CAPITULO 22

395 41 12
                                    

Se conhecendo realmente.

__

Eu acho tudo isso tão injusto! Não é porque eles são meus pais, que podem me prender. Que podem ditar minha vida. Que podem mandar em mim. Eu odeio tudo isso. Eu tenho consciência do quanto doeu na minha mãe, quando eu a chamei de "Mariana" e não de mãe. Desde o dia em que ela apoiou meu pai, assim como ele deixou de ser meu pai, ela deixou de ser minha mãe. Uma mãe não quer a infelicidade do filho e sim a felicidade. Fugir para me encontrar com Lucas, já virou rotina. Já faz uma semana ou mais, que fazemos isso e de certo modo gostamos. Traz uma adrenalina para ambos.

— Lembra de quando eu te emprestei meu uniforme de esporte? — Lucas pergunta fazendo carinho no meu cabelo. Por ser terça-feira e meus pais estarem trabalhando, eu vim para o Jardim botânico com Lucas. Minha mãe conseguiu me liberar para vir ao jardim, mas teria que ligar a cada 30 minutos, para ela conferir se eu estava sozinho.

— Lembro sim... — Respondo sorrindo. Isso parece que foi éons atrás, mas foi a menos de quatro meses.

— Eu não te deixei lavar, só para não perder seu cheiro. Não lavava, para não perder seu cheiro... — Conta e eu me viro para o encara. Colo nossos lábios.

— Isso é tão nojento... — Torço o nariz e ele gargalha. — Mas fofo também... e estranho...

— Chega de me julgar, né? — Ele fala num tom divertido.

— Bom... eu tinha ciúmes de você e da Gabriela... — Assumo e ele sorrir.

— Eu sabia que por trás de toda aquela marra e arrogância, você me amava e ama. — Se vangloria.

— Ah meu Deus!!! Eu sou arrogante? É sério? Quer morrer? — Finjo está chateado pelo comentário.

— É sim e não tem quem negue, mas eu te amo assim mesmo... — Ele sorrir e não resisto e sorrio também.

Falo que sou apaixonado por seus sorrisos e ele sorrir mais ainda. É incrível como o tempo passa voando, quando estou com ele. Conto sobre minha mãe, ter o visto pulando o muro. Não conto sobre a discussão entre nós. Passeamos um pouco de mãos dadas pelo parque. A única hora que não precisamos fugir, para nos encontrar é na escola. Ontem eu e Lucas faltamos a escola. Eu por fingir está doente e ele... bom, eu não sei qual foi sua desculpa. Hoje foi normal até... meus amigos tentam me animar pessoalmente, já que não podemos mais conversar por mensagens.

Não sei se minha mãe conversou com o ogro do meu pai, sobre meu namoro com Lucas. Tenho certeza de que ele sabe que eu me encontro com ele, mas se faz de cego. Uma coisa que ele faz muito bem, assim como minha mãe. Eu acho que, na verdade, eles sempre souberam ou tiveram essa dúvida, mas nunca quiseram falar nada. Talvez por acharem que só iria me influenciar mais ainda. Não sei como meu pai se formou em medicina, com um cérebro tão pequeno..., irei nem citar minha mãe, que é advogada. Ela sabe que o que estão fazendo é crime. Estão me mantendo preso em casa, por exatamente nada..., na verdade, por eu ser quem sou... O que eu sou?

— Nos vemos amanhã? — Lucas pergunta beijando minha testa. Assinto e sorrio.

— Só na escola, pois amanhã é folga da minha mãe... e...

— A gente não pode se ver... — Ele completa decepcionado. Assinto e sinto brotarem lágrimas nos meus olhos.

— Isso tudo é tão injusto... meus pais... Isso é minha vida e não deles... — Desabafo e ele me abraça. Seu peito é meu porto seguro. É onde me sinto seguro e amado.

— Muito injusto..., mas vai ficar tudo bem... — Ele fala, mas sem muita certeza.

— Eu odeio isso...

Quase Clichê - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora