Capítulo Dezesseis

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Emanuelle...

Confesso que meu coração quase saiu pela boca, ao ver Eva diante da porta. Eu já havia advertido tantas vezes o perigo que era abrir a porta, sem saber de quem se tratava.
Claro que minha bronca se dissipou no ar ao ver Drake, diante da porta.
Eva estava agitada, enquanto seguíamos pelo calçadão da praia, Drake parecia encantado, o que me fazia, me sentir egoísta.

— Ele é seu príncipe, mamãe?

Drake franze a testa, tentando entender nossa conversa, eu sabia que ele não conseguia, mesmo assim, seus olhos não piscavam, enquanto nos observa.

— Você gosta dele?

Os olhinhos dela brilham.

— Ele é muito legal.

Sorrio. O que uma boneca cara e um sorvete de chocolate, não fazia. Eva estava toda derretida pelo Drake e nem imagina que ele é seu pai.

— O que ela disse?

Drake me observa com uma sobrancelha arqueada.

— Ela gosta de você.

Seu sorriso se torna amplo, iluminando tudo a sua volta.

— Foi somente isso, que vocês falaram?

Dou de ombros, tentando não esboçar nenhuma reação que me denunciasse.

— Anjo!

Abro um sorriso.

— Ela perguntou, se você é meu príncipe.

Seu sorriso se alarga, vejo um brilho pretensioso.

— E o que você respondeu?

Meu rosto queima, aposto que estou completamente vermelha.

— Nada.

Ele ergue uma sobrancelha. Sua atenção é chamada pela vozinha de Eva. Nos minutos seguintes, servi de ponte entre os dois, ajudando na interação deles. Os dois sorriem, fazendo meu coração se apertar.
Quando Eva demonstrou cansaço, começou a bocejar.

— Melhor irmos, a mocinha está cansada.

Ele abre um sorriso, carregando Eva em seus braços. Estava tudo perfeito, até ele nos deixar em casa, após colocar Eva na cama, ele se virou me encarando.

— Vai contar para ela?

Ele está com os braços cruzados na altura do peito.

— Drake, preciso de mais tempo.

Seu olhar murcha, sua postura muda completamente, seu ar de felicidade de antes, se transforma em uma expressão dura e carregada de mágoa.

******

Depois que Drake, se foi ontem a noite, não consegui dormir, rolei de um lado pro outro, o rosto de Drake, a mágoa explícita nele, me atormentou durante toda a noite.
Desço para a cozinha, a procuro de cafeína, minha mãe já está acordada, mas não está sozinha, meu irmão está encostado na pia, tomando seu café.

— Nossa, alguém brigou com o travesseiro essa noite.

Ele não fazia ideia, meu humor estava péssimo também e logo ele descobriria se insistisse em suas piadas matinais.

— Pedro, nem tente, suas gracinhas não irão funcionar.

Ele ergue as mãos em defesa.

— Filha, algo está te incomodando?

Olho para minha mãe, sério, minha vida esta toda de ponta cabeça, eu não tinha apenas um motivo, mas vários, eu só não havia contado ainda, tudo que eu e Drake conversamos, principalmente a sua ideia de me levar com Eva, para outro País. Eu aposto que eles, estariam surtando agora.

— O que há de errado, Mana, eu não entendo nada do que o bonitão fala, mas consigo ver o quanto ele gosta de você.

— É complicado, Pedro.

Meu irmão franze a testa.

— Ele quer que eu conte a Eva, mas fico sempre procrastinando.

— Isso é péssimo, sabe que geralmente é a mãe que cobra uma postura do pai, mas aqui, parece meio confuso.

— Eu sei, mas eu tô pensando na Eva, minha filha não pode perder o pai que nunca teve.

— Isso deveria ser uma escolha dela, Emanuelle, e o, cara, ele nunca soube da existência da Eva, penso que esta sendo egoísta.

Eu já ouvira isso de Drake, até mesmo visto em seus olhos, agora ouvir de Pedro, parecia ser doloroso.

— Eu tenho medo.

Minha mãe me olha, enquanto me serve uma fatia de bolo.

— Filha, está deixando que seu medo, tire o direito desse rapaz e da sua filha.

Esfrego minha testa, isso era realmente péssimo.

— Está sentindo medo, ou não confia nele?

A pergunta do meu irmão, me deixa sem reação.

— Emanuelle, você está punindo esse, cara, mas você mesmo disse, que ele não teve culpa, então sim, parece confuso, mas é você, certo?

Parece ridículo, mas era a primeira vez, que admitia isso em voz alta. Algo dentro de mim, inconscientemente, queria puni-lo, mesmo após saber que ele não tinha culpa, era mais forte do que eu.

— Não sei o que vocês conversaram, mas...

— Ele quer, que eu vá com ele, quer que nos mudemos para a Inglaterra.

Esperei em silêncio, mas nada foi dito, a cozinha permaneceu em silêncio por um longo tempo, até que minha mãe fala primeiro.

— Filha?

Ela segura minha mão, mas é difícil olhar em seus olhos, já que os meus ardem com as lágrimas que começam acumular.

— Mãe, eu não posso, disse a ele, não posso abandonar minha família.

A voz do meu irmão, finalmente soa.

— Você o ama?

Ergo meus olhos na direção do meu irmão.

— Eu sempre o amei, Pedro, mas tenho medo, da última vez que nos vimos, pareceu tudo tão surreal, rápido, logo depois ele simplesmente sumiu.

— Sabemos que essa parte, ele não teve culpa, certo?

— Eu sei, mas não vou, abandona-los.

Minha mãe aperta minha mão, chamando minha atenção.

— Filha, só porque mudará para outro lugar, não significa que estará abandonando sua família.

Limpo minhas lágrimas.

— Mas é assim, que me sinto.

Pedro se move, puxa uma cadeira e se senta a minha frente.

— Então, você não tem tanta convicção de seus sentimentos.

Eu protesto, porque se havia algo que arrancava meus sonhos, minha paz, era Drake.

— Eu não tenho dúvidas, em relação aos meus sentimentos.

Meu irmão cruza seus braços me observando. Eu odiava quando ele fazia isso, me sentia um de seus interrogados.

— Então, acho que sua dúvida é em relação aos sentimentos dele.

Deus, cada vez que eu tentava encontrar respostas, eu me via perdida e confusa.

— O fato aqui, não é esse, vocês ouviram quando disse que ele quer que mudemos para outro País?

— Ouvimos, filha, mas amar, ter uma vida, significa isso, ter que abrir mão do ninho e aprender a voar sozinha.

Uau, essa era mesmo, a minha família, será que eu havia me tornado uma pessoa tão complicada assim.

— E você, mamãe?

— Ainda estou aqui, maninha, a mamãe poderá ficar comigo e a Sintia.

Minha mãe torce o lábio.

— Não vou sair da minha casa, pelo amor de Deus, vocês dois, precisam aprender a viverem, não estou doente, trabalho e tenho sempre amigos por perto.

Ela lança um olhar de deboche para meu irmão.

— E, você, mocinho, está sempre aqui. Diariamente, então, como posso me sentir sozinha?

Consigo sorrir, pela primeira vez. Minha mãe volta sua atenção para mim.

— E, você, filha, sei que passou esses anos todos, pensando nesse rapaz, eu até entendo, afinal, ele é uma graça.

Sorrio quando minha mãe cora, parece que Drake tinha mesmo esse efeito devastador nas mulheres.

— Não deixe o tempo passar, seja sincera com sua filha e com ele.

Abro um sorriso, me sentindo mais leve. Eu era grata por ter uma família assim.

Mister PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora