Assumir o namoro me assusta!
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(este capítulo contém cena de abuso sexual)
Mesmo namorando, eu não sei como funciona isso. Meus amigos sabem, os amigos dele sabem, ninguém mais além desses sabem. Já tentei pensar na possibilidade contar aos meus pais e qual seria a provável reação deles. Tem tantas chances para ser uma boa reação, quanto para ruim. Meus pais, pagam de pais mente abertas, mas eu sei exatamente que não é bem assim. Lucas me disse que sou gay, assim como meus amigos e o que penso? Bom... eu namoro um garoto, então sou gay? Se é assim, por que sinto que ainda não é isso?
Não é que eu tenha parado de achar as garotas bonitas, pelo contrário, continuo achando-as bonitas e sinto que elas me atraem. Isso é tão confuso, que minha cabeça dói só de tentar pensar. "De tempo, ao tempo", é fácil falar quando não é você passando por algo. Lucas não fala nada dele em relação a isso, ele diz que sim, eu sou gay. Mas se eu sou gay, ele também, não é?
— Vamos para o Jardim botânico? — Ele pergunta me tirando do transe. Estamos na sua casa, já que hoje é domingo e meu pai está de folga. É estranho está nesse quarto, sabendo que ontem, não estávamos jogando vídeo game e sim transando.
— Claro! — Sorrio deixando o controle de lado.
— Vou vestir uma roupa e a gente vai, tudo bem? — Fala me dando um selinho. — Ou prefere ficar aqui e fazer mais sexo? — Pergunta ficando só de cueca, enquanto procura a roupa.
Observo o corpo dele de costa para mim e sorrio lembrando de ontem. Eu bem que queria, mas deixa para outra hora. Ele continua andando um pouco estranho, mas não é só ele que está machucado, eu também me machuquei, por forçar demais. Enquanto chamo o Uber, Lucas discuti com os pais no telefone. Finjo não ouvir, mas é impossível não ouvir ele gritando, pedindo mais dinheiro
— Eu. Não. Estou. Nem. Aí..., a mamãe, me poupe... quer saber? Tchau...
Antes dele encerrar a ligação, aviso que o Uber chegou e saímos da sua casa. Ele não fica de mãos dadas comigo dentro do Uber, nem está com o sorriso que eu amo. Ele está de cara fechada e impaciente. Eu espero nunca te chatear, Lucas. Não sei do que você é capaz e tenho medo só de pensar.
O jardim botânico estar um pouco cheio por ser domingo. Tento pegar na sua mão, mas ele as coloca dentro do bolso e eu faço o mesmo. O que eu fiz? Caminhamos para a parte do lado, que é onde dá para sentar-se na grama e é onde sempre ficamos. O dia está lindo. O céu está azul e o sol está agradável. O azul do céu, me lembram muito os olhos do meu namorado e sorrio com esse pensamento.
— Seus olhos são tão lindos quando esse céu. — Comento sentando-se no chão. Ele olha para o céu e depois para mim. O mau-humor some e ele sorrir. Ou talvez tenha se escondido.
— Eu te amo! — Ele cola nossos lábios.
— Eu te amo Lucas! — Digo e ele sorrir. — Apesar dessa sua mudança de humor repentina. — Deixo escapar e ele me encara impaciente.
— Você está igual a meus pais. Vai a merda. — Ele se deita na grama. Engulo em seco, penando em levantar-se e ir embora.
— O.k... — Me limito a falar e me levanto.
— Desculpa... eu só estou meio cheio deles, desculpa de verdade. — Ele me segura pelo punho. Não é tão forte e eu conseguiria ir embora, mas não faço.
— Eu não sou eles, Lucas. Então, por favor, me trate com respeitado ou então tchau. — Desabafado. — Eu não sou seu saco de pancadas. Eu amo você, mas nem tudo eu vou aguentar ou aturar.
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Quase Clichê - vol. 1
Romance(LIVRO COMPLETO E REVISADO) - Duologia livro 1. Guilherme mora em Curitiba desde que se entende por gente. Nunca fora um garoto extrovertido, mas sempre teve seus três fiéis escudeiros. Agora com 14 anos, Guilherme acabará de entrar no ensino médio...