Capítulo sete

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Drake...

É assustador, mesmo não conseguindo dizer em palavras, eu sabia o que estava sentindo. Fiquei acordado, apreciando seu lindo corpo, ela está debruçada, seus braços encolhidos próximo ao seu lindo rosto, que estava coberto por parte de seu emaranhado de cabelos ruivos. Era loucura, mas era real, senti que naquele momento, minha busca havia chegado ao fim.
O cansaço finalmente venceu, me fazendo adormecer, mas para minha surpresa, fui desperto com um beijo casto.

— Tenha um bom dia.

Ela sussurra colada aos meus lábios, não consigo disfarçar meu sorriso.

— Até mais tarde, linda.

Eu estava embriagado pelo êxtase, tudo que estava sentindo graças a ela. Voltou a adormecer até a hora de começar meu período no bar.
Me movo, abrindo os olhos preguiçosamente, eu podia sentir sua fragrância doce, exalando pelo ar.
Disposto e com um sorriso bobo, me levanto, corro para o banho, deixando a água deslizar, massageando cada músculo do meu corpo. Quando termino, estou em volto por uma camada espessa de vapor, enrolo uma toalha em volta do meu quadril e saio. Estou terminando de secar meus cabelos, quando meus olhos seguem até meu aparelho de celular, eu havia desligado, estava puto com Drew, ele havia passado o telefone ao nosso pai. Sem conseguir esperar mais, eu pego e ligo o aparelho, precisava dá, um esporro no meu irmãozinho e agora estava com tempo. Assim que a tela se ilumina, meus olhos se arregalam, havia muitas chamadas perdidas de Drew, vejo que a última tentativa, foi hoje, há dez minutos.
Aperto discar, para minha surpresa atende no segundo toque.

— Drew, você sabe que estou puto com você...

Paro de falar assim que ouço um choro, meu corpo fica tenso.

— Mãe?!

Mais choro, aumentando meu pânico.

— Mãe, cadê o Drew?

Ouço ela fungar.

— Filho, você precisa voltar...

— Mãe, o que esta acontecendo?

Mais choro, e eu já estava caminhando de um lado a outro.

— Filho, seu irmão, ele...

O ar fora sugado de mim, minha visão escurece, meus movimentos paralisam.

— Drew, sofreu um acidente, os médicos tentaram de tudo, mas...

Caio de joelhos, sem conseguir respirar.

— Vem logo, filho, não há muito tempo.

As palavras, ficaram cravadas no meu peito, conforme eu apertava o celular.

"Não há muito tempo "

Isso devia ser um exagero, só podia, eles queriam garantir meu retorno, tinha que ser, então, por que não consigo respirar, nem me mover. Não me lembro de encerrar a ligação, nem de tentar respirar por um longo tempo. As palavras continuaram girando na minha cabeça, afundando mais aquele punhal no peito.

"Não há muito tempo "

Com uma rapidez que não conseguia entender, arrumei todas as minhas coisas, coloquei minha roupa e liguei para o número, onde meu irmão sempre atendia.

— Filho?

Era meu pai, quem atendia agora.

— Cadê a mamãe?

— Tomou um calmante.

— Se isso for uma armadilha para me fazer voltar, é melhor dizer logo.

Ouço um suspirar longo.

— É disso que você pensa que se trata, você, Drake?

Ele só podia esta de sacanagem, eu o conhecia, sabia de seus meios.

— Eu o conheço, pai.

— Você é mesmo um egoísta, deixou tudo para trás, nas costas do seu irmão, que agora esta na cama de um hospital, então pensa que tem o direito de me julgar.

— Então é verdade, como?

— Ele perdeu o controle de um maquinário...

A voz do meu pai falha, eu quero que seja uma mentira cruel, mas a dor na sua voz, não me dá esperanças.

— Preciso de um "upgrade", para agora, estou indo.

Ele concorda, desligo olhando tudo a minha volta, a lembrança de Emanuelle, precisava deixar um recado.

Arrumei minhas coisas e corri até o bar, tive que explicar tudo para Rupert, tudo sobre minha vida que andei fingindo não ser, implorei para que se a visse, lhe desse meu recado, eu não tinha um minuto a perder, precisava embarcar e ver meu irmão.

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Inglaterra...

Eu estava parado, diante do corpo do meu irmão ligado a muitos fios, seu peito não se movia, porque era uma maldita maquina bombear o ar para seus pulmões. Ali, diante do meu irmão pálido, senti um nó estrangular em volta da minha garganta. Drew era tão jovem, não deveria tomar toda responsabilidade para si, contudo o fez quando fugi daqui, meses atrás. Eu estava lá, vivendo, me divertindo, enquanto meu irmãozinho, estava aqui.

— Me perdoe, Drew, a culpa é toda minha.

As lágrimas me sufocam, enquanto tento falar. Toquei seu rosto, estava gelado.

— Ei, cara, pode levantar agora, estou aqui, vim cuidar de você.

Não havia respostas, nem movimento, apenas o som daquela máquina ecoando pelo quarto. Me afundei nas lágrimas, ao lado da cama de Drew, sei que deveria esperar um milagre, mas sabia que não havia mais nada, meu irmão era somente uma carcaça sobre aquele leito.
Fiquei por horas ali, minha mãe estava parada ao meu lado, estava pálida e magra, a dor havia consumido parte da sua beleza. Ela tocou em meu rosto, seus olhos, marcados por sombras.

— Filho, senti saudades.

Fico de pé e a envolvo num abraço.

— Eu sinto muito mamãe, sinto muito.

As lágrimas estavam lá, me fazendo afogar, enquanto a culpa me consumia.

— Eu devia está aqui...

Minha mãe nota onde meu desespero quer chegar, ela se afasta e segura meu rosto.

— Isso não é culpa sua, Drake, você sabe que seu irmão, sempre amou o trabalho.

Isso deveria me confortar, no entanto, o efeito foi devastador, me fazendo ver, o quanto fui omisso, não me importando com o trabalho na fazenda, tudo que eu me importei, foi no que eu desejava, então fugi, deixando a responsabilidade para meu único irmão. Eu nunca perguntei o que ele queria, como se sentia, mesmo nas ligações onde ele tentava me fazer entender, eu acabava irritado e encerrava a ligação.

— Sou um egoísta.

Digo em voz alta, a verdade crua.

— Drake!

— Essa é a única verdade, mãe.

— Filho, não faça isso, seu irmão não iria gostar de vê-lo assim.

Volto meus olhos para Drew, meu irmão era somente uma sombra do, cara feliz, cheio de vida, mas agora, o que aconteceria.

— Tem certeza, que ele não vai acordar e gritar que não passa de uma pegadinha?

Ouço um soluço abafado, não preciso olhar para minha mãe, sabia da resposta.

— Quanto tempo?

Minha voz parece rasgar, conforme falo.

— Amanhã, as 17:00, os médicos se reunirá, eu tentei a todo modo, mas não há com que lutar Drake, seu irmão, não esta mais aqui, não por inteiro.

Ouço cada palavra, sentindo o amargor consumindo minha dor. Não havia nada, somente a espera final, onde o aparelho com barulho ensurdecedor, silenciaria levando de vez, qualquer vestígio de vida.

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Mister PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora