Capítulo Quatro.

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Emauelle...

Um ano atrás.

Termino de arrumar minha mala e respiro fundo, sei o que está por vir, não demoraria muito, até minha mãe resolver aparecer em meu quarto.

— Tem certeza, Maninha?

Me sento na beirada da cama, e esfrego minha testa, meu irmão estava parado, com seus braços cruzados, enquanto me observa.

— Você sabe, que me dediquei ao máximo para conseguir essa oportunidade.

Meu irmão Pedro, sabe que tudo almejo, é investir no meu trabalho. Meu pai, sempre me apoiou.

— Eu sei, e para falar a verdade, fico aliviado por você está longe, não confio nesse Hugo Valdez.

Meu irmão, era a única pessoa além de mim, notar que há algo estranho por trás de Hugo, algo forçado.

— Mamãe, não pensa assim, ela acredita realmente, que ele é um salvador da comunidade.

Meu irmão revira os olhos e caminha, senta ao meu lado e solta um longo suspiro.

— Mamãe se agarrou a uma falsa promessa, desde que nosso pai foi assassinado, ela está frágil e se apoia nessa ajuda dele, o que ela não percebe é que nada que esse Hugo faz, é realmente de bom coração.

— Ela não é a única a idolatra-lo, Pedro.

Meu irmão torce o nariz.

— Eu sei, mas assim como nossa mãe, todos se agarram a uma falsa promessa, o bom moço pronto para ajudar a quem precisa.

Me jogo na cama, encarando o teto do meu pequeno quarto.

— Emanuelle, me prometa que vai tirar um tempo para você, viver sem tantas restrições?

— E você, Pedro, me prometa que vai sair, se divertir, deixar essa obsessão por resolver a morte do nosso pai?

Meu irmão fica de pé, bagunça seus cabelos, um pouco agitado.

— Você sabe, que não posso prometer isso, nosso pai foi brutalmente assassinado e enquanto eu não pegar esses cretinos, não vou sossegar.

Não tinha como convencer meu irmão, do quanto tudo isso era perigoso, isso só o irritava. Fico de pé e caminho até ele.

— Também quero descobrir, quem fez aquilo com nosso pai, Pedro.

Olho fixamente em seus olhos.

— Mas, não quero te perder também.

A compreensão, finalmente atinge seus olhos, desfazendo aquela barreira dura, que sempre se erguia quando ele queria se afastar.

— Desculpe, maninha, só fico aborrecido, fiz uma promessa no túmulo de nosso pai.

— Eu sei, mas não deixe que sua vida se baseie nessa busca, se dê um tempo para se divertir, namorar...

Ele ergue uma sobrancelha e sorri.

— Eu deveria, está te aconselhando, afinal, sou seu irmão mais velho.

Reviro meus olhos.

— Por apenas dois anos.

Seu sorriso se torna amplo, meu coração se alegra. Era assim que gostaria de ver meu irmão, sorrindo, livre dessa expressão dura, carregada pela dor.

— Vou sentir sua falta.

Eu o abraço apertado, também sentiria saudades, mas precisava embarcar nos meus sonhos e para isso, pegaria um voo logo cedo para a Flórida.

**********

Atualmente...

Após a aula, voltei ao meu pequeno quarto, com imagem de Drake invadindo meus pensamentos. Eu estava assustada, apavorada. Isso tudo parecia uma loucura. Como um estranho passou a ser tão fixo em minha mente, havia algo errado. Me olho no espelho, prendendo meus cabelos volumosos num coque alto.
Não podia se envolver com um estranho, isso era arriscado. Me direciono até o banheiro, precisava de um banho frio, talvez assim meus pensamentos voltassem ao normal.
Foi tudo em vão, Drake parecia está impregnado em minha mente, sai do banho, sentindo uma necessidade louca de vê-lo, ouvir seu sotaque britânico, admirar aqueles olhos de um verde precioso, lábios que parecem macios, cabelos caídos na testa, um maxilar quadrado, como se tivesse sido esculpido, aqueles ombros largos, sua barriga reta, aposto que possui vários quadradinhos em seu abdômen.
Reviro meus olhos, ainda enrolada na toalha, me jogo na cama.

— Eu devo, está louca, é isso, só pode.

Fecho meus olhos, mas isso só piora, lá está o rosto de Drake novamente. Nunca fui uma garota de me deixar ser seduzida, tão pouco me arriscar, conversando com um, cara que parou ao meu lado, me encarando, tudo enquanto eu, me desfazia em lágrimas, mas havia algo em Drake, que não conseguia definir, só fazia sentido, mesmo não parecendo.
Estava absorta nos meus delírios, quando uma batida na porta, me faz levantar. Eu não havia pedido nada, tão pouco recebia visitas, parei no lugar, sentindo meu corpo gelar.
Sem saber o que fazer, congelei diante da porta, enquanto a pessoa do outro lado, insistia em bater.

— Emanuelle?

Meu coração disparou ao ouvir aquela voz grave, era Drake, mas como?

— Emanuelle, sei que está aí, então, por favor, abra!

Ergui a mão e segurei na maçaneta, foi então que percebi, ainda estava enrolada na toalha.

— Um minuto!

Corro até a cômoda e pego uma langeri, depois ponho um vestido com estampa floral, prendo meus cabelos num coque e respiro fundo, tentando me recompor.
Minhas tentativas, vieram a baixo, assim que abri a porta dando de cara, com um Drake, lindo. Ele usava uma bermuda branca e uma camiseta azul, seus óculos de sol, estavam sobre a cabeça, deixando seus lindos e penetrantes olhos verdes, livres para se admirar.

— O que está fazendo aqui?

Ele arqueia uma sobrancelha e curva seu lábio num meio sorriso.

— Vim, convida-la para um passeio e depois, jantar.

Ah, aquele sotaque! Nunca fui tão grata por me dedicar as aulas de línguas, pelo menos, até agora.

— Como me encontrou?

Ele franze a testa e olha por cima do meu ombro.

— Vai me convidar para entrar?

Meu quarto, era um ovo, com certeza a presença de Drake ali, se tornaria intimidadora.

— Ainda não me disse, como me encontrou.

Cruzando meus braços, lanço um olhar de irritada.

— Relaxa, Emanuelle, eu apenas deduzi, já que te acompanhei naquela noite, só perguntei às três hospedagens mais próximas.

Reviro meus olhos.

— Não fique brava, já disse que não sou um psicopata.

Ele volta a sorrir, me derreto completamente.

— Então, vamos?

Olho para ele, e me sinto mal vestida.

— Preciso me trocar.

Seus olhos percorrem meu corpo, inspecionando minuciosamente.

— Você está perfeita.

Claro que ele diria algo assim, percebi o quão cavalheiro, Drake era.

*********

— Então, Emanuelle, me fale mais sobre você?

Claro que não me arriscaria, no mínimo ele sairia correndo.

— Ficou em Silêncio, isso nunca é boa coisa.

Forço um sorriso, tentando disfarçar meu nervosismo.

— Não tem muito o que falar.

Ele franze a testa, me encara com aqueles olhos verdes, que me confundem na mesma medida que me fascinam.

— Drake, eu...

Sua mão se ergue e toca em meu rosto, um toque quente, macio. Sinto seu dedo traçar meus lábios, descarregando uma eletricidade por todo meu corpo, cada parte do meu corpo, vibrava sob o toque dele. Fechei meus olhos, prolongando aquela sensação vibrante. Seu cheiro era tão bom, acabei soltando um pequeno gemido. Abri meus olhos e me deparei com ele, estava com os lábios entreabertos e seus olhos exalava um fulgor.

— Jesus! Você é linda.

Minhas pernas falharam, e um pequeno incômodo, se instalou entre elas, meu rosto se aqueceu, espalhando aquele calor por todo meu corpo.

— Há algo, que me fascina, Emanuelle, me atrai até você.

Minhas forças se esvairiam, me deixando tonta com cada palavra que saia de seus lábios. Sem conseguir reagir, fiquei extasiada, ao sentir os lábios de Drake, avançarem contra os meus. Por um momento, senti o chão sob meus pés sumirem, me fazendo flutuar. A sensação de seus lábios, macios, dançando com sua língua até adentrar minha boca, foi única. Me deixei levar, me entreguei aquele beijo viciante, flutuando a cada investida da língua avida de Drake.
Senti uma das suas mãos, envolver minha cintura, me puxando contra seu peito. O cheiro de Drake, me fez gemer contra seus lábios, isso fez com que ele deixasse meus lábios, que agora, aposto que estavam inchados.
Por um tempo, só se ouvia nossas respirações, aceleradas, sua testa descansando na minha, e seus braços me apertando contra seu corpo.

— Isso, foi a melhor coisa que experimentei em anos.

Se ele pudesse ler meus pensamentos, saberia que ele foi o único a ter acesso aos meus lábios, no entanto, a sensação que tenho, é que ninguém nunca superaria seu beijo.

— Você é tão doce, Emanuelle.

O modo como ele pronuncia meu nome, aquilo me deixa excitada. Sim, essa era a definição para tudo que esse estranho, despertava em meu corpo.

— Drake, eu...

Novamente, sou interrompida por seus lábios, fazendo aquela tortura deliciosa, deixando meu juízo em líquido. Quando ele se afasta, já me esqueci tudo que deveria dizer, me perco em seus olhos verdes e penetrantes.

— Que tal, jantarmos agora.

Abro um sorriso e concordo. Drake enlaça seus dedos nos meus e segura minha mão, nos movemos assim, como um casal que se conhecia bem.

*********

Mister PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora