Fofoca na escola.
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Fofoca é pior que fogo em um lugar cheio de madeira. Pior ou igual a fogo em um posto de gasolina. Começa com uma conversinha em grupo, depois passa para outro, depois para outro. No meio dessa transferência de conversa, coisas vão sendo alteradas e muito aumentadas. Ao ponto de um simples "idiota", se transformar em um "ele te ameaçou de morte". É assim que a fofoca funciona.
A sexta-feira não poderia começar de maneira pior, que todo o colégio encarando, eu e Lucas, quando entramos. Lucas não estranha, por ser sempre o centro das atenções, mas eu sim. Eu sei diferenciar o olhar de admiração e o olhar de julgamento. Esse último é justamente o olhar dos alunos do CEP.
— Por que a escola está olha do para nós 5? — Gabi pergunta.
— Porque estamos andando com o gostosão e famosinho: Lucas! — André responde com animação. Lucas não ouviu essa pequena conversa.
Algumas meninas me olham de baixo a acima e depois a Lucas. Realmente isso é estranho. "Que desperdício" é o que o olhar deles parece dizer. Tomo um pouco de água, antes de entrar na sala. Vejo dois meninos gargalhando, mas param ao me ver. Mas ouvi algo tipo: "comer ele", algo do tipo. Às vezes, essas pessoas são sem sentidos. Vejo Paulo e ele vem em minha direção, parecendo preocupado.
— É verdade? — Pergunta parando do meu lado. Paro de encher a garrafa de água e o encaro sem entender.
— O que é verdade? — Questiono de volta.
— Sobre você e ele. — Ele aponta na direção de Lucas. Mesmo tendo beijado Paulo, sinto meu coração gelar e meu estômago se revirar. Isso é só coisa da minha cabeça... Não pode ser verdade.
— Que somos amigos? — Pergunto com certa dificuldade. E se tiverem descoberto?
— Não... que vocês são namorados. — Responde. Minha respiração falha por um minuto.
Alguém descobriu e saiu espalhando pela escola. Por isso todos os olhares estranhos na entrada. Por isso todos as conversas cortadas quando eu me aproximava. Segundo Paulo, a fofoca que está rolando é que eu e Lucas ficamos no dia da festa dele, há meses. Não é tão mentira assim, mas a parte em que nós dois estávamos drogados, é totalmente descabível. Deixo Paulo falando sozinho e caminho o mais rápido que posso até Lucas.
— Precisamos conversar! — Arrasto Lucas do ciclo de amigos dele.
Ele reclama do modo brusco que o puxei, mas ignoro. Todos os olhares são voltados para nós, principalmente por eu estou segurando sua mão. O solto e peço para ele me seguir. Tranco a porta do banheiro e respiro fundo.
— Sabe por que as pessoas estão fofocando e nos olhando? — Pergunto tomando fôlego. Eu realmente estou entrando em desespero.
— Por que eu sou muito gostoso e todos me amam? — Fala cheio de si. Reviro os olhos e me encosto na bancada, onde fica o lavatório de mãos.
— Errado! Nós dois somos os motivos das risadas! — Respondo com lágrimas nos olhos. Pensar que isso pode se expandir, para fora da escola e ir parar nos meus pais, me deixa aterrorizado.
— Como assim "nós"? — Pergunta se aproximando.
— Os novos veadinhos do CEP. — Conto e ele parar de andar. Vejo um pouco de medo em seus olhos, mas logo se tornam indecifráveis.
Conto as duas histórias que ouvi de Paulo a Lucas. A primeira, é que ele me deu droga e nós dois ficamos chapados e ficamos, desde então fazemos isso frequentemente, no banheiro da escola - ??? -, e pode ter rolado até sexo nesse dia. A outra é que eu e Lucas temos um caso e já transamos diversas vezes - ??
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Quase Clichê - vol. 1
Romance(LIVRO COMPLETO E REVISADO) - Duologia livro 1. Guilherme mora em Curitiba desde que se entende por gente. Nunca fora um garoto extrovertido, mas sempre teve seus três fiéis escudeiros. Agora com 14 anos, Guilherme acabará de entrar no ensino médio...