Capítulo vinte e sete

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Drake...

Vê-la partir, sem um beijo ou aperta-la contra meus braços, foi a pior coisa. Agora estava de volta ao hospital frio, com cheiro de álcool. Meu pai ainda não deu sinal, minha mãe se recusa a deixa-lo. Eu tive que brigar com ela, por várias vezes para fazê-la se alimentar. Eu tinha sorte em poder contar com Jake, ele era como um irmão e estava sempre disposto a me ajudar. Contei a ele tudo que havia acontecido, era como ler em seus olhos, "Eu te avisei", claro que ele não disse nada, apenas me apoiou e se dispôs a correr logo atrás das provas para me livrar de Molly, então assim poderia voltar a respirar e se Emanuelle, me amasse o tanto que eu, entenderia isso e voltaria para mim.

— Você está com a cara péssima.

Minha cabeça doía tanto quanto meu corpo, não havia dormido e minha vida nunca esteve tão bagunçada como agora.

— Eu achei que estaria vivendo o sonho perfeito. Passei tanto tempo sonhando em encontrar Emanuelle, e agora nem sei se ela vai querer ficar na minha vida.

— Ela te ama cara, ninguém larga tudo e se muda para outro País, não, sem amor.

Encosto minha cabeça, na parede fria daquele hospital.

— Mas não confia em mim, como isso funciona, Jake?

— Conversando, convivendo e aprendendo. Olha, Drake, ninguém disse que relacionamento é fácil, altos e baixos, isso é inevitável.

Jake parecia ter vivido cem vidas, mas não tinha mais que três anos a mais que eu, contudo, sua percepção era algo surpreendente.

— Cara, eu juro que às vezes, te acho um desses senhores de cem anos, dentro desse corpo jovem.

Ele deixa uma risada escapar. As horas que Jake passava ali, sempre ajudava a aliviar a tensão, mas assim que ele saiu, minha mente começou a fadigar. Meu corpo doía e eu estava exausto de ficar naquele corredor de hospital. Segui em busca de um café expresso, forte e encorpado, só o aroma exalando, aguça meu paladar. Bastou um único gole, para sentir cada músculo do meu corpo despertar. Estava começando a relaxar, quando a presença de alguém fez meu corpo ficar tenso. Apertei minhas mãos com tanta força, que os nós de meus dedos ficaram brancos.

— O que você está fazendo aqui?

Ela se vira, bancando a ofendida, minha vontade é grudar no seu pescoço e apertar até, sufoca-la.

— Drake, eu vim dar meu apoio, porque tanta hostilidade?

Tenho vontade de revirar os olhos, mas preciso manter meus olhos sempre alertas com essa cobra por perto.

— Não preciso de você aqui, e aposto que minha mãe também não precisa. Caia fora.

Um sorriso peçonhento, surge em seus lábios.

— Você não pode impedir o Dean de ver o avô.

Vaca.

— Não é uma boa hora, meu pai ainda está adormecido.

Ela cruza seus braços, mantendo aquela pose carregada de superioridade.

— Eu odeio hospitais, tenho que admitir. Eu não voltarei num, tão cedo, ou melhor, nunca.

Franzi a testa em confusão, eu havia entendido mesmo isso. Se Molly tinha tanta certeza que não voltaria a um hospital, então provavelmente...
Um sorriso amplo, iluminou meu rosto, fazendo o rosto de Molly, se contorcer.

— Preciso ir.

Fiquei parado, vendo enquanto a vaca sai rebolando com pressa. Molly havia cometido um grande deslize e eu a peguei no pulo. De repente, me senti mais confiante.

                   ***********

Nos quatro dias que seguiram, não houve mais tentativa da parte de Molly, em fazer visitas, meu pai, finalmente deu sinal. Parece que as sequelas foram poucas, sua voz ainda estava arrastada e sua coordenação motora, foi pouco afetada. Precisaria de uma cadeira de rodas para se locomover. O médico explicou que a condição dele, podia ser melhorada com fisioterapia e alguns exercícios. Senti um alívio e voltei a respirar vendo minha mãe sorrir pela primeira vez em dias. Emanuelle havia mandado algumas mensagens e fotos de Eva, aquilo fazia meu peito doer, a, saudades era como um gigante, difícil de controlar quando despertado. Em meio a todo o caos dos últimos dias, minha vida finalmente entra nos trilhos. Jake havia conseguido provas, suficiente contra Molly e a última jogada, seria o grande ato, esse com toda certeza, não podia perder. Após a alta do meu pai, o levei até a sede, não houve provocação e aquele ar de soberbo parecia ter se perdido em algum momento. Talvez aquela história de ver a vida se passar diante de seus olhos, seja algo findável, meu pai parecia outra pessoa.

— Eu preciso encontrar Jake, temos algo importante para resolver, mas volto depois.

Ele assenti, mas não fala nada. Decido ser melhor assim, eu definitivamente não estava preparado para uma discussão, pelo menos, essa não.
Saio apressado ao encontro de Jake.

Ele estava me aguardando em frente a casa, a minha, que agora não fazia questão de voltar nem se houvesse possibilidade.

— Pronto para isso?

Abro um sorriso.

— Nunca estive tão certo de algo.

Ele assenti e caminha logo em seguida. Ao tocar a campainha, Molly não demora muito, ela abre um sorriso, mas logo desfaz ao notar Jake, ao meu lado.

— O que significa isso?

— Precisamos conversar, e de hoje não passa.

— E, precisa trazer ele. O que é isso, vou ser despejada?

Ela dispara com inúmeras perguntas, mas o foco aqui era totalmente diferente de tudo que estava sendo questionado por ela.

— Pare com seu drama, sabe que eu nunca faria isso, pelo menos, não pelo Dean.

Ela revira os olhos, e suspira com a mão sobre o peito, dramática, como sempre.

— Eu não faço ideia do que estão tramando, mas, não tenho para isso.

Ela tenta, passar por mim, mas, sou mais veloz, bloqueio sua passagem a encarando duramente.

— Sinto muito, mas você não tem escolha.

Ele franze a testa, seus olhos disparam vagando de um lado a outro.

— Que merda, pensa que estão fazendo?

Jake se manteve em silêncio, apenas observando.

— Eu vim até aqui, atrás de respostas, Molly. Para falar a verdade, uma, as outras obtive com sucesso.

Ela se finge de ofendida, isso funcionaria antes, porque a Molly, angelical, conseguiu me ludibriar por muito tempo, entretanto esse efeito, não surtiu como antes.

— Vocês estão tentando me coagir, é isso?

A voz de Dean, soa logo atrás de mim. Olho para Jake, e ele se move em direção a voz, antes que ele entre na sala, dando uma ótima desculpa para Molly.

— Drake, não faço ideia do que pretende, mas vou logo avisando...

Ergo a mão, acenando para que ela pare.

— Você vai fazer um exame de gravidez, agora.

Ela revira os olhos.

— Não seja ridículo, não vou até um hospital agora.

Curvo meu lábio num meio sorriso e retiro um teste do bolso da minha jaqueta.

— Sem problemas, podemos saciar minha curiosidade com esse teste de farmácia. Dizem serem 99,9% de eficácia, portanto, não custa nada.

Seu rosto fica pálido, sua postura se torna assustada.

— Não vou fazer isso.

— Se você quiser que eu realmente acredite que você, está grávida, é melhor fazer, ou não vou embora daqui.

— Isso é loucura!

— Molly, se você está grávida tenho o direito de saber, até porque, não tive o direito de escolher, quando você me drogava com aquela erva.

Seus olhos estavam arregalados, em pânico.

— Ou você faz, ou conte a verdade.

Ela parece surpresa.

— Que verdade?

Eu queria manter a calma, porém estava começando falhar miseravelmente.

— Você não está grávida, não é óbvio. Isso foi apenas mais um de seus delírios.

Ela começa a gaguejar, isso me dá munição para investir.

— Drake...Eu...

— Admita, vamos Molly, fale a porra da verdade, uma única vez nessa vida.

Ela baixa seu rosto.

— Eu fiz tudo por você, por nós, Drake.

— Fez? Você é louca. Tudo que fez foi me apunhalar pelas costas. Você baixou todos os níveis de uma pessoa saudavelmente mental.

E, lá estavam as lágrimas, nada daquilo faria eu me render a seus dramas estrategicamente.

— Você destruiu a vida do meu irmão, brincou com todos e acha essas lágrimas, serão o suficiente para me enganar. Isso não funciona mais, Molly.

— Você vai nos deixar.

— Não existe "nós", Molly, entenda isso de uma vez por todas. O único vínculo entre você e minha família, é o Dean, e ele sempre poderá contar comigo, sempre.

Ela funga, enfim parece entender que não há nada que possa usar contra mim, mesmo Dean, se ela ousar pensar nisso, eu teria que usar todas as provas contra ela.

— Continuarei pegando o Dean, nos dias marcados, podem continuarem na casa e sempre terá minha ajuda.

Enfim, ela não contesta, apenas concorda com um menear de cabeça. Ela não tinha escolha, sabia haver perdido a batalha.

Mister PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora