CAPÍTULO 2

1.3K 123 176
                                    

Aluno novo!

__

Eu não sou muito fã de sair de casa, mesmo que seja para eu não passar fome, sei lá, é tão bom está no conforto da sua casa. Melhor dizendo: da cama. Estou empurrando o carrinho, enquanto minha mãe joga as coisas dentro dele e fala sobre como o seu trabalho é estressante. É comum ela e meu pai falarem isso o dia todo. Eu não posso reclamar, já que recebo uma mesada bem gorda, mas ainda assim o dinheiro não supre a paz que falta em casa.

— Feijão-preto ou branco? — Pergunto levantando dois pacotes de feijão, de cores distintas. Eu não vejo diferença nenhuma, além da cor.

— Os dois. — Responde e volta a pegar os macarrões.

A aula de hoje: terceiro dia de aula, fora normal até. Quando falo normal é: discuti a aula inteira com André e levei um tapa na cabeça, quando tirei brincadeira com Ellen. Do nosso grupo, Ellen é a única que namora. Eu não sou muito amigo do Igor, mas nos falamos quando necessário, ou seja: quando os dois estão juntos. Fora isso, eu finjo que não o conheço. Gabriela é uma vaca solteira e André... bom, André é uma quenga e é isso somente. Hoje tivemos aula de educação física - péssima. -, matemática - Professora é legal e bonita. -, física e inglês. Eu amo física, então fora a melhor aula. Inglês até que é interessante, tirando o chato verb to be, que nunca me faz sentindo.

Enquanto eu e minha mãe estamos na fila, olho para um cara e por coincidência ou não, é o garoto de anteontem e ontem - de olhos azuis. Eu ainda não sei o nome dele, nem me interessa. Olho novamente e ele também olha. Disfarço o olhar. Espero um tempo e dou uma olhada disfarçada e ele faz o mesmo novamente. Solto um risinho sem querer.

— O que foi Guilherme? — Minha mãe me olha curiosa.

— Hm...? O quê? — Finjo não saber do que ela fala. Ela semicerra os olhos e logo volta a atenção para o celular.

Procuro ele com o olhar, mas não o encontro mais. Ele estava com uma roupa normal, se posso chamar uma bermuda de táctil de normal. Na verdade, é bem estranho de se usar. Uma camisa azul, que fica perfeita nele. Perfeita? Perfeita Guilherme? E sandálias. Os cabelos estão revoltados, o que é um charme dele, eu acho.

— Você é o garoto da confusão na escola, não é? — Ele surge ao meu lado, e eu pulo assustado. Coloco a mão sobre o peito e respiro fundo. Minha mãe presta atenção em nós.

— Confusão? — Pergunto sem graça e lanço um olhar de ódio para ele. Minha mãe me lança um olhar de" Confusão Guilherme? Mais tarde conversaremos". Maldito garoto!

— Sim! O de ontem no refeitório. — Ele continua. — Ah..., desculpe senhora... Eu sou o Lucas. — Ele estende a mão e abre um sorriso para minha mãe. Cínico.

— Mariana. — Ela aperta a mão dele e sorrir. Por que ele está aqui?

— E você é...? — Sorrir para mim. Acho que é nesse momento que alguém me entrega uma bússola, não é? Porque eu me perdi no seu sorriso perfeitamente alinhado dele. O quê? Deve ser só meu lado virginiano falando por mim.

— Eu o quê? — Questiono voltando a realidade. — Para quer que saber meu nome?

— Eu me apresentei e...

— Eu não perguntei seu nome. — Rebato. Ele sorrir sem graça.

— Guilherme! Que falta de educação é essa? — Minha mãe adverte, só então lembro que ela continua do meu lado. Sinto meu rosto queimar.

— Tudo bem tia. — Sorri sem jeito e se vai, se despedindo apenas com um sorriso.

— Não era confusão, eu só estava conversando com um amigo. — Começo a explicar antes que ela pergunte.

Quase Clichê - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora