Capítulo vinte e dois

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Emanuelle...

Drake havia saído algumas horas e ainda não retornou. Me senti enganada, duas vezes. Como ele pode, me trazer para cá, sem me contar nada. Merda, ele morava com a cunhada. Algo na cena de hoje cedo, fazia meu estômago revirar.
Não podia ficar trancada no quarto, minha filha estava com a mãe dele, a única que, parece ser sensata. Ouço o som familiar da risada de Eva, seja lá o que tiver fazendo, parece gostar.

— Mamãe, olhe, a vovó disse que podemos ver os bichos.

Forço um sorriso, que não passa despercebido pela baronesa.

— Querida, vem comer algo conosco.

Eva parecia empolgada, estava com uma mesa repleta de biscoitos. Uma variedade de frutas, pães e bolos.

— Uau, essa mesa está recheada.

Ela abre um sorriso.

— Pedi que, prepare-se um café especial, afinal, é o primeiro com Eva nessa casa.

A mesa era imensa, rústica, posicionada no centro daquela cozinha imensa. Eu sabia que a casa era repleta de luxo, e agora na luz do dia, podia ver o quão majestosa era aquela cozinha. Armários que tomavam paredes inteiras. Um fogão moderno e do outro lado uma pia gigante. As janelas eram decoradas com vidros de cores que lembram as Capelas turísticas, mas é o café digno de celebridade que chama a atenção.

— Olha, eu não vi o que aconteceu, querida, mas preciso que saiba, Drake é um excelente filho, sofreu muito, e foi difícil ele se erguer.

— Ele mentiu para mim.

Ela fecha os olhos, respira fundo antes de continuar falando.

— Eu confesso que fiquei surpresa, quando ele chegou com vocês. Ele nunca se abriu sobre o tempo que passou na Flórida, porém, eu sou mãe, eu vejo, sinto. Sempre achei Drake distante, perdido.

— Ele não contou, sobre morar com a cunhada, isso, eu não consigo entender.

— Querida, Drake é a pessoa que quer ver todos bem. Ele assumiu a responsabilidade de ajudar Molly, depois que...

Ela para, vejo um sentimento de dor afligir seus olhos. Sua respiração se torna pesada.

— Ele se sente culpado, entende, resolveu assumir tudo, até o título que o pai insistiu em assumir, e ele aceitou.

Eu estava ouvindo tudo, tentando limpar minha mente de qualquer pensamento obscuro, mas a cena, de hoje cedo, volta a me assombrar. Aquilo não parecia uma relação somente amiga, pelo menos nos olhos dela, estava implícito.

— Eu larguei tudo, minha família, quando chego aqui, descubro que ele mora com ela.

— Nunca houve nada entre os dois.

— Mesmo que eu acredite que ele nunca teve nada com ela, podem afirmar que ela só o vê como amigo?

Pelo seu silêncio e o modo como ela desvia os olhos, sinto meu estômago se contorcer.

— Eu não posso afirmar nada da parte dela, até porque ela é jovem, e nunca se interessou em sair, ou procurar um lugar, mas da parte do meu Drake, eu sei que ele nunca a olhou como uma opção para recomeçar.

Ouvir aquilo, deveria elevar minhas esperanças, contudo, era difícil pensar num futuro, onde havia outra mulher. Eles tinham um vínculo e aposto que Drake idolatra seu sobrinho, ele foi sua única figura, quase como um pai.

— Querida, tome seu café, podemos dar uma volta pela Fazenda.

Forço um sorriso e concordo. Talvez uma volta, me fizesse bem.

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A propriedade, não tinha fim. Caminhamos por uma longa área de vasto pasto, até estarmos diante das grandes fileiras de um pomar. Era como observar uma imensa tela viva, as cores das árvores frutíferas, enfileiradas num longo corredor.

— Esse lugar é lindo.

Tudo que me passou na mente, foi que Drake deveria está aqui, mas seu sumiço ainda era um mistério. Nossa discussão de cedo, o magoou, eu estava ferida e me sentindo traída, usei as palavras como meio para feri-lo.

— Olhe mamãe!

Eva estava com uma cesta carregada por maçãs, nem percebi que elas estavam colhendo.

— Vamos preparar uma torta de maçã, receita de família.

Abro um sorriso.

— Eva, adora ajudar na cozinha.

Brittany sorri.

— Eu percebi.

Seguimos fazendo nosso passeio pelo vasto pomar, até percebermos que as horas haviam passado rápidas demais.

— Melhor voltarmos, preciso ver se estão organizando o almoço.

Eva estava feliz, e mesmo que meus pensamentos fugiam até Drake, tomar um ar me fez bem.
Quando retornamos, Drake ainda não havia voltado, aquilo começou a me incomodar.
Minha cabeça estava pesada, por mais que me esforçasse para está com Brittany e Eva, não estava dando certo, ela percebeu meu incômodo.

— Querida, você pode descansar, Eva e eu ficaremos bem.

Eu queria sorrir e dizer estar bem, mas não consegui. Pedi licença e me recolhi para a segurança do quarto, lá eu podia pelo menos desabar.
Foi o que fiz, me joguei naquela cama imensa e desabei a chorar.

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Mister PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora