Cuidando de um bêbado chapado.
__
A segunda semana de aula passou num piscar de olhos, o que é ótimo. Aprendemos mais sobre -No caso eu - conjugações, verbos e todas as medidas que o português nos obriga a saber. Lucas se aproximou muito de mim e do meu grupo, a ponto de eles acharem ele mais legal que eu, o garoto que formou o grupo "seita contra escola" e reuniu quatro pessoas totalmente opostas. Mas é da vida, certo?
— Festa? Ainda mais organizada pelo Lucas? — Faço uma careta para André. Ele decidiu vir comigo hoje. Meu pai não estar em casa, então sem problemas.
— Para de ser besta guri e vamos aproveitar. — Ele se joga no sofá. Festa numa quinta-feira? Acho que estou muito cansado para isso.
— Estou com dor de cabeça. — Tento mentir. André murmura algo incompreensível e se levanta.
— Esse seu truquezinho não funciona comigo. Além disso... ele falou que queria você lá, já que você não é do tipo que gosta de se divertir, poderia ser o responsável. Que tal? — André começa a subir a escada para o meu quarto. Com certeza ele já irá escolher uma roupa para mim, sendo que eu nem quero ir.
— Chato, chato... vocês dariam bons amigos, sabe? Todos vocês, aliás, são todos uns chatos. — Reclamo seguindo-o.
Ele abre meu guarda-roupa e começa a fazer uma bagunça com as minhas roupas. Sempre falando "Não... Muito preta... muito neutra também", até que ele passa para a parte de roupas vermelhas - Minha cor favorita -, ele pega uma camiseta vermelha lisa, uma calça preta e uma blusa xadrez.
— Essa roupa está perfeita. — Ele sorrir pela boa escolha.
— Eu nem falei que ia. — Retruco. Ele revira os olhos.
— Você vai sim e cale a boca, senhor hétero. — Ele deu ênfase na última palavra.
Depois de muita insistência, eu aceitei ir para essa bendita festa. Enquanto almoçávamos, ele estava trocando mensagens com alguém e eu fiz o mesmo. Lucas está animado para a própria festa e segundo ele, vai ser a melhor festa da minha vida. Eu discordei com tais argumentos:
"Qual a graça em uma festa, onde há vários adolescentes bêbados, vomitando por todo lado e uma barulheira infernal? "
16:48
Eu esqueci de falar da parte que as pessoas, quase se comem nos corredores."
16:48
Ele respondeu com um áudio gargalhando e dizendo que sou um exagerado, mas que ele acha isso legal. Me pego sorrindo ouvindo o áudio que ele mandou. Sua risada é tão gostosa de se ouvir assim como sua voz - Que não é nem muito grave, nem muito aguda, estar meio a meio -. Obrigo André a lavar a louça. Peço permissão para dona Mariana. Ela por incrível que pareça, permite sem reclamações. Meu pai faz o mesmo, mas fala que é para eu usar caminha, pois ele não quer garotas grávidas na porta dele.
— Vamos tomar banhos juntos? — André se senta de pernas cruzadas na cama, me lançando um olhar travesso.
— Pode ir na frente princesa. — Faço uma careta e ele começa a gargalhar.
Depois de ele sai do banho, sou eu quem entro e deixo a água morna relaxar meu corpo. Hoje o clima está ameno aqui em Curitiba, o que é raro. Geralmente ou está calor de mais, ou frio demais, ou muda constantemente de uma para outra. Visto a roupa e eu fico até bonito. Eu tenho a certeza de que sou muito bonito, mesmo sem precisar me arrumar. Tenho os olhos negros - Pretos mesmo -, cabelos cacheados, mas que estão em um corte baixo e mordendo até. Meu rosto tem uma pequena desproporção. Ele é meio torto ou inclinado? Para o lado esquerdo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quase Clichê - vol. 1
Romance(LIVRO COMPLETO E REVISADO) - Duologia livro 1. Guilherme mora em Curitiba desde que se entende por gente. Nunca fora um garoto extrovertido, mas sempre teve seus três fiéis escudeiros. Agora com 14 anos, Guilherme acabará de entrar no ensino médio...