CAPITULO 19

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Expulso do armário!

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Ciúme é um estado emocional do ser humano, provocado pela falta de exclusividade do sentimento, da dedicação e do cuidado da pessoa com quem se gosta. Ele se apresenta como uma reação complexa de qualquer indivíduo a uma ameaça perceptível a algo que este possua, como uma relação valiosa ou que tenha apreço. Lucas já sentiu ciúmes uma vez e daquela vez foi legal, porque assim ele voltou a falar comigo. Mas tem vezes - digamos que 90% das vezes -, ciúmes não é uma coisa muito legal.

Uma semana se passou desde que completamos 2 meses de namoro e tudo ia às mil maravilhas. Meus pais pareciam não perceber nada. Lucas ficou mais carinhoso. Mas esse carinho só durou até me ver conversando com um dos integrantes do time de futebol. O garoto me viu assistindo jogo e chegou para conversar. Começamos a conversar sobre futebol, de futebol partiu para coisas que gostamos e assim a conversa foi fluindo. Impossível conter as risadas, já que de 10 palavras dele, 9 eram engraçadas.

— Ele estava dando em cima de você e você estava dando abertura! — Lucas praticamente grita. Respiro fundo, tentando entender o porquê dele está estressado com isso.

— Isso é coisa da sua cabeça Lucas e para de gritar que estamos no banheiro, não na minha ou sua casa. — Alerto, temendo que alguém ouça e comece todo um burburinho de novo.

— Coisa da minha cabeça? — Ele solta uma risada nasal e nada agradável. — COISA DA MINHA CABEÇA? — Fala aumentando o tom de voz.

— Fala baixo, ou quer todos saibam? — Pergunto baixo. Ele dá um soco na pia e pulo para trás no susto.

— Para de mandar eu falar baixo porra! — Grita dando outro soco na pia. Eu nunca o vi agressivo assim. Nunca em mais de 3 meses.

— Você está começando a me assustar... Por favor, cala a porra da sua boca! — Sou eu quem grito agora, sem me importar se tem alguém ouvindo ou não. — Para de ser idiota!

— Para de mandar...

— Eu já disse e vou repetir, CALA A PORRA DA SUA BOCA! — Sou eu quem esbravejo e ele respira fundo.

Vejo que sua mão está avermelhada, pelos socos deferidos na pia. Agora que a raiva está menor e com a possibilidade de alguém ter ouvido essa pequena conversa, desperta meu medo. Peço para ele falar mais baixo, para que só nós possamos ouvir. Conto o que conversei com o colega dele, a fim dele perceber que era somente uma conversa, uma mera conversa. Ele parece se acalmar, mas não muito.

— Só não quero você mais perto dele ou tendo contato! — Fala emburrado. Rolo os olhos. — Já me basta aquele tal de Paulo...

— Vai começar Lucas? Você é muito idiota, sabe? — Começo a me estressar. — Eu não fico de mimi quando você está quase comendo suas coleguinhas! — Grito sentindo todo o ciúme e raiva guardada há tempos.

— Shhh... — Ele tampa minha boca com as mãos, por eu estar gritando. Mordo sua mão é me afasto. — Aí...

— Você sente ciúmes do Paulo, por quê? Se quer saber, eu já o beijei. — Despejo as informações, sentindo um gosto amargo na boca.

— Voc...

— Sim, já ficamos. Foi uma única vez e não eu não pretendo mais. E esse seu amigo, só estava conversando, se você vir problema nisso, irei começar ver nas suas conversas com as coleguinhas. — Imponho.

Respiro fundo, várias vezes. Ficamos em silêncio sem nem ao menos olhar um para o outro. Sem falar nada, saio do banheiro batendo a porta com força. Não sei quanto tempo ficamos discutindo no banheiro, mas suponho que a terceira aula inteira, já que tem várias pessoas me encarando. Toda a escola está aqui e com celular em mãos. Sinto um frio na espinha e uma vontade imensa de correr, para bem longe desses olhares.

Quase Clichê - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora