CAPITULO 18

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Fofoca na escola.

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Fofoca é pior que fogo em um lugar cheio de madeira. Pior ou igual a fogo em um posto de gasolina. Começa com uma conversinha em grupo, depois passa para outro, depois para outro. No meio dessa transferência de conversa, coisas vão sendo alteradas e muito aumentadas. Ao ponto de um simples "idiota", se transformar em um "ele te ameaçou de morte". É assim que a fofoca funciona.

A sexta-feira não poderia começar de maneira pior, que todo o colégio encarando, eu e Lucas, quando entramos. Lucas não estranha, por ser sempre o centro das atenções, mas eu sim. Eu sei diferenciar o olhar de admiração e o olhar de julgamento. Esse último é justamente o olhar dos alunos do CEP.

— Por que a escola está olha do para nós 5? — Gabi pergunta.

— Porque estamos andando com o gostosão e famosinho: Lucas! — André responde com animação. Lucas não ouviu essa pequena conversa.

Algumas meninas me olham de baixo a acima e depois a Lucas. Realmente isso é estranho. "Que desperdício" é o que o olhar deles parece dizer. Tomo um pouco de água, antes de entrar na sala. Vejo dois meninos gargalhando, mas param ao me ver. Mas ouvi algo tipo: "comer ele", algo do tipo. Às vezes, essas pessoas são sem sentidos. Vejo Paulo e ele vem em minha direção, parecendo preocupado.

— É verdade? — Pergunta parando do meu lado. Paro de encher a garrafa de água e o encaro sem entender.

— O que é verdade? — Questiono de volta.

— Sobre você e ele. — Ele aponta na direção de Lucas. Mesmo tendo beijado Paulo, sinto meu coração gelar e meu estômago se revirar. Isso é só coisa da minha cabeça... Não pode ser verdade.

— Que somos amigos? — Pergunto com certa dificuldade. E se tiverem descoberto?

— Não... que vocês são namorados. — Responde. Minha respiração falha por um minuto.

Alguém descobriu e saiu espalhando pela escola. Por isso todos os olhares estranhos na entrada. Por isso todos as conversas cortadas quando eu me aproximava. Segundo Paulo, a fofoca que está rolando é que eu e Lucas ficamos no dia da festa dele, há meses. Não é tão mentira assim, mas a parte em que nós dois estávamos drogados, é totalmente descabível. Deixo Paulo falando sozinho e caminho o mais rápido que posso até Lucas.

— Precisamos conversar! — Arrasto Lucas do ciclo de amigos dele.

Ele reclama do modo brusco que o puxei, mas ignoro. Todos os olhares são voltados para nós, principalmente por eu estou segurando sua mão. O solto e peço para ele me seguir. Tranco a porta do banheiro e respiro fundo.

— Sabe por que as pessoas estão fofocando e nos olhando? — Pergunto tomando fôlego. Eu realmente estou entrando em desespero.

— Por que eu sou muito gostoso e todos me amam? — Fala cheio de si. Reviro os olhos e me encosto na bancada, onde fica o lavatório de mãos.

— Errado! Nós dois somos os motivos das risadas! — Respondo com lágrimas nos olhos. Pensar que isso pode se expandir, para fora da escola e ir parar nos meus pais, me deixa aterrorizado.

— Como assim "nós"? — Pergunta se aproximando.

— Os novos veadinhos do CEP. — Conto e ele parar de andar. Vejo um pouco de medo em seus olhos, mas logo se tornam indecifráveis.

Conto as duas histórias que ouvi de Paulo a Lucas. A primeira, é que ele me deu droga e nós dois ficamos chapados e ficamos, desde então fazemos isso frequentemente, no banheiro da escola - ??? -, e pode ter rolado até sexo nesse dia. A outra é que eu e Lucas temos um caso e já transamos diversas vezes - ??

Quase Clichê - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora