CAPÍTULO 4

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Cuidando de um bêbado chapado.

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A segunda semana de aula passou num piscar de olhos, o que é ótimo. Aprendemos mais sobre -No caso eu - conjugações, verbos e todas as medidas que o português nos obriga a saber. Lucas se aproximou muito de mim e do meu grupo, a ponto de eles acharem ele mais legal que eu, o garoto que formou o grupo "seita contra escola" e reuniu quatro pessoas totalmente opostas. Mas é da vida, certo?

— Festa? Ainda mais organizada pelo Lucas? — Faço uma careta para André. Ele decidiu vir comigo hoje. Meu pai não estar em casa, então sem problemas.

— Para de ser besta guri e vamos aproveitar. — Ele se joga no sofá. Festa numa quinta-feira? Acho que estou muito cansado para isso.

— Estou com dor de cabeça. — Tento mentir. André murmura algo incompreensível e se levanta.

— Esse seu truquezinho não funciona comigo. Além disso... ele falou que queria você lá, já que você não é do tipo que gosta de se divertir, poderia ser o responsável. Que tal? — André começa a subir a escada para o meu quarto. Com certeza ele já irá escolher uma roupa para mim, sendo que eu nem quero ir.

— Chato, chato... vocês dariam bons amigos, sabe? Todos vocês, aliás, são todos uns chatos. — Reclamo seguindo-o.

Ele abre meu guarda-roupa e começa a fazer uma bagunça com as minhas roupas. Sempre falando "Não... Muito preta... muito neutra também", até que ele passa para a parte de roupas vermelhas - Minha cor favorita -, ele pega uma camiseta vermelha lisa, uma calça preta e uma blusa xadrez.

— Essa roupa está perfeita. — Ele sorrir pela boa escolha.

— Eu nem falei que ia. — Retruco. Ele revira os olhos.

— Você vai sim e cale a boca, senhor hétero. — Ele deu ênfase na última palavra.

Depois de muita insistência, eu aceitei ir para essa bendita festa. Enquanto almoçávamos, ele estava trocando mensagens com alguém e eu fiz o mesmo. Lucas está animado para a própria festa e segundo ele, vai ser a melhor festa da minha vida. Eu discordei com tais argumentos:

"Qual a graça em uma festa, onde há vários adolescentes bêbados, vomitando por todo lado e uma barulheira infernal? "

16:48

Eu esqueci de falar da parte que as pessoas, quase se comem nos corredores."

16:48

Ele respondeu com um áudio gargalhando e dizendo que sou um exagerado, mas que ele acha isso legal. Me pego sorrindo ouvindo o áudio que ele mandou. Sua risada é tão gostosa de se ouvir assim como sua voz - Que não é nem muito grave, nem muito aguda, estar meio a meio -. Obrigo André a lavar a louça. Peço permissão para dona Mariana. Ela por incrível que pareça, permite sem reclamações. Meu pai faz o mesmo, mas fala que é para eu usar caminha, pois ele não quer garotas grávidas na porta dele.

— Vamos tomar banhos juntos? — André se senta de pernas cruzadas na cama, me lançando um olhar travesso.

— Pode ir na frente princesa. — Faço uma careta e ele começa a gargalhar.

Depois de ele sai do banho, sou eu quem entro e deixo a água morna relaxar meu corpo. Hoje o clima está ameno aqui em Curitiba, o que é raro. Geralmente ou está calor de mais, ou frio demais, ou muda constantemente de uma para outra. Visto a roupa e eu fico até bonito. Eu tenho a certeza de que sou muito bonito, mesmo sem precisar me arrumar. Tenho os olhos negros - Pretos mesmo -, cabelos cacheados, mas que estão em um corte baixo e mordendo até. Meu rosto tem uma pequena desproporção. Ele é meio torto ou inclinado? Para o lado esquerdo.

Quase Clichê - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora