18 - Despedida

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Maya on:

     "Porém, depois de perder as memórias sobre mim, começou a me tratar melhor."

     Luther não lembrava do passado, ele estava sendo melhor. E, mesmo isso sendo bom, era o problema. Ele não lembrar do quanto me fez sofrer, do quanto foi cúmplice das minhas derrotas, dos castigos, das dores, dos sofrimentos... Não só meus. Dela também. E dos outros também? Quem sabe. Todos já foram cúmplices das dores dos outros. A questão nunca foi a quantidade, mas a qualidade dos momentos de sofrimento. Ele não merecia Allison, mas ao mesmo tempo eles se mereciam. Todos ali se mereciam, como conhecidos, como irmãos de pais diferentes, como uma família. 

     Sei que o papai não era um exemplo muito digno de sua nomenclatura: "pai", porém, era o que tínhamos... Nossa mãe, também não era, "normal". Nossas relações também não. Irmãos criados debaixo do mesmo teto, tratados de maneiras distintas, bem distintas.

     Luther era o queridinho, o Um, o "líder", o que papai levava no local preferido, o que passou longos anos com ele. O... mimado? Ele também era retraído, mas apresentava confiança, fazia de tudo pelos seus ou pela Allison. Ele tinha a força física, porém, buscava a força para falar o que sentia. Era bom de coração, mas se deixava levar buscando o reconhecimento do velho.

     Diego era o revoltado? Com o mundo, com o papai, com Um, com Vanya, com tudo? Ele queria ser o herói das histórias, protegia os que não conseguiam fazê-lo por si só. Apegado, mas independente. Não era a simpatia em pessoa, mas estaria lá se quisesse. Quando ele se importa com a pessoa, que bom. Quando ele não gosta da pessoa, boa sorte.

     Allison era a Allison. Dona? Ela tinha o que queria. Seu poder poderia consumi-la em busca do controle. Porém, ela tinha o lado humano, o lado carinhosa, o lado parceira, o lado Allison de verdade. Ela era amiga, ouviria você. Dando alguns pitacos? Talvez... mas ajudaria como pudesse.

     Klaus era o irresponsável. Era? Ele tinha seus momentos. Ele "aproveitava" a vida, vivendo outra realidade. Mas é aquele que vai te apoiar, te fazer rir até a barriga doer, é o descontraído. Ele era solidário, percebia coisas que poucas pessoas enxergam... a fome. *kkkkkkk

     Cinco era? É rabugento e orgulhoso, se acha o melhor. Sempre foi e sempre será. É o jeito dele de ser. Era um menino observador, quando queria. Gostava de passar o tempo pensando sobre o mundo, que nem conheceu direito. Apesar de tudo o que ele faz ou diga, ele se importa. Não o bastante para pedir desculpas ou ajudar na hora, mas o bastante para voltar no tempo e tentar salvar a família, que ele tanto implicava, de um apocalipse.

     Ben... o que dizer? Mesmo com tantas dificuldades e receio... Ele era responsável, transmitia leveza, era um amigo incrível, um alguém que você podia contar em todos os momentos e realidades possíveis. Até depois de ir. Não estou dizendo que não tinha defeitos. Mas suas qualidades eram as coisas marcantes de tê-lo ali. Com você.

     Vanya... Minha irmãzinha. Por quê? Ela era normalmente única, não precisava de poderes para ser especial. Não vivia sorrindo, mas observava. Às vezes, seu estresse era evidente. Seu sentimento de solidão, também. Mas ela era atenciosa. Com todos.

     E eu? Eu sou a que tento ver as coisas com as perspectivas dos outros. Tenho aspectos de todos. Sou a menina que quer ver o mundo como um lugar bom, com pesssoas boas. Por isso, tento ser uma delas. Sou assim. Gosto de ver os outros felizes, isso alimenta a minha felicidade. Não suporto as mentiras, se confio em alguém ou não confio, é difícil eu mudar o lado e passar a não confiar ou confiar. Sou uma pessoa com vontade de salvar o mundo todo do mundo inteiro, sei disso.

     A raiva começou a me invadir vendo aquela cena, foi ficando cada vez mais forte. A fúria começou a surgir. E em milésimos de segundos, o ódio foi instaurado.

The Umbrella Academy -  número ZeroOnde histórias criam vida. Descubra agora