CAPÍTULO 10

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Festa do pijama!

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Festa do pijama? Quem mais no século XXI, faz isso? Principalmente, dois garotos? Lucas deve ter algum problema, não é possível. A semana passada se passou muito rápido e quase não conversei com Lucas, por estarmos focando nos estudos. As provas estão se aproximando e precisamos de notas boas. Hoje - segunda-feira - se inicia com mais uma aula de matemática. Geralmente eu gosto das aulas de matemática, mas hoje tudo parece estranho.

— Pensando em mim? — Lucas vira sua cadeira e sorrir. O encaro sem expressão.

— Nem sei no que estava pensando. — Assumo sorrindo. — Aquilo de festa de pijama é sério? — Falo baixo, para a turma não ouvir. Hoje novamente André faltou. Já estou começando a me preocupar com isso.

— É sim... Não é bem festa de pijama, já que dormimos pelados. — Ele gargalha muito alto.

— Os dois aí? Querem dividir a conversa com a turma? — A professora pergunta e sinto meu rosto ferver, ao ver toda a turma nos observando. Gabi e Ellen estão comprimindo as risadas.

— Desculpa... — Peço envergonhado e encaro o caderno. Foco nos teoremas de tales que tenho para responder e assim meus pensando são substituídos com números, retas e mais número.

Saímos os 4 para o intervalo, mesmo que ele não sente com a gente, ele sempre nos acompanha para o refeitório. Uma coisa estranha, mas que talvez seja coincidência é: André não veio, nem Marcelo. Os dois faltaram aula hoje. Ellen conta que conseguiu se acertar com o namorado, mas isso deixa meu coração apertado, pelo sei sobre ele.

— Por que Lucas está olhando estranho para nós? — Gabi pergunta. Paro de comer meu pão de queijo e me viro para a mesa em que ele está com os amigos. Apenas meninos e eles olham diretamente para mim. São os meninos do time de futebol.

— Não sei... — Respondo voltando a comer. Lucas às vezes é bem esquisito, mas... quem, não é?

Depois do intervalo as duas últimas aulas se passam bem rápidas. Minha amizade com as meninas é boa, porque a gente não é grudado um nos outros – exceto Gabi e Ellen. –, mas sempre que um precisa, sempre nos unimos. Ao invés de seguir para casa, segui para o centro, onde André mora. Espero que ele esteja vivo. Desde ontem à noite que ele não se manifesta no grupo.

— Olá seu Marcos? — Sorrio para o porteiro.

Ele nem interfona para avisar. Subo impacientemente com o calor, que em poucos minutos se tornará frio. Bato na porta do apartamento 72. Espero uns dois segundo e ouço passos pesados se aproximando. André está vivo! Ele está com cara de cansado, mas com um sorriso no rosto. Entro e cumprimento ele. Começamos a conversar e ele conta o porquê faltou hoje. Marcelo passou a manhã transando com ele, eu preferia não ter ouvido isso. Almocei com ele e depois tomei um banho.

Eu estou muito confuso, até poderia desabafar com ele. Contar o que rola entre mim e Lucas, mas não me sinto confiante para pensar ou falar sobre isso em voz alta.

Antes das 18h me despedi dele e da sua mãe, que é muito legal, pelo menos comigo. O cara do uber é bem legal, mas eu não gosto muito disso. Ele puxa assunto, sorrir sozinho. Ele parece estar chapado, mas duvido muito que seja... bom eu espero. Em poucos minutos chegamos na porta da minha casa.

— E aí? Tem um cafezinho com pão aí? — Pergunta me devolvendo o troco.

— Bah! Não tem! — Sorrio de volta e ele faz um biquinho engraçado.

— Que triste... estou com fome. — Bufa de frustração. — Boa noite guri. — Ele sorrir. Sorrio de volta e saio do carro.

Jogo minha bolsa em cima da cama e logo começo a fazer uma pequena mochila, para levar para a casa de Lucas. Estou fazendo isso sem saber se meus pais deixam. Entretanto, é melhor deixar tudo pronto. Uniforme da escola ok! Escova de dente, ok! Carregador, ok! Toalha, ok! Acho que está tudo pronto. Ouço um trovão retumbar lá fora e tomo um pequeno susto. Exatamente quando meus pais chegam, a chuva fica mais intensa lá fora.

Quase Clichê - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora