CAPÍTULO 7

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Jantar fora de casa.

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Se tem uma coisa que raramente acontece – quando digo raramente, é porque, é muito raro mesmo –, é meus pais ficarem de folga no mesmo dia e hoje quarta-feira, os dois estão de folga. É um saco, principalmente porque a escola avisou ontem, que na quarta-feira – hoje –, haveria uma minirreforma no banheiro e por isso não tem aula.

— Um amigo meu me chamou para jantar na casa dele hoje. — Meu pai comenta enquanto tomamos café. Sim! Eu não tenho aula e mesmo assim acordei antes do meio-dia.

— Que amigo pai? — Pergunto. Eu não sei se meu pai tem amigos, nunca ouvi falar, na verdade.

— Um amigo do trabalho! Por quê? Acha que não tenho amigos? — Pergunta me encarando. O olhar do meu pai é bem intimidador.

— Hm... não é isso. — Respondo engolindo em seco.

— E agora antes do almoço iremos ao jardim botânico. — Minha mãe fala. Ela olha para mim. — Todos!

— Ah mãe... hoje não tem aula e eu queria descansar. — Tento argumentar. Meu pai quase se engasga de tanto rir.

— Descansar? Fica cansado de só pegar uma caneta e dormir? — Ele zomba. Minha mãe rir também. Se o senhor soubesse como escola é cansativa, na verdade, sabe, mas não lembra. E ainda tem a questão do André, Ellen e o traste do namorado dela.

Decido não responder essa pergunta dele. Depois do café subo para tomar um banho e me vestir para ir em um piquenique com meus pais, já imaginou a chatice que irá ser? Vou levar pelo menos o notebook, para ler algo ou fazer rascunhos, enquanto eles ficam reclamando do trabalho ou de mim. Aviso no grupo de três amigos, que irei ficar sem internet, por ter que sair com meus pais. Eles desejam sorte e somem novamente. André e Ellen não estão se falando e isso é péssimo. Ellen saiu do grupo do WhatsApp, mas eu conversei com ela e ela voltou.

— Animados? — Minha mãe pergunta. Ela está vestindo uma calça jeans e uma camiseta flanela preta. Meu pai está de bermuda jeans e camiseta de esporte, com o time dele. Coisa mais ridícula! Guardo esse pensamento para mim.

— Não..., mas vamos. — Falo entrando no carro. Eu vesti uma bermuda jeans e uma camiseta fina e branca. Claro que irá voltar suja, mas ok!

Mesmo não querendo vir para cá, não tem como negar a beleza do Jardim botânico. Meu pai deixa o carro estacionado e começamos a entrar. Está um pouco movimentado, mas geralmente tem muito mais final de semana. Passamos por um arco de grama? Arbusto? E uma fonte maravilhosa. Ao fundo tem um quase castelo, mas está em reforma, então só se pode olhar por fora. Seguimos para onde tem um pequeno lago, que onde geralmente as pessoas fazem piquenique. Minha mãe forra um pano xadrez – bem clichê – e coloca a cesta com as coisas em cima.

— Ar puro. — Meu pai respira fundo. Dessa maneira você irá sugar todo o ar do mundo.

Tem algumas pessoas sentada na grama conversando ou apenas sentado. Tem também pessoas fazendo ensaios fotográficos, até porque o jardim é uma área verde imensa e maravilhosa. Pego um sanduíche e abro o notebook para ler histórias no wattpad. Eu não sou fanático por livros. Ah... quem eu estou tentando enganar? Eu sou um fanático. Minha saga preferida é Percy Jackson e os olimpianos, logo depois vem os heróis do Olimpo e The selection – isso, o da América e do Maxon – Já li todos, mas sempre releio. Abro uma história nacional.

— Vem para cá para mexer em computador? — Meu pai já começa a reclamar.

— E o que mais eu vou fazer? Correr por aí? — Pergunto sem tirar os olhos da história. — Se for isso, eu já cresci e não tenho mais estrutura para correr de nada.

Quase Clichê - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora