Aluno novo!
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Eu não sou muito fã de sair de casa, mesmo que seja para eu não passar fome, sei lá, é tão bom está no conforto da sua casa. Melhor dizendo: da cama. Estou empurrando o carrinho, enquanto minha mãe joga as coisas dentro dele e fala sobre como o seu trabalho é estressante. É comum ela e meu pai falarem isso o dia todo. Eu não posso reclamar, já que recebo uma mesada bem gorda, mas ainda assim o dinheiro não supre a paz que falta em casa.
— Feijão-preto ou branco? — Pergunto levantando dois pacotes de feijão, de cores distintas. Eu não vejo diferença nenhuma, além da cor.
— Os dois. — Responde e volta a pegar os macarrões.
A aula de hoje: terceiro dia de aula, fora normal até. Quando falo normal é: discuti a aula inteira com André e levei um tapa na cabeça, quando tirei brincadeira com Ellen. Do nosso grupo, Ellen é a única que namora. Eu não sou muito amigo do Igor, mas nos falamos quando necessário, ou seja: quando os dois estão juntos. Fora isso, eu finjo que não o conheço. Gabriela é uma vaca solteira e André... bom, André é uma quenga e é isso somente. Hoje tivemos aula de educação física - péssima. -, matemática - Professora é legal e bonita. -, física e inglês. Eu amo física, então fora a melhor aula. Inglês até que é interessante, tirando o chato verb to be, que nunca me faz sentindo.
Enquanto eu e minha mãe estamos na fila, olho para um cara e por coincidência ou não, é o garoto de anteontem e ontem - de olhos azuis. Eu ainda não sei o nome dele, nem me interessa. Olho novamente e ele também olha. Disfarço o olhar. Espero um tempo e dou uma olhada disfarçada e ele faz o mesmo novamente. Solto um risinho sem querer.
— O que foi Guilherme? — Minha mãe me olha curiosa.
— Hm...? O quê? — Finjo não saber do que ela fala. Ela semicerra os olhos e logo volta a atenção para o celular.
Procuro ele com o olhar, mas não o encontro mais. Ele estava com uma roupa normal, se posso chamar uma bermuda de táctil de normal. Na verdade, é bem estranho de se usar. Uma camisa azul, que fica perfeita nele. Perfeita? Perfeita Guilherme? E sandálias. Os cabelos estão revoltados, o que é um charme dele, eu acho.
— Você é o garoto da confusão na escola, não é? — Ele surge ao meu lado, e eu pulo assustado. Coloco a mão sobre o peito e respiro fundo. Minha mãe presta atenção em nós.
— Confusão? — Pergunto sem graça e lanço um olhar de ódio para ele. Minha mãe me lança um olhar de" Confusão Guilherme? Mais tarde conversaremos". Maldito garoto!
— Sim! O de ontem no refeitório. — Ele continua. — Ah..., desculpe senhora... Eu sou o Lucas. — Ele estende a mão e abre um sorriso para minha mãe. Cínico.
— Mariana. — Ela aperta a mão dele e sorrir. Por que ele está aqui?
— E você é...? — Sorrir para mim. Acho que é nesse momento que alguém me entrega uma bússola, não é? Porque eu me perdi no seu sorriso perfeitamente alinhado dele. O quê? Deve ser só meu lado virginiano falando por mim.
— Eu o quê? — Questiono voltando a realidade. — Para quer que saber meu nome?
— Eu me apresentei e...
— Eu não perguntei seu nome. — Rebato. Ele sorrir sem graça.
— Guilherme! Que falta de educação é essa? — Minha mãe adverte, só então lembro que ela continua do meu lado. Sinto meu rosto queimar.
— Tudo bem tia. — Sorri sem jeito e se vai, se despedindo apenas com um sorriso.
— Não era confusão, eu só estava conversando com um amigo. — Começo a explicar antes que ela pergunte.
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Quase Clichê - vol. 1
Romance(LIVRO COMPLETO E REVISADO) - Duologia livro 1. Guilherme mora em Curitiba desde que se entende por gente. Nunca fora um garoto extrovertido, mas sempre teve seus três fiéis escudeiros. Agora com 14 anos, Guilherme acabará de entrar no ensino médio...