava , desligava a luz e o breu da noite tomava conta de mim.

Não  sei por minhas irmãs e meu irmão,  mas eu custava a pegar no sono e chorava que tinha sem entender se meu pai estava certo ou errado.

Ah! Eu me sentia muito frustrada , quando acontecia estas coisas, eu devia estar acostumada, mas eu nunca me acostumava , eu não entendia, aliás  ninguém entendia nem mesmo a minha mãe.

Para Deus (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora